iPhone SE de R$ 3.500 é “humilhação”, diz procurador da República

Procuradores com salário de R$ 33,6 mil chamam iPhone SE 2020 de "esmola"; celular da Apple tem design do iPhone 8

Felipe Ventura
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• Atualizado há 11 meses
Novo iPhone SE (Imagem: Divulgação / Apple)
Novo iPhone SE (Imagem: Divulgação / Apple)

O novo iPhone SE foi lançado no ano passado com melhorias no hardware e design do iPhone 8. Procuradores da República chamaram o aparelho da Apple de “esmola” e “humilhação” por ser oferecido como celular funcional pelo MPF (Ministério Público Federal) – mesmo que um dos funcionários tenha recebido R$ 69 mil só em janeiro deste ano.

A Folha explica que a PGR (Procuradoria Geral da República) tem um contrato com a Claro para fornecer linhas de celular e celulares em regime de comodato – ou seja, que devem ser devolvidos no final do contrato de 30 meses.

A linha é pós-paga e tem custo mensal de R$ 219,90 para os cofres públicos; ela é oferecida para 1.200 procuradores e 650 servidores comissionados. Há também a opção de receber um iPhone SE – que atualmente custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil – como celular funcional.

Procurador diz que iPhone SE é “esmola”

O procurador da República Marco Tulio Lustosa Caminha, que trabalha no Piauí, fez duras críticas ao secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR, Darlan Airton Dias, por ter fechado esse contrato.

“Você acha mesmo que depois de mais de três anos com um iPhone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais outros 30 meses um iPhone SE?? Acho que ninguém aqui é moleque, Darlan!!”, escreveu Carminha no início de fevereiro, em uma rede interna usada por procuradores.

Ele diz que isso é um “insulto” e uma “esmola”, porque 40% de seu trabalho é feito pelo celular. “Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia… Que bagunça é essa?? Estão querendo nos humilhar??!! Não aceito humilhação, Darlan”, reclama Carminha.

O procurador teve recebimentos de R$ 69 mil em janeiro, segundo a Procuradoria no Piauí – a Folha havia calculado R$ 102 mil – que incluem remuneração básica, 13º salário, um terço de férias e verbas indenizatórias.

PGR defende iPhone SE

Novo iPhone SE (Imagem: Apple)
Novo iPhone SE (Imagem: Apple)

A procuradora Ana Paula Ribeiro Rodrigues, que atua no Rio, concordou. Ela questiona “O QUE ACONTECEU COM ESSA INSTITUIÇÃO”, para logo concluir que a PGR “morreu, acabou, resta-nos agir como burocratas e ir levando e, quem pode, vai se virando ou cai fora”.

Rodrigues se queixa da atual “situação de penúria, em que a gente fica desesperado atrás de acumulações para poder complementar o salário; isso para os ‘privilegiados’ que conseguem chances de acumular”. Ela recebe gratificações por acumulações de até R$ 7,4 mil por mês, além do salário de R$ 33,6 mil.

Em nota, a PGR defende o contrato que distribui o iPhone SE:

Trata-se de um modelo intermediário, que atende às necessidades a um custo adequado para a administração, possui sistema operacional reconhecidamente mais seguro, há uma cultura de uso na instituição e tem compatibilidade com outro equipamento (iPad) fornecido pelo MPF.

Vale lembrar que todo integrante do MPF tem direito a um tablet – no caso, o iPad – e a um notebook no valor de R$ 4.500.

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Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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