Xiaomi é mais uma empresa de tecnologia a realizar demissão em massa

Fabricante chinesa passa a sofrer problemas de outras companhias de tecnologia, mas motivo é efeito da política covid zero a longo prazo

Felipe Freitas
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Celulares da Xiaomi com logotipo Mi
Celulares da Xiaomi (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Nos últimos dias, a Xiaomi realizou um layoff (demissão em massa) no seu quadro de funcionários. De acordo com o comunicado da empresa, a demissão em massa representa menos de 10% da força de trabalho. Até setembro, a Xiaomi contava com 35.314 funcionários no mundo todo, dos quais 32.609 ficam localizados na China — dados divulgados no resultado financeiro do terceiro trimestre.

Mais do que uma das maiores fabricantes de smartphone do mundo, a Xiaomi é uma gigante de tecnologia. Na sua terra natal, a marca vende praticamente de tudo: de panela de arroz até aspiradores-robôs. Nos últimos anos, a Xiaomi anunciou investimentos em robótica e carros elétricos — cujo desenvolvimento pode ser atrasado com esse revés.

Motivos envolvem cenário global e problemas domésticos


Assim como a Amazon, a Meta e uma dos demitidos no Twitter, a Xiaomi está sofrendo os efeitos da economia global. Para listar alguns: queda nas vendas do mundo de tecnologia, Guerra na Ucrânia e a continuada escassez de chips. A fabricante também passa a sentir os efeitos da política chinesa de Covid Zero.

Por mais que as medidas restritivas tenham se mostrado eficazes contra a Covid, ela precisa ser combinada com uma forte campanha de vacinação — foi a estratégia adotada pela enorme parte dos países e o que ajudou a lotar os estádios da Copa do Mundo de 2022. Juntando as duas táticas, países conseguiram retomar o crescimento das suas economias. Entretanto, a China falhou nesta segunda etapa.

Com aproximadamente 50% da população vacinada, a China continuou utilizando a tática de Covid Zero (estratégia que está abandonando), onde um único caso da doença pode fechar uma cidade inteira, incluindo aquelas que contam com grandes fábricas de eletrônicos. Neste ponto a Xiaomi sofre como as big techs americanas.

Xiaomi (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Xiaomi (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Sem clientes e sem produção após alto crescimento


A queda de smartphones na China caiu 11% no último trimestre. Para complicar, as vendas podem ser atrasadas por causa dos fechamentos recorrentes nas fábricas, causando o mesmo problema pelo qual a Apple deve passar.

Outra semelhança que a Xiaomi tem com as empresas de tecnologia está no boom de contratação durante a fase mais “forte” da pandemia. A Amazon, a Meta e a Xiaomi passaram por um crescimento nos últimos — com mais gente em casa, os serviços e produtos dessas empresas foram mais procurados.

Para azar das empresas, uma hora esse crescimento parou: ninguém vai trocar de smartphone ou notebook com a economia em recuperação, empresas retomam o trabalho presencial e fornecem o equipamento e as lojas físicas estão recebendo os clientes novamente. No caso da Meta, a Apple alterou as políticas de privacidade que impactam nos anúncios das redes sociais.

A Xiaomi aumentou as contratações em dezembro de 2021. Um ano depois, esses novos funcionários são demitidos. A maior parte dos cortes está nos setores de smartphones e serviços de internet.  

Com informações: South China Morning Post, Cnet e The Guardian

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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