A fase conturbada do Uber tem tantos capítulos que parece uma série de TV. No mais recente, um grupo de funcionários decidiu fazer um abaixo-assinado para trazer Travis Kalanick — agora ex-CEO do Uber — de volta à companhia. Não é pouca gente, não: mais de mil funcionários apoiam a petição.
Kalanick anunciou seu afastamento do cargo por tempo indeterminado na semana passada. Em carta direcionada aos funcionários da empresa, o executivo explicou que a sua decisão tinha motivações pessoais: ele perdeu a mãe recentemente em um acidente de barco e precisa acompanhar o pai, que sobreviveu, mas ficou internado em estado grave.
Uma semana depois, porém, o Uber anunciou que Kalanick deixou definitivamente o cargo de CEO. O motivo foi a pressão dos investidores: de acordo com o New York Times, cinco dos maiores deles enviaram uma carta à companhia pedindo que o executivo renunciasse de vez, pois o Uber “precisava de uma mudança na liderança”.
Embora muito aguardada por investidores, a renúncia de Kalanick causou certo desconforto no mercado, afinal, a falta de um nome forte para substituí-lo imediatamente faz o Uber parecer um navio sem capitão. Apesar disso, provavelmente ninguém esperava que um movimento de funcionários em defesa de Kalanick fosse surgir.
As primeiras manifestações de apoio apareceram logo após a renúncia. Gerente de produtos no Uber, Margaret-Ann Seger é um exemplo. Na quarta-feira (21), ela publicou um textão no Facebook para expressar seu descontentamento com a decisão e também elogiar Kalanick — Seger considera o executivo uma inspiração.
Quase ao mesmo tempo, um grupo de funcionários começou a distribuir uma petição cujo objetivo é pressionar o conselho de administração do Uber a trazer Kalanick de volta, se não como CEO, em algum cargo importante.
Na mensagem de divulgação, Michael York, também gerente de produtos, diz: “ninguém é perfeito, mas acredito profundamente que ele [Travis Kalanick] pode evoluir para ser o líder que o Uber precisa hoje”. Totalmente anônimo, o abaixo-assinado conseguiu pouco mais de 1,1 mil assinaturas até agora.
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Se levarmos em conta que o Uber possui cerca de 15 mil empregados diretos, o número de assinaturas na petição não é desprezível. Mas o esforço, aparentemente, não surtiu efeito. A direção do Uber enviou um email aos funcionários explicando que a saída de Kalanick não foi uma decisão tomada às pressas e que a renúncia é a maneira que o executivo encontrou de colocar a companhia em primeiro lugar.
Com informações: New York Times, Recode