Facebook derruba extensão que dá unfollow em todos os amigos de uma só vez

Desenvolvedor criou ferramenta Unfollow Everything para que usuários deixassem de seguir todos os contatos e páginas do Facebook

Pedro Knoth
• Atualizado há 3 anos

Foi uma semana conturbada para o Facebook. Não bastasse o apagão de segunda-feira e o depoimento da ex-funcionária Frances Haugen ao Senado americano, a empresa decidiu banir permanentemente um desenvolvedor que criou uma extensão do Google Chrome chamada Unfollow Everything. Como diz o nome, ela permite que o usuário apague todas as amizades e páginas que acompanha, limpando o feed de notícias e driblando o algoritmo da rede social.

Extensão limpa feed do Facebook, vital ao algoritmo

O criador de Unfollow Everything é o desenvolvedor Louis Barclay. A extensão faz com que o usuário delete todas as suas conexões do Facebook, incluindo páginas que segue. Com isso, o feed de notícias vira uma página em branco, sendo possível reformular o que é visto na rede social.

O Facebook dá a opção de deixar de seguir amigos ou páginas individualmente, sem que ele perca totalmente suas configurações de feed.

Por criar a extensão, Barclay recebeu uma carta de advertência da rede social, na qual estava escrito que sua ferramenta “automatizava interações entre usuários”, o que viola os termos de conduta da plataforma.

A companhia também informou que tinha desativado as contas de Instagram e Facebook do desenvolvedor de Unfollow Everything, e pediu para que Barclay encerrasse sua extensão para Chrome. Além disso, consta na carta que, caso o usuário tente acessar perfis em seu nome, o Facebook irá adotar medidas cabíveis para impedir o que chamou de “violação à sua rede protegida de computadores”.

Louis Barclay comenta que a Unfollow Everything está sendo usada em pesquisas acadêmicas na Universidade de Neuchâtel, na Suíça, onde pesquisadores estão avaliando os efeitos que o feed de notícias causa na felicidade dos usuários. Mesmo assim, o dev diz que não consegue bater de frente com uma companhia trilionária como o Facebook — que entrou em junho para o seleto clube de empresas que valem US$ 1 trilhão — e por isso vai deletar a extensão.

“Parecia um milagre”, diz criador de extensão

Barclay conta como se sentiu quando simplesmente apagou seu feed de notícias (que sabor):

Eu ainda lembro a sensação de deixar de seguir tudo pela primeira vez. Parecia um milagre. Eu não tinha perdido nada, já que podia conferir as páginas pessoais de meus amigos diretamente. Mas eu ganhei um controle estarrecedor. Eu não estava mais tentado a arrastar o dedo para ver um feed de conteúdo infinito. O tempo que eu comecei a passar no Facebook caiu vertiginosamente. Da noite para o dia, meu vício na rede social se tornou controlável.

Nessa semana, ficou claro como o Facebook gosta de estar no controle de suas interações com usuários: na terça-feira (5), a ex-gerente de produtos da empresa Frances Haugen contou ao Senado americano que a rede social prioriza o lucro acima da segurança dos perfis que abriga. Ela ainda disse que o Facebook é uma ameaça à democracia e à segurança nacional.

Haugen colaborou com o Wall Street Journal em uma série de reportagens, vazando documentos internos da ex-firma que apontam a busca insaciável pelo lucro. Em um deles, o Facebook reconheceu o impacto negativo do Instagram para a imagem de garotas adolescentes, mas não fez nada em resposta. Na verdade, o app de vídeos e fotos queria lançar sua própria versão para crianças, o Instagram Kids; o projeto foi descontinuado após a revelação de Haugen.

A resposta do Facebook ao depoimento foi de que Haugen não tinha contato com os executivos da empresa.

Comparado aos relatos de Haugen, o caso do criador da Unfollow Everything é mais leve. Obviamente o Facebook não quer uma ferramenta que limpa o feed de notícias, vital para que usuários continuem retornando em busca de atualizações. A maior parte da receita da rede social vem de anúncios personalizados.

Com informações: The Verge

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.