Telegram pode ser banido na Alemanha (e no Brasil) por não responder a governos

Extremistas usam Telegram para planejar ações violentas na Alemanha, incluindo tentativa de assassinato de político; TSE estuda bloqueio no Brasil antes das eleições

Leandro Kovacs
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O governo da Alemanha acusa o Telegram de ter sido o fio condutor de ações violentas no país; a Justiça local vem notificando o aplicativo, mas não obteve resposta. O Brasil está com um problema semelhante: o TSE tenta combater fake news antes das eleições, e esse tipo de conteúdo vem se alastrando no mensageiro – mas a companhia não dá retorno. Em ambos os casos, o app corre risco de ser bloqueado.

O governo alemão identificou um crescente movimento de grupos extremistas utilizando o Telegram. Anti-vaxxers (pessoas contrárias a vacinas) e membros da extrema-direita se reúnem nos grupos do aplicativo, inclusive para planejar manifestações violentas contra as medidas restritivas no combate à COVID-19.

Como exemplo, houve um plano para assassinar o primeiro-ministro da Saxônia, Michael Kretschmer, em retaliação contra as restrições impostas na pandemia. A polícia alemã identificou os responsáveis após fazer uma busca em cinco imóveis ligados a membros de um grupo do Telegram.

O gerente de pesquisa do Institute for Strategic Dialogue (ISD), Jakob Guhl, diz em entrevista à Wired que grupos da extrema-direita explodiram na Alemanha durante a pandemia. Antes, eles conseguiam no máximo 40 mil inscritos; agora, alguns deles ultrapassam 200 mil usuários.

Esse crescimento vem, em parte, dos anti-vaxxers: eles levantam a teoria da conspiração de que o coronavírus é um pretexto para instalar um Estado autoritário, inclusive, inflamando a violência contra políticos.

Jakob Guhl diz:

“Fui pego de surpresa com a rapidez em que as pessoas que não estavam envolvidas anteriormente em movimentos ideológicos foram radicalizadas, e em como os apelos à violência são extremos e frequentes.”

Para o governo alemão, a liberdade de expressão não é irrestrita: leis sobre o tema já vêm sendo aprovadas e cumpridas pela maioria das redes sociais. Desde 2018, a Alemanha tem a NetzDG, ou Lei Aplicável a Redes, que leva as proibições de discursos e símbolos ilegais também para o ambiente online.

A falta de resposta e auxílio nas investigações por parte do Telegram incomoda o governo alemão, que estuda uma medida para bloquear o uso do app no país. Mesmo com as ameaças, o Telegram continua a não se manifestar.

Telegram corre risco de bloqueio no Brasil

Em território brasileiro, o problema é semelhante. Investigações apontam uma suposta rede de fake news orquestrada para manipular as eleições e a opinião de apoiadores do atual presidente, Jair Bolsonaro. O TSE cogita o bloqueio do Telegram no país para impedir interferências no processo eleitoral de 2022.

O Telegram é uma das principais ferramentas de Bolsonaro para se conectar com seus apoiadores, e um bloqueio poucos meses antes da eleição poderia trazer consequências para a campanha.

Dado que o Telegram não tem representação no Brasil, ele não pode receber notificações judiciais no país. Já se tentou contato com a plataforma em Dubai, onde fica sua sede principal, mas sem sucesso.

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Leandro Kovacs

Leandro Kovacs

Ex-autor

Leandro Kovacs é jornalista e radialista. Trabalhou com edição audiovisual e foi gestor de programação em emissoras como TV Brasil e RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná. Atuou como redator no Tecnoblog entre 2020 e 2022, escrevendo artigos explicativos sobre softwares, cibersegurança e jogos.

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