Uber diz que não precisa pagar motoristas de acordo com o que cobra dos passageiros
Táxis e aplicativos de transporte geralmente cobram pelas corridas depois que elas terminam, levando em conta o tempo e a distância percorrida. O Uber decidiu fazer a cobrança de antemão, no momento em que o trajeto começa.
Segundo uma ação civil pública nos EUA, o Uber usa isso para cobrar o passageiro com base em uma rota mais lenta e mais longa; e para remunerar o motorista com base em um trajeto curto.
O Uber responde a um juiz federal dizendo que essa disparidade entre o valor para o passageiro e para o motorista “dificilmente era um segredo”, e que “os motoristas poderiam simplesmente perguntar a um usuário quanto ele ou ela pagou pela viagem para saber disso”.
A empresa diz que pode manter essa discrepância por causa do contrato com os motoristas: eles “renunciam a qualquer direito de receber valores acima do produzido pelo cálculo da tarifa”.
Além disso, o Uber argumenta que cobrar a tarifa antecipadamente envolve “riscos significativos”, por exemplo “quando uma viagem demora mais do que o esperado, mas o cálculo do lucro do motorista segue constante”.
Isso não corresponde com minha experiência, pelo menos em São Paulo. Eu fiz uma viagem este ano pelo Uber e paguei a tarifa antecipadamente, mas o motorista acabou dando muitas voltas para chegar ao destino. Depois de um tempo, o aplicativo cobrou um valor adicional por causa disso.
O Uber também passou a esconder a tarifa dinâmica no app (é possível visualizá-la de outras formas); e, em algumas cidades, vem cobrando o “quanto você estiver disposto a pagar” em uma corrida. Em meio às polêmicas, a empresa vem tentando sair do prejuízo — seja reduzindo custos, ou aumentando os preços.
A ação civil pública quer que o Uber pague aos motoristas a diferença na remuneração, além dos honorários advocatícios; e quer que um juiz federal de Los Angeles detenha as supostas “práticas comerciais ilegais, enganosas, fraudulentas e injustas”. Uma audiência está marcada para 1º de dezembro.
Com informações: Ars Technica.
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