Infravermelho no celular: o que é, como funciona e para que serve a tecnologia

O infravermelho (IR) está presente em poucos smartphones atuais, mas ainda é buscado por consumidores; entenda como funciona e para que serve esse sensor

Emerson Alecrim Ana Marques
Por e
• Atualizado há 1 mês
Um sensor infravermelho pode fazer o celular funcionar controle remoto (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Um sensor infravermelho pode fazer o celular funcionar como controle remoto (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Infravermelho (IR) é um tipo radiação eletromagnética que pode ser usada em celulares para comunicação sem fio, entre outras aplicações. A adoção do infravermelho vem caindo em desuso nos dispositivos móveis, mas ainda há smartphones recentes compatíveis com essa tecnologia.

Nas décadas de 1990 e 2000, o IR era usado para compartilhamento de dados via conexão sem fio entre celulares. À medida que os smartphones evoluíram, o infravermelho foi substituído por padrões como Bluetooth e NFC.

Apesar disso, a tecnologia ainda é buscada por consumidores especialmente para o uso do celular como controle remoto, e está presente em modelos da Xiaomi e Realme, entre outras fabricantes.

Descubra a seguir como o infravermelho funciona nos celulares, suas vantagens e desvantagens, além das diferenças em relação ao Bluetooth e ao NFC.

O que é infravermelho?

Infravermelho é um tipo de radiação não ionizante invisível aos olhos humanos que tem diversas aplicações na indústria de eletrônicos. O infravermelho pode ser usado para funções como controle remoto (em celulares, sistemas de áudio e TVs), imagem térmica (associado a câmeras) e detecção de movimento em sistemas de segurança.

O que significa infravermelho?

O nome infravermelho (IR, na sigla em inglês) significa “abaixo do vermelho”, e é usado para se referir à tecnologia de transmissão de dados baseada em radiação eletromagnética que emite ondas em uma faixa de frequência ligeiramente inferior em relação à luz vermelha.

Como funciona o infravermelho no celular?

Um LED infravermelho existente no smartphone envia um feixe de luz em direção a um fotodiodo existente no receptor para iniciar a transmissão.

Ao ser atingido pelo feixe, o fotodiodo gera uma tensão de saída proporcional à intensidade ou quantidade de luz infravermelha recebida. Os valores registrados são então interpretados como comandos ou dados.

A transmissão via infravermelho pode ser classificada como:

  • transmissão IR unidirecional: quando um dispositivo somente envia dados;
  • transmissão IR bidirecional: quando o dispositivo envia e recebe dados.

O tipo de infravermelho presente no celular pode ser do tipo IrDA ou não, o que implica em aplicações diferentes, como explicamos a seguir.

O que é IrDA?

IrDA, ou Infrared Data Association, é uma especificação criada por um grupo de fabricantes para permitir transferência de arquivos e comunicação sem fio padronizadas entre dois dispositivos via infravermelho.

Normalmente, um sensor infravermelho não IrDA executa apenas uma função específica. É o caso dos celulares quem têm um IR Blaster, sensor que funciona apenas como controle remoto.

Módulos IrDA foram relativamente comuns em celulares lançados na década de 2000, mas são raros em smartphones. Alguns aparelhos atuais têm sensor infravermelho, mas não seguem a especificação IrDA. Esse movimento da indústria é devido à ascensão de outras tecnologias de comunicação wireless, como Bluetooth, NFC e Wi-Fi.

Celular Nokia 6070, com IrDA
Lançado em 2006, o celular Nokia 6070 tem IrDA (imagem: Everton Favretto/Tecnoblog)

Qual é o alcance de um sensor infravermelho?

O alcance do infravermelho nos celulares é de até 20 metros, mas costuma ficar abaixo disso em celulares. Alguns sensores podem alcançar distâncias maiores, mas, nos dispositivos móveis, a tecnologia é empregada para interação com equipamentos no mesmo ambiente, o que faz alcances maiores não serem necessários.

Contudo, é importante que o dispositivo emissor esteja na mesma direção do dispositivo receptor e que não haja obstáculos entre eles, do contrário, a luz infravermelha pode não chegar ao destino.

Onde fica o sensor infravermelho do celular?

O sensor infravermelho geralmente fica posicionado na parte superior do celular. Ele pode ser identificado como um pequeno LED na borda superior do aparelho ou próximo à câmera frontal. O usuário deve apontar o smartphone para o dispositivo que irá receber a luz infravermelha para a comunicação funcionar.

Sensor infravermelho no Huawei Nova 5T (imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Sensor infravermelho no Huawei Nova 5T (imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Para que serve um sensor infravermelho no celular?

O uso mais comum do infravermelho em smartphones é como controle remoto. Para as demais aplicações, a tecnologia depende da forma como o sensor é implementado ou de suas características técnicas. Em resumo, o sensor infravermelho do celular pode ser usado em aplicações como:

  • Controle remoto: usar celular como controle remoto permite que o aparelho comande TVs, alto-falantes, ar-condicionado, entre outros dispositivos;
  • Transmissão de dados: o infravermelho pode ser usado para transmitir dados para um celular, tablet ou notebook próximo, como um contato ou uma foto, especialmente se for compatível com as especificações IrDA;
  • Detecção de proximidade: um sensor infravermelho pode ser usado para detectar quando o rosto do usuário está próximo do celular para a tela ser desligada ou outra ação ser acionada;
  • Reconhecimento de gestos: um sensor infravermelho pode detectar os movimentos que o usuário faz com as mãos para realizar ações predefinidas sem que seja necessário tocar no celular;
  • Reconhecimento facial: o infravermelho pode ser usado com a câmera frontal do celular para reconhecer o rosto do usuário;
  • Detecção de obstáculos: um celular com infravermelho pode ser usado para uma pessoa com deficiência visual identificar objetos à sua frente que possam dificultar a sua passagem.

Quais são as vantagens da conexão via infravermelho?

Apesar de estar presente em poucos celulares atuais, o infravermelho pode proporcionar as seguintes vantagens:

  • Economia de energia: um sensor infravermelho gasta pouca energia quando está em operação;
  • Ocupa pouco espaço: o sensor infravermelho é um dispositivo pequeno, logo, pode ser implementado com relativa facilidade em celulares;
  • Controle remoto universal: o infravermelho permite que o celular controle uma ampla variedade de dispositivos, como TV, ar-condicionado, aparelho de som, lâmpadas inteligentes e cortinas eletrônicas;
  • Tempo de resposta rápido: a luz infravermelha permite que um dispositivo responda a outro rapidamente, agilizando a execução de comandos;
  • Baixo custo: sensores infravermelho são componentes de fabricação barata, em sua maioria.
Sensor infravermelho no Redmi Note 10 Pro (imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Sensor infravermelho no Redmi Note 10 Pro (imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Quais são as desvantagens da conexão via infravermelho?

Muitas fabricantes de celulares deixaram de incluir infravermelho em seus aparelhos devido às desvantagens desse tipo de conexão em relação a tecnologias mais recentes, como Bluetooth e NFC. São elas:

  • Alcance e ângulo limitados: a comunicação via infravermelho requer que os dispositivos normalmente estejam em distância inferior a 5 metros entre si e em um ângulo específico para que o sensor de um alcance o outro;
  • Baixa taxa de transferência de dados: transmissões via IrDA geralmente não passam de 4 Mb/s, o que a torna a tecnologia lenta para transferência de grandes volumes de dados;
  • Sujeito a bloqueio: paredes, móveis grandes, luzes intensas e até fumaça densa podem impedir que uma conexão via infravermelho seja estabelecida;
  • Sensível a movimentos: se um dos dispositivos for movido durante a conexão por infravermelho, mesmo que levemente, a comunicação pode falhar;
  • Capacidade de programação limitada: muitos celulares com IR permitem que a tecnologia seja usada somente como controle remoto.

Por que o infravermelho vem deixando de ser usado em celulares?

O infravermelho foi substituído por padrões de comunicação sem fio mais eficientes. A especificação IrDA, que usa infravermelho para compartilhamento de dados, era comum em celulares convencionais fabricados nas décadas de 1990 e 2000, mas foi substituído por tecnologias como Bluetooth e Wi-Fi.

A implementação de sensores infravermelho para uso do aparelho como controle remoto também vem sendo abandonada pelos fabricantes para dar lugar a outros sensores, reduzir os custos de produção do celular e por existir baixa demanda por esse tipo de aplicação.

Como saber se meu celular tem infravermelho?

A maneira mais fácil de saber se o seu celular tem infravermelho é consultando as especificações do aparelho no site do fabricante ou o manual do produto. Também é possível instalar um aplicativo como o IR Test, que informa se o smartphone tem um “IR Blaster” (sensor de infravermelho).

Xiaomi, Realme e Vivo estão entre as marcas que ainda têm alguns celulares com sensor infravermelho integrado. A Samsung parou de produzir smartphones com IR por volta de 2015. Um dos últimos modelos da marca com IR foi o Galaxy S6. Na Motorola, um dos últimos aparelhos com infravermelho foi o One Macro, de 2019.

O app IR Test informa se o celular tem IR Blaster (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
O app IR Test informa se o celular tem IR Blaster (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

iPhones têm infravermelho?

Não há iPhones com infravermelho. Modelos mais recentes têm um mecanismo de IR específico para reconhecimento facial via Face ID, mas que não permite o uso do aparelho como controle remoto ou compartilhamento de dados.

Posso adicionar infravermelho em celular que não tem?

Sim. Há adaptadores de infravermelho que são conectados ao celular via porta micro-USB, USB-C, conexão para fones de ouvido (3,5 mm) ou, no caso dos iPhones, porta Lightning.

Esses dispositivos permitem o uso do aparelho como controle remoto ou em outras funções que podem ser realizadas via IR. Porém, nem sempre um adaptador infravermelho funciona com o esperado, seja pela eventual baixa qualidade de seus componentes, seja por limitações técnicas existentes no celular.

Adaptadores infravermelho com micro-USB, USB-C e Lightning (imagem: reprodução/Fruugo)
Adaptadores infravermelho com micro-USB, USB-C e Lightning (imagem: reprodução/Fruugo)

Qual é a diferença entre infravermelho e Bluetooth?

Infravermelho é um antigo padrão de comunicação sem fio para tarefas como compartilhamento de arquivos e automação industrial, estando presente apenas em alguns celulares atuais. Já o Bluetooth é uma das tecnologias de comunicação sem fio que são comuns em smartphones, tablets e notebooks.

Enquanto o infravermelho transmite tipicamente até 4 Mb/s e alcança distâncias de até 20 m, o Bluetooth registra taxas de transferência de até 50 Mb/s e alcance de até 100 m, além de contar com recursos de segurança modernos. Esses fatores explicam a popularização do Bluetooth e o desuso progressivo do infravermelho.

Qual é a diferença entre infravermelho e NFC?

Infravermelho é uma radiação eletromagnética que permite comunicação a partir do celular com distâncias de até 20 metros e em linha direta de visão (um dispositivo deve apontar para outro). Já o NFC é um padrão de conexão de curto alcance, que suporta distâncias tipicamente inferiores a 5 centímetros.

Teoricamente, o infravermelho pode oferecer velocidade de transferência de dados de até 4 Mb/s contra até 1,7 Mb/s no NFC, o que torna ambos os padrões inadequados para tráfego de grandes volumes de dados. Tecnologias como Bluetooth e Wi-Fi são mais apropriadas para este fim.

Esse conteúdo foi útil?
😄 Sim🙁 Não

Receba mais sobre infravermelho na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

Relacionados