Deep Web e Dark Web: o que é, qual a diferença e o que dá para encontrar na internet invisível

Deep Web e Dark Web são camadas da internet formadas por páginas que não podem ser encontradas por meio de mecanismos de busca, como o Google e o Bing

Lupa Charleaux Lucas Lima

A Deep Web e a Dark Web são camadas da internet formadas por páginas não indexadas. Ou seja, conteúdos programados para não serem encontrados por mecanismos de busca, como o Google e o Bing.

Entretanto, cada uma dessas camadas tem suas particularidades. Por exemplo, grande parte da Deep Web é formada por sites com informações sigilosas cujo acesso é limitado por senha ou qualquer outra barreira. Isso inclui páginas de bancos de dados, sites com paywall e contas online.

Já Dark Web apresenta sites que exigem navegadores e redes especiais para serem acessados. Em geral, essas páginas são usadas para compartilhamento de dados confidenciais ou, infelizmente, para práticas ilícitas.

A seguir, conheça mais detalhes e as diferenças sobre a Deep Web e a Dark Web.

O que é e como funciona a Deep Web?

A Deep Web, ou web profunda, engloba todas as páginas da internet que não são indexadas por mecanismos de busca, como o Google. Essa parte da rede é amplamente maior do que a Surface Web – formada por páginas indexadas –, com estimativas sugerindo que representa mais de 90% do conteúdo online.

Também chamada de internet invisível, esse espaço abrange uma gama diversificada de informações legítimas e privadas. Isso inclui desde páginas de e-mail e bancos de dados até bibliotecas digitais e intranets corporativas.

Os sites da Deep Web visam proteger dados pessoais, restringer o acesso a conteúdos exclusivos e garantir de segurança em determinadas plataformas. Para acessar essas páginas, geralmente é necessário ter credenciais específicas, como login e senha.

Outros exemplos de páginas presente na Deep Web incluem os conteúdos de catálogos de serviços de streaming e artigos científicos em repositórios acadêmicos. Embora esses materiais também podem ser indexados, é necessário ter uma assinatura ou conta na plataforma para obter o acesso completo.

Quem criou a Deep Web?

O termo “Deep Web” foi criado pelo cientista da computação norte-americano Michael K. Bergman em 2001. A intenção era ter uma palavra para diferenciar o que é conteúdo acessível por mecanismos de busca da internet, conhecido como Surface Web, da vasta quantidade de informações que não são indexadas e formam a Deep Web.

O que pode ser encontrado na Deep Web?

A Deep Web é composta por uma vasta quantidade de informações que não são indexadas pelos motores de busca tradicionais. Os principais conteúdos que formam essa camada da internet incluem:

  • Bancos de dados: arquivos públicos e privados, como catálogos de bibliotecas, registros médicos e bases de dados científicas, que só podem ser acessados por usuários autorizados;
  • Intranets: redes internas de empresas, instituições de ensinos e governos, utilizadas para comunicação interna e compartilhamento de informações confidenciais;
  • Dados sensíveis: páginas com informações pessoais e financeiras, como contas bancárias, e-mails e bate-papos privados em redes sociais, protegidos por senhas e outras medidas de segurança;
  • Sites exclusivos para membros: plataformas e serviços que exigem cadastro e/ou assinatura para o acesso, como conteúdos de catálogo de serviços de streaming, artigos científicos, comunidades online privadas e sites de notícias com paywall;
  • Dark Web: subconjunto da Deep Web formada por páginas criptografadas para compartilhamento de dados que só podem ser acessadas por softwares especiais.

O que é e como funciona a Dark Web?

A Dark Web, ou internet obscura, é um ambiente que faz parte da Deep Web. Seu conteúdo é formado por páginas que não são indexadas por mecanismos de busca e só podem ser acessadas por meio de navegadores e redes anônimas especiais, como o Tor.

Essa camada da internet oferece alto grau de anonimato, pois usa criptografia para proteger a identidade dos usuários e dos sites. Os endereços da Dark Web, geralmente terminados com o domínio “.onion”, também são projetados para ocultar a localização física dos servidores.

Essas características atraem os usuários que buscam privacidade. Por isso, essa camada da internet abriga comunidades online legítimas, projetos de jornalismo investigativo e plataformas de ativismos que compartilham dados de forma anônima.

Por outro lado, o anonimato permite que várias atividades criminosas ocorram na Dark Web. A falta de regulamentação permite a criação de páginas para compra e vendas de armas e drogas, além de distribuição de conteúdos ilegais.

Quem criou a Dark Web?

Embora o termo “Dark Web” tenha surgido em artigo de jornal em 2009, o conceito começou com o lançamento do Freenet em março de 2000. O software criado pelo irlandês Ian Clarke permitia uma comunicação anônima por meio de uma rede descentralizada de usuários.

Entretanto, a expansão dessa camada da internet ocorreu com a popularização do navegador The Onion Router (Tor). Lançado em setembro de 2002, o software desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA era usado na comunicação entre agentes de inteligência militar sem o risco de serem identificados na Internet.

Em 2004, o Governo dos EUA transformou o Tor em um software de código aberto alegando que a tecnologia não deveria ficar limitada aos serviços de inteligência. Então, a organização sem fins lucrativos Tor Project foi criada para financiar a manutenção do navegador.

O Tor foi adotado por pessoas que buscavam anonimato ao trocar informações na internet, como ativistas, jornalistas e dissidentes de regimes autoritários. No entanto, a ferramenta também passou a ser usada por criminosos que realizam suas ações de forma anônima.

O que pode ser encontrado na Dark Web?

A Dark Web hospeda uma variedade de conteúdos, desde atividades legítimas até as mais ilícitas. Alguns exemplos incluem:

Conteúdo legal:

  • Comunidades e fóruns ativistas: espaços para discussões e troca de informações de forma livre, especialmente em países com regimes autoritários;
  • Jornalismo investigativo: plataformas para proteger a identidade de fontes e facilitar a investigação de casos complexos;
  • Comunicação militar e de inteligência: canais seguros para a troca de informações entre agentes.

Conteúdo ilegal:

  • Mercado de produtos e serviços ilegais: compra e venda de drogas, armas, documentos falsificados e outros produtos proibidos;
  • Pornografia infantil e outros materiais ilegais: distribuição de conteúdo que viola leis e direitos humanos;
  • Dados roubados: venda de informações pessoais, financeiras e corporativas obtidas por meio de ataques cibernéticos;
  • Softwares maliciosos: desenvolvimento e distribuição de programas destinados a causar danos a sistemas e dados.

Por que a Deep Web e Dark Web existem?

A Deep Web é uma parte da internet que serve para proteger informações confidenciais de pessoas e empresas, como dados bancários, pessoais e registros médicos. Ao não serem indexadas em mecanismos de buscas, essas páginas são mais difíceis de serem encontradas por pessoas não autorizadas.

A Dark Web tem o objetivo de ser um espaço da internet para o compartilhamento de dados sigilosos por meio de páginas criptografadas. O espaço pode ser usado para fins legítimos, como ativismo e comunicação segura, mas também abriga diversas atividades ilegais, como tráfico de drogas e a venda de armas.

Existem outras camadas da internet?

Teoricamente, a internet é dividida em três camadas:

  • Surface Web: parte visível da internet, reúne as páginas indexadas pelos mecanismos de busca e acessível por meio de navegadores comuns;
  • Deep Web: conteúdos que não são indexados pelos mecanismos de busca e que exigem credenciais específicas para o acesso em navegadores comuns;
  • Dark Web: parte mais obscura da internet, acessível apenas por navegadores e redes anônimas.

Além dessas três camadas, há conceitos especulativos que abordam uma quarta camada da internet: a Mariana’s Web. Inspirado na Fossa das Marianas, esse seria um espaço “mais profundo e obscuro” que a Dark Web e praticamente inacessível para o público.

Qual a diferença entre a Dark Web e Mariana’s Web?

A Dark Web é uma parte da Deep Web com páginas que podem ser acessadas somente por navegadores e redes especiais. Com alto grau de anonimato, essa camada da internet é usada para fins legítimos, como comunicação entre ativistas e compartilhamento de dados confidenciais, e para ações ilegais, como tráfico de drogas e venda de armas.

Já a Mariana’s Web é um conceito especulativo sobre uma camada ainda mais profunda da Dark Web, totalmente inacessível para usuários comuns. Sem evidências concretas da sua existência, esse espaço poderia abrigar redes militares que guardam dados altamente confidenciais e atividades criminosas de alto nível.

É perigoso entrar na Deep Web ou Dark Web?

Explorar a Deep Web pode não ser tão perigoso quanto a Dark Web, visto que várias páginas não indexadas fazem parte da rotina de quem navega na internet. Contudo, é necessário ter cautela ao clicar em links desconhecidos ou baixar arquivos de fontes não confiáveis.

A Dark Web, por sua vez, é um ambiente altamente perigoso e não recomendado para usuários sem conhecimento técnico avançado. A falta de regulamentação facilita a prática de crimes e a disseminação de malware, por exemplo.

Importante: em ambas as camadas, é fundamental proteger seus dados pessoais e usar ferramentas de segurança adequadas, como antivírus e VPNs.

Podem roubar meus dados na Deep Web ou Dark Web?

Sim, seus dados podem ser roubados na Deep Web e, especialmente, na Dark Web. Hackers usam diversas técnicas, como phishing, malware e exploração de vulnerabilidades, para obter informações pessoais e financeiras de usuários descuidados.

Para se proteger, evite acessar sites desconhecidos, baixe arquivos apenas de fontes confiáveis e use senhas fortes e únicas para cada conta. No caso da Dark Web, visite apenas páginas criptografadas que sejam seguras e relacionadas a atividades legitimas.

É crime acessar a Deep Web ou Dark Web?

Não, acessar a Deep Web ou a Dark Web em si não é crime. Essas camadas da internet são partes não indexadas, o que significa que não são encontradas por mecanismos de busca. A Dark Web, em particular, oferece ferramentas para navegar de forma anônima, protegendo a identidade do usuário.

No entanto, devido à falta de regulamentação, as atividades realizadas nesses ambientes podem ser ilegais. Comprar ou vender produtos ou serviços ilegais, como drogas, armas, dados roubados ou outros itens proibidos, é crime. É importante dizer que mesmo a visualização de conteúdo ilegal pode ter consequências jurídicas em alguns casos.

Como encontrar páginas da Deep Web ou Dark Web?

A maior parte da Deep Web é composta por dados privados e não é acessível ao público, como bancos de dados e intranets. Para encontrar e acessar as páginas com essas informações, você precisa ter as credenciais corretas (login e senha).

Já para acessar a Dark Web, você precisa usar um navegador especial como o Tor. É possível entrar na Dark Web pelo celular ou PC e visitar diretórios específicos que listam diversos sites e serviços disponíveis somente nesta camada da internet.

Posso encontrar páginas da Deep Web ou Dark Web pelo Google?

Não, você não pode encontrar páginas da Deep Web ou Dark Web em buscadores tradicionais. Os conteúdos dessas camadas da internet não são indexados por mecanismos de busca, o que significa que eles não aparecem nos resultados de pesquisa no Google ou Bing.

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Escrito por

Lupa Charleaux

Lupa Charleaux

Repórter

Nerd por natureza, Lupa Charleaux é formado em Jornalismo Multimídia pela São Judas Unimonte (2012). Iniciou a carreira como repórter de entretenimento em 2013, mas migrou para a editoria de tecnologia em 2019. Construiu experiência na área ao produzir notícias diárias sobre eletrônicos (celulares, vestíveis), inovação, mercado e conteúdos especiais sobre os temas. É repórter do Tecnoblog desde outubro de 2023. Anteriormente, atuou como redator de tecnologia e entretenimento no TecMundo (2019-2021/2022-2023) e redator de produtos no Canaltech (2021-2022).

Lucas Lima

Lucas Lima

Coordenador de conteúdo

Lucas Lima trabalha no Tecnoblog desde 2019 cobrindo software, hardware e serviços. Pós-graduando em Data Science, formou-se em Jornalismo em 2018 e concluiu o técnico em Informática em 2014, mas respira tecnologia desde 2006, quando ganhou o primeiro computador e varava noites abrindo janelas do Windows XP. Teve experiências com comunicação no poder público e no setor de educação musical antes de atuar na estratégia de conteúdo e SEO do TB.