Apple finaliza compra da divisão de modems da Intel

Divisão de modems da Intel custou US$ 1 bilhão à Apple

Emerson Alecrim
• Atualizado há 11 meses

A Apple anunciou a compra da divisão de modems da Intel em julho. Nesta segunda-feira (2), o negócio foi finalizado oficialmente: a partir de agora, a companhia de Cupertino passa a ser dona de tecnologia, propriedade intelectual e equipamentos da Intel relacionados a modems para smartphones e afins.

O negócio custou à Apple cerca de US$ 1 bilhão, mas o valor é pequeno frente aos benefícios que a companhia poderá alcançar: ao ter uma divisão própria focada em desenvolvimento de chips para comunicação móvel, a companhia diminui a sua dependência de soluções de terceiros — ou, para ser mais direto, precisa recorrer menos à Qualcomm.

Para a Intel, manter a divisão não fazia mais sentido. Quando Apple e Qualcomm fecharam um acordo para botar fim às disputas judiciais que travavam, as duas empresas voltaram a fechar contratos para fornecimento de chips. Esse movimento tirou a Intel do jogo: a Apple era a única cliente que fazia a sua divisão de modems móveis ser viável.

Encurralada, a Intel se viu obrigada a abandonar esse mercado. Pouco tempo depois, a companhia concordou em vender a sua divisão de modems para a Apple.

Mas o montante de US$ 1 bilhão obtido aparenta ser, quando muito, um prêmio de consolação. Isso porque a Intel dá a entender que investiu vários bilhões de dólares no desenvolvimento de chips na divisão vendida à Apple.

Se foi assim, não seria o caso de manter a divisão e buscar uma nova clientela? Talvez. Mas, em nota, a Intel afirma que foi obrigada a fazer a venda por conta de estratégias da Qualcomm que considera anticompetitivas.

Ainda de acordo com a Intel, uma dessas estratégias consistia em uma cobrança desproporcional de patentes: a Qualcomm detém uma parcela importantíssima de propriedade intelectual relacionada ao desenvolvimento de chips para redes móveis, mas cobrava valores tão altos de royalties que os modems da Intel acabavam custando o dobro do preço praticado pela rival. Aí não tem negócio que resista.

Atualmente, as supostas ações anticompetitivas da Qualcomm estão sendo analisadas em um processo antitruste movido pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês).

Com informações: Reuters.

Relacionados

Escrito por

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.