Plano da Americanas prevê aporte de R$ 10 bilhões e pagamentos até 2043

Americanas envia documento no limite do prazo legal e detalha como pretende pagar dívidas; marcas e até um jatinho corporativo devem ser vendidos

Giovanni Santa Rosa
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App da Americanas na tela do celular (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)
App da Americanas na tela do celular (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

Pouco mais de dois meses após ter revelado um rombo bilionário em seus balanços financeiros, a Americanas apresentou nesta segunda-feira (20) seu plano de recuperação judicial. Os principais sócios da empresa vão colocar R$ 10 bilhões na empresa, enquanto marcas e até um avião corporativo devem ser vendidos. Para quem não aceitar os termos, as dívidas serão pagas até 2043.

O plano faz parte do pedido de recuperação judicial, apresentado em 19 de fevereiro. O documento foi entregue na noite de segunda (20), no limite do prazo legal.

O trio de acionistas de referência da empresa — Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira — deve fazer um aporte de R$ 10 bilhões.

Isso seria feito por meio de um empréstimo DIP (debtor-in-possession, ou “devedor em posse”) e serviria para financiar despesas operacionais, como fornecedores e salários.

Esse empréstimo é remunerado — no caso da Americanas, o pagamento médio deverá ser de 128% do CDI. Isso pode ser convertido em ações.

Outras fontes de receita são a emissão de debêntures simples (títulos de dívida) no valor de R$ 5,9 bilhões. A empresa também quer emitir debêntures conversíveis em ações.

Americanas emitirá títulos e fará vendas

A Americanas espera receber R$ 2 bilhões em recursos da venda de propriedades.

Entre elas, estão o Hortifruti Natural da Terra, a participação na Uni.Co — dona das marcas Imaginarium e Puket, entre outras — e na Vem Conveniência — parceria com a Vibra para as lojas BR Mania e Local Americanas.

Outra venda prevista é de um jatinho corporativo, no valor estimado de R$ 40 milhões.

Com relação às dívidas, a Americanas deu prioridade a credores trabalhistas, microempresas e pequenas empresas, que possuem as dívidas de menor valor. Nesses casos, o pagamento deve ser feito em até 30 dias após a homologação do plano.

Já grandes empresas e bancos têm diversos prazos de pagamento. Quem não aceitar as alternativas propostas no plano pode receber ter que esperar até março de 2043 para receber tudo a que tem direito.

Ao todo, as dívidas da Americanas passam dos R$ 40 bilhões. Bancos e fabricantes de eletrônicos estão entre os principais credores, mas a lista inclui todo tipo de empresa.

Novo CEO diz que plano não vai surpreender credores

Para Leonardo Coelho, CEO da empresa, diz que nada do que foi apresentado é novidade para os fornecedores ou empresas financeiras.

Coelho assumiu a empresa após a saída de Sergio Rial, que ficou dez dias no cargo em janeiro e deixou a companhia após revelar o rombo nos balanços financeiros.

O novo CEO também prevê que o plano terá mudanças após discussões com credores. Ele adianta que um ponto de discordância é o valor do aporte. Inicialmente, o valor proposto pela Americanas era de R$ 2 bilhões, mas chegou aos R$ 10 bilhões apresentados. Os credores querem, no mínimo, R$ 14 bilhões.

Com informações: G1, Folha de S.Paulo 1, 2.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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