Rússia faz teste para desplugar sua rede do resto da internet
Roskomnadzor, órgão regulador de telecomunicação da Rússia, confirmou teste que visa avaliar capacidade da infraestrutura de rede para internet nacional
Roskomnadzor, órgão regulador de telecomunicação da Rússia, confirmou teste que visa avaliar capacidade da infraestrutura de rede para internet nacional
A Rússia deu mais um passo para ter a sua própria rede de internet independente da rede global. Segundo a própria Roskomnadzor, órgão de telecomunicações da Rússia, moradores das repúblicas autônomas do Daguestão, Chechênia e Inguchétia ficaram sem acesso à internet no dia 6 de dezembro. A desconexão foi um teste para avaliar a capacidade da infraestrutura no caso da Rússia se desconectar da internet global.
A ONG Roskomsvoboda, que defende a proteção dos direitos digitais e uma internet livre na Rússia, disse ao TechRadar que mesmo com o uso do VPN o acesso a sites estrangeiros foi impossibilitado. Apenas alguns serviços de VPNs foram capazes de burlar a desconexão das repúblicas autônomas da rede global.
A Rússia, uma ditadura, busca uma “internet nacional” para ter mais controle sobre os serviços e informações compartilhadas na sua rede — na prática, aplicar uma maior censura e perseguir opositores. Ao desconectar a população da rede global, o governo de Putin também visa impedir o acesso à informação de jornais independentes.
Com o início da guerra contra a Ucrânia, algumas mídias independentes, como a Meduza, e contrários à ditadura, como o Novaya Gazeta, saíram da Rússia para evitar a perseguição contra seus jornalistas e o bloqueio completo de seus sites. Os jornais são bloqueados na Rússia, mas podem ser acessados por VPN.
A melhor maneira para cortar completamente o acesso aos sites de opositores e fontes externas é separar a sua infraestrutura de internet do resto do mundo. O termo para isso é splinternet, uma mistura das palavras “split” (dividir) e internet. A Rússia também tem uma forte legislação contra o uso de VPNs pela população.
A Chechênia, Daguestão e Inguchétia são repúblicas autônomas da Rússia de maioria islâmica. Em setembro de 2022, o Daguestão foi palco de um protesto contra uma nova rodada de alistamento forçado na Rússia. Segundo apurou a BBC Rússia, daguestanis estão entre as etnias que mais morreram na guerra contra a Ucrânia.
Durante as 24 horas de teste, não foi possível acessar os serviços estrangeiros como o Google, WhatsApp e Telegram. Na Rússia, o uso de canais do Telegram é um dos principais meios de divulgação de notícias, com vários blogs usando o meio para divulgar informações preliminares sobre a guerra.
Com informações: PC Mag, TechRadar e Institute for the Study of War