Apple pode liberar loja de terceiros e sideload no iPhone a partir de 2023

Mudança de política da Apple está relacionado a nova legislação da União Europeia; instalação também permitirá sideload em dispositivos mobile da empresa

Felipe Freitas
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• Atualizado há 6 meses
App Store no iPhone (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
App Store no iPhone (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Elon Musk, Spotify, Epic e Telegram, fiquem atentos! De acordo com Mark Gurman, um dos principais especialistas em Apple da imprensa, afirma que a empresa mudará a sua política de restrição a lojas de apps de terceiros. A partir de 2024, seguindo a legislação da União Europeia (UE), usuários iPhones e iPads poderão baixar outras lojas além da App Store — mas a Apple pode liberar a novidade no ano que vem.

A informação, divulgada primeiramente na Bloomberg por “fontes ligadas ao assunto”, chamado também de “funcionário falando sob condição de anonimato”, revela ainda que os usuários também poderão instalar aplicativos em sideload — método de baixar apps pelo PC ou outra forma para realizar a instalação manualmente no dispositivo.

Apple terá que se adequar à legislação da União Europeia até 2024

No comunicado à imprensa, a União Europeia divulga que as empresas tem até 6 de março de 2024 para seguir a Lei de Mercados Digitais (DMA na sigla em inglês), na qual companhias que atuam como plataformas digitais terão que garantir o “mercado aberto” em seus sistemas.

O termo usado pela UE para se referir a essas empresas é “gatekeeper”, guardião do portão na tradução livre. A palavra define todas as companhias digitais que fornecem um produto que atua como intermediário (um portão) entre consumidores e serviços. E esse papel de guardião do portão é capaz de, nas palavras da União Europeia, “agir como um legislador privado”, criando um filtro na economia digital — e, de fato, violando políticas de competição justa.

Apple iPhone SE (2022) (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Instalar um app baixado fora da App Store pode ser uma possibilidade já em 2023 (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

As fontes do Bloomberg revelaram que a Apple está estudando maneiras de criar requisitos de seguranças para verificar aplicativos baixados em lojas de terceiros ou por sideloading — há inclusive a possibilidade de cobrar para o usuário fazer isso, o que não violaria a DMA. A previsão é que o iOS 17, que será lançado em 2023, estreie essa novidade, porém lojas de terceiros e sideloading só ficarão disponível na Europa,

Entretanto, a Lei fará com que todos esses gatekeepers permitam que os desenvolvedores utilizem métodos de pagamento de terceiros, não sendo mais obrigados a usar o sistema de cobrança da Apple. Isso soa como música para o Spotify, Elon Musk, Telegram e, principalmente, a Epic Games — “pioneira” em brigar com a Apple por causa da comissão de 30%.

E mais uma coisa: pela DMA, é obrigado que o iMessage seja comunicável com outros serviços.

Apple está aprendendo que o dono do palco escolhe a música

Tim Cook, CEO da Apple
Tim Cook na conferência WWDC 2022 (Imagem: Divulgação / Apple)

Desde que a App Store surgiu, lá em 2008, a regra é clara: quer baixar algo no iPhone? Baixe da App Store e siga todas as nossas regras. Quer disponibilizar o seu app para usuários de iPhone? Use a App Store e pague a comissão de 30% (15% se faturar até US$ 1 milhão no ano) por cada venda in-app.

O caso é uma bela definição do ditado “quem paga a banda escolhe a música” — afinal, a Apple é o intermediário entre o desenvolvedor e um mercado com mais de 1 bilhão de usuários. Se o dev não concordar, seu app só fica disponível no Android ou web.

Mas agora a Apple está sentindo um pouco do “próprio veneno”. A União Europa já obrigou que a empresa adote o padrão USB-C, agora o bloco fará com que a Apple mude o iOS para que lojas de terceiros e sideloading sejam liberados.

Com a União Europeia, a Apple vê que ela pode servir de portão para devs mostrarem o seu produto para 1,2 bilhões de usuários. Porém, no cenário global, é ela quem depende das legislações de nações soberanas para ter mercado — e a União Europeia tem uma população de quase 448 milhões de habitantes. Dessa população, por volta de 34% usam iPhones. A Apple pode escolher a banda, mas quem manda na casa é a UE.

Com informações: The Verge e Bloomberg

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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