Para que serve o oxímetro de um smartwatch ou smartband?
Oxímetro está no Apple Watch 6, Galaxy Watch 3 e smartbands da Garmin e Xiaomi; sensor estreou primeiro em smartphones como o Galaxy S6
Oxímetro está no Apple Watch 6, Galaxy Watch 3 e smartbands da Garmin e Xiaomi; sensor estreou primeiro em smartphones como o Galaxy S6
Um oxímetro é responsável por medir a saturação de oxigênio no sangue que ajuda a identificar problemas de saúde. O Samsung Galaxy S6 já trazia um sensor para medir os níveis de oxigênio, mas a tecnologia se popularizou em relógios e pulseiras inteligentes como o Apple Watch e Mi Band.
O oxímetro é um aparelho que mede o quanto de hemoglobina está saturada por oxigênio. A hemoglobina é o componente sanguíneo responsável pelo transporte desse gás dentro do corpo humano.
“Numa situação de saúde, os níveis vão de 95% a 100% da hemoglobina saturada por oxigênio”, explica Luiz Felipe Kugler Mendes, médio pneumologista e professor da Faculdade Evangélica Mackenzie de Curitiba (PR).
A saturação de oxigênio é um indicador de saúde. Quando ela não está na faixa entre 95% e 100%, mencionada por Mendes, é sinal de que há algum problema de saúde, provavelmente uma doença pulmonar.
“É um aparelho para monitorização basal. Ou seja, se eu estou bem, tenho ali uma oxigenação de 95%. Se eu estou doente, por exemplo, com COVID, pode haver uma queda significativa na minha oxigenação”, comenta o professor.
Apesar disso, Mendes adverte que não é possível saber exatamente qual é um problema de saúde apenas usando um oxímetro. “Dificilmente você vai conseguir um diagnóstico ou uma identificação de algum problema, mas ele é um exame de triagem”, afirma.
O médico também comenta que o oxímetro tem uma limitação: ele só funciona corretamente em pessoas de saúde preservada. Medições em pessoas com doenças podem não ser precisas.
Mendes menciona anemia, pressão baixa, distúrbios cardíacos e pulmonares como exemplos de situações que fazem a leitura do oxímetro cair. O aparelho também tem dificuldade de obter a saturação de oxigênio em pacientes com febre ou temperatura corporal baixa.
A American Thoracic Society afirma que a maioria das pessoas não precisa ter um oxímetro em casa. O dispositivo é prescrito para quem corre risco de ter períodos de baixo oxigênio, como durante exercícios físicos ou em viagens para altitudes elevadas.
Nestes casos, pode ser importante monitorar o nível de oxigênio do sangue para saber quando aumentar o fluxo suplementar desse gás.
Alguns modelos de oxímetro acessíveis para quem quer ter um desses em casa:
O oxímetro dispara feixes de luz, que atravessam o dedo indicador. Essa luz incide nos glóbulos vermelhos, que absorvem de forma diferente caso a hemoglobina esteja ou não ligada ao oxigênio.
“Essa luz é proveniente ora de um LED vermelho, ora de um LED infravermelho”, explica Julio Lucchi, engenheiro elétrico do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
“Ao atravessar as artérias, os pulsos de luz infravermelha são absorvidos parcialmente pela oxi-hemoglobina [hemoglobina ligada ao oxigênio]. Já os pulsos de luz vermelha são parcialmente absorvidos pela desoxi-hemoglobina [hemoglobina não ligada ao oxigênio]”, explica Valter Avelino, professor de engenharia elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
A partir da intensidade da luz vermelha que chega do outro lado do dedo, é possível calcular a concentração de oxi-hemoglobina. Já a partir da intensidade da luz infravermelha, é possível calcular a concentração de desoxi-hemoglobina.
Com essas duas informações, é possível calcular a saturação de oxigênio. Ela é a relação entre a concentração de oxi-hemoblogina em relação à concentração total de hemoblogina (oxi e desoxi). Em condições normais, esse valor deve ser acima de 95%.
De acordo com a documentação disponível no site da Apple, ao usar o oxímetro do Apple Watch, o aparelho dispara luzes vermelhas e infravermelhas nos tecidos irrigados com sangue.
A luz refletida é detectada e processada para se tornar um fotopletismograma, que capta as pulsações induzidas pelo coração e determina a razão entre a luz vermelha e a luz infravermelha. A partir disso, o aplicativo calcula a porcentagem de saturação de oxigênio.
A Apple também informa que a traseira de cristal do Apple Watch contém uma série de emissores e detectores de luz de diferentes aberturas. Eles formam um sensor de “refletância”. A luz emitida se espalha pelos tecidos e parte dela reemerge, atingindo os detectores.
Avelino, da FEI, explica que, quando o oxímetro é colocado em uma pulseira — como no Apple Watch, no Galaxy Watch, na Mi Band e em outros aparelhos — a estabilidade e a precisão da medida são reduzidas em relação a um oxímetro de dedo.
Isso acontece porque os sinais refletidos têm menor intensidade, em comparação com os que atravessam o dedo.
No documento disponível em seu site, a Apple diz que os sinais da pulsação são menores no pulso do que nos dedos e em outros locais usados por oxímetros médicos.
O usuário deve se manter parado e relaxado para medições manuais. Já as medições intermitentes ao longo do dia são feitas quando o aparelho detecta que o usuário está em condições próximas a isso.
Um estudo publicado em 2021 na revista Scientific Reports avaliou a precisão das medidas de SpO2 e FC do Apple Watch Series 6 em comparação com oxímetros de pulso comerciais em pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) com doenças pulmonares.
Os resultados mostraram que o Apple Watch apresentou correlação forte com os oxímetros de pulso comerciais nas medidas de SpO2 e FC.
Os autores concluíram que o Apple Watch 6 é uma forma confiável de obter SpO2 e FC em pacientes com doenças pulmonares em um ambiente controlado.
De acordo com Bruno Freitas, gerente sênior de wearables da Samsung Brasil, o Galaxy Watch conta com o Sensor BioActive, que combina monitoramento de batimentos cardíacos, eletrocardiograma e análise de bioimpedância. Junto a eles, está um oxímetro.
“O sensor utiliza um método de fotopletismografia (PPG) de medição óptica que consiste na emissão de uma luz vermelha e infravermelha que atinge a corrente sanguínea e calcula a absorção delas pelo sangue, monitorando assim a saturação”, explica Freitas.
Segundo o gerente sênior de wearables da Samsung Brasil, os smartwatches da Samsung “são indicados para fins gerais de bem-estar e condicionamento físico”, mas não substituem orientações médicas e não devem ser usados na detecção, diagnóstico ou tratamento de qualquer problema de saúde ou doença.
Segundo o executivo, não foram feitos estudos públicos de precisão do oxímetro. Mesmo assim, os aparelhos vem sendo usado em parcerias com instituições renomadas de pesquisa, como o Instituto do Coração da USP (InCor) e o Inova-HC, do Hospital das Clínicas da USP.
Em um estudo publicado na revista médica Sleep Health, o Samsung Medical Center e a Samsung Electronics afirmam que o Galaxy Watch 4 teve resultados próximos aos aparelhos de métodos tradicionais nas medições de apneia obstrutiva do sono (AOS).
Atualmente, nenhum celular vendido no Brasil tem equipamento dedicado para fazer a oximetria. Alguns modelos antigos da Samsung, porém, contavam com o sensor específico para isso:
Nestes aparelhos, o app Samsung Health oferece a medida como parte do recurso “Estresse”.
Mesmo assim, alguns aplicativos conseguem usar a câmera e o flash LED para improvisar o mesmo método dos oxímetros de pulso.
O usuário coloca o dedo sobre o flash e sobre a lente da câmera ao mesmo tempo. A luz incide na pele e reflete na câmera. Dependendo da quantidade de hemoglobina com ou sem oxigênio, a intensidade das cores refletidas muda. Um algoritmo faz os cálculos necessários para estimar.
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Washington e da Universidade da Califórnia em San Diego mostrou que os smartphones sem oxímetro conseguem medir a saturação de oxigênio no sangue usando o flash e a câmera. O teste mostrou que eles contam com boa precisão, desde que o nível seja acima de 70%.
Não. Nenhum dos iPhones lançados até o iPhone 15 inclui oxímetro.
O oxímetro vem se tornando um recurso comum em smartwatches e pulseiras fitness. Alguns modelos que possuem essa ferramenta:
Sim. O oxímetro Gaslive 50D-BT Contec e o oxímetro SB210 da Rossmax são dois exemplos da aparelhos desse tipo com conectividade Bluetooth.
Graças a esse recurso, é possível sincronizar as medições com um smartphone usando um aplicativo específico. Assim, o paciente tem um histórico do seu nível de saturação de oxigênio no celular.