Anunciado no começo do mês, o Windows 10 S é a aposta da Microsoft para enfrentar os Chromebooks (pelo menos nos Estados Unidos). Mas as políticas da Microsoft referentes aos aplicativos que podem rodar na plataforma são bastante rígidas e, por conta disso, justamente o navegador do Google poderá ficar de fora da Loja do Windows.
Com o Windows 10 S, a Microsoft espera ampliar a base de usuários do seu ecossistema. O alvo principal são os estudantes: nos Estados Unidos, os Chromebooks ganharam bastante popularidade nas escolas por terem custo baixo e facilidade de gerenciamento.
O plano da companhia é oferecer o mesmo tipo de conveniência entregue pelos Chromebooks, mas com um cuidado maior com a segurança e o desempenho. É por essa razão que o sistema só roda apps baixados da Loja do Windows. Eles podem ser universais (UWP) ou Win32 — neste caso, é necessário fazer a portabilidade para a loja com a ferramenta Ponte de Desktop (antigo Project Centennial).
É aqui que a situação começa a complicar para o Chrome. De acordo com o ZDNet, as mais recentes políticas da Loja do Windows trouxeram uma restrição que, muito provavelmente, vai impedir o navegador do Google de ser disponibilizado ali. Na prática, isso significa que não haverá Chrome para Windows 10 S.
A política de número 10.2 diz que o aplicativo não pode comprometer a segurança do sistema ou o funcionamento do dispositivo. Vinculada a esta, como a numeração indica, está a política 10.2.1, que determina que aplicativos para navegação na internet devem usar motores para HTML e JavaScript da própria plataforma do Windows.
Bom, o Chrome tem seus próprios motores. Se o Google quiser levar o navegador para o Windows 10 S, usar uma ferramenta de portabilidade não será suficiente: a empresa terá que desenvolver uma versão específica para o sistema operacional praticamente do zero e que contemple os tais motores.
Como essa política é recente, uma pergunta vem logo à mente: será que, no fundo, essa não é uma manobra da Microsoft para deixar o Edge reinar soberano na plataforma?
Um representante da companhia afirmou que a preocupação é mesmo com a segurança. Segundo nota enviada ao ZDNet, todo o conteúdo da Loja do Windows está certificado pela Microsoft para garantir experiências positivas e segurança. Nesse sentido, um navegador — qualquer um, não só o Chrome — precisa corresponder às condições da plataforma para ser aprovado
Há mesmo um cuidado especial, digamos assim, com os navegadores: em fevereiro, um desenvolvedor chegou a converter um browser próprio baseado no Chromium e o enviou para aprovação da Microsoft, mas o aplicativo foi rejeitado.
Pelo menos a companhia deu uma explicação clara: os navegadores disponibilizados na Loja do Windows só podem ser classificados como seguros se forem apps universais autênticos, ou seja, se rodarem em uma sandbox isolada do sistema operacional. No entanto, apps convertidos, mas não adaptados podem ter capacidade de executar certas operações fora da sandbox, abrindo espaço para atividades maliciosas.
Somente converter o aplicativo não basta, portanto. É necessário fazer o software respeitar todas as regras. O Google não se pronunciou sobre o assunto, então ainda há a possibilidade de a empresa lançar uma versão do Chrome que use os motores de HTML e JavaScript da plataforma.
Mas é pouco provável: como não existe nada indicando que o Windows 10 S será um grande sucesso, a empresa pode acreditar simplesmente que o esforço não vale a pena.