Ex-funcionária da Apple abre queixa e acusa empresa de retaliação

Gerente de programa foi demitida da Apple após iniciar movimento de funcionários por melhores condições de trabalho e criticar ambiente da empresa

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado há 1 ano

Janneke Parrish entrou com uma queixa contra a Apple na agência norte-americana que fiscaliza questões trabalhistas. A então funcionária foi demitida depois de tentar exigir melhores condições e denunciar casos de assédio e discriminação. Ela considera que houve uma retaliação por parte da companhia.

A agência de notícias Reuters teve acesso a alguns dos documentos enviados à National Labor Relations Board (NLRB), órgão do governo dos EUA responsável por investigar e punir empresas que desrespeitam legislações trabalhistas.

Neles, Parrish, que era gerente de programas, alega que a companhia a desligou para bloquear sua iniciativa de se organizar com seus colegas. A ex-funcionária critica o tratamento dado pela Apple a questões como inclusão de pessoas com deficiência, desigualdade nos salários, sexismo e saúde mental dos trabalhadores.

Em uma entrevista, a ex-gerente de programa diz que a Apple a acusou de apagar dados enquanto estava sob investigação por vazamento. Ela afirma ter deletado apenas aplicativos com informações pessoais antes de entregar os aparelhos à companhia para averiguação.

Campus "Infinite Loop" da Apple, em Cupertino, na Califórnia (Imagem: Carles Rabada/Unsplash)
Campus “Infinite Loop” da Apple, em Cupertino, na Califórnia (Imagem: Carles Rabada/Unsplash)

Funcionários da Apple fazem hashtag e boletim

O movimento por melhores condições vai além desse episódio: nos últimos meses, outros funcionários usaram a hashtag #AppleToo para compartilhar suas experiências de assédio e discriminação. Parrish também lançou um boletim semanal sobre o assunto com este nome, que se tornou diário após sua demissão. A página contém, inclusive, alusão ao clássico slogan da marca: “É hora de pensar diferente”.

Outros dois trabalhadores da Apple entraram com queixas contra a companhia na NLRB em setembro. Eles acusam a companhia de retaliar e impedir discussões sobre salários entre os empregados — a agência governamental proíbe que as empresas tenham essa conduta desde 2014, quando o então presidente Barack Obama editou uma ordem executiva sobre esse assunto.

Procurada pela Reuters, a Apple disse que não comenta casos individuais e está “profundamente comprometida com criar e manter um ambiente de trabalho positivo e inclusive”, além de levar “todas as reclamações” dos funcionários a sério.

Com informações: Reuters.

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Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.