O que é profundidade de campo e como ajustá-la para fazer fotos criativas?

Entenda quais fatores alteram a profundidade de campo de uma imagem e saiba como usar esses parâmetros para controlar a nitidez de uma cena

Emerson Alecrim Ana Marques
• Atualizado há 1 ano e 5 meses

A profundidade de campo (DoF) indica a área de nitidez, antes e depois, do ponto em foco na imagem. Esse parâmetro varia conforme a abertura da lente e a distância focal. Pode-se usá-lo para fins criativos, como gerar fotos com fundo desfocado (efeito bokeh).

O que é profundidade de campo (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
O que é profundidade de campo (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Fatores que alteram a profundidade de campo

Quando a lente de uma câmera foca em um assunto (objeto, pessoa, animal ou cena), há um espaço à frente e atrás desse ponto que permanece nítido na imagem. A extensão de toda essa área é reconhecida como profundidade de campo, e ela pode ser:

  • Profundidade de campo ampla ou profunda: se a extensão é grande a ponto de haver nitidez entre elementos distantes entre si;
  • Profundidade rasa ou estreita: se a extensão é curta, resultando em maior desfoque no fundo e à frente do assunto.

A seguir, explicamos como a abertura de lente, distância focal, distância do objeto e o tamanho do sensor determinam o nível de extensão da profundidade de campo.

Abertura de lente

A abertura de lente define a quantidade de luz que entra na câmera por meio do diafragma. Quanto maior a abertura de lente, menor é a profundidade de campo da imagem.

Em uma lente com abertura f/1,4, o diâmetro é muito maior que uma abertura f/8,0, por exemplo. Quanto maior é o diâmetro, maior é a quantidade de luz capturada, de modo que somente o que está próximo da câmera será registrado com foco.

Logo, uma lente com abertura f/1,4 tem menor profundidade de campo do que uma com f/8,0.

Níveis de abertura de lente (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Níveis de abertura de lente (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Aberturas grandes são ideais para selfies com fundo desfocado (efeito bokeh). Aberturas menores são adequadas para paisagens, quando não há interesse em desfoque do fundo.

Distância focal

A distância focal (comprimento focal) define o tamanho do campo de visão capturado pela lente. Quanto maior a distância focal, menor é a profundidade de campo.

Cada tipo de lente tem um comprimento focal específico. Nas lentes fixas, esse parâmetro não muda. Nas lentes zoom, a distância focal pode ser ajustada dentro de limites mínimos e máximos.

Se tomarmos como exemplo uma lente grande-angular, tipo que permite enquadramento de uma área grande da cena, a distância focal chega a 35 mm, tipicamente. Já uma lente teleobjetiva, para zoom, tem comprimento focal superior a 100 mm.

Variações de distância focal (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Variações de distância focal (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Entre ambos os tipos, a teleobjetiva tem fundo mais desfocado, pois o seu comprimento focal é maior. Basta notar que, em fotos de pássaros tiradas de longe, com zoom aplicado, o fundo da imagem frequentemente não tem foco atrás do animal.

A imagem está desfocada atrás do pássaro (imagem: PxHere)
A imagem está desfocada atrás do pássaro (imagem: PxHere)

Distância do objeto

Quanto mais próximo o assunto a ser fotografado estiver da câmera, menor é a profundidade de campo. Isso significa que, se um objeto estiver a 1 metro da lente, a sua área de nitidez vai ser menor do que se a distância fosse de 10 metros.

A diminuição da profundidade de campo é facilmente perceptível em fotografia macro, categoria que expande a visão de assuntos muito pequenos, como insetos e flores. Em imagens do tipo, a área nítida diminui de tamanho à medida que o assunto fica mais próximo da lente.

Em algumas situações, a área nítida é tão reduzida que é fácil perdê-la. Uma solução para esse problema é usar o foco manual da câmera no lugar do foco automático (autofoco).

Foto macro, com profundidade de campo rasa (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Foto macro, com profundidade de campo rasa (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

O efeito da distância sobre a profundidade de campo tem relação com os círculos de confusão, que indicam o nível de nitidez. Quanto menor o círculo, mais nítida a imagem. Contudo, o círculo de confusão se torna maior à medida que o assunto se afasta do plano de foco.

Tamanho do sensor

As câmeras digitais trazem um sensor que capta a luminosidade da cena para a imagem ser registrada. De forma geral, quanto menor o for o tamanho do sensor de imagem, maior será a profundidade de campo.

Assim, uma câmera com sensor full frame (tamanho completo) tende a ter profundidade mais estreita em relação a um sensor APS-C (menor) com o uso da mesma lente.

Ajustes de distância focal e abertura de lente ajudam a adaptar a profundidade de campo quando há sensores com tamanhos diferentes. O ajuste da distância em relação ao objeto a ser fotografado também é importante, pois permite ao fotógrafo chegar a um círculo de confusão aceitável para cada circunstância.

Câmera DSLR Canon Rebel T6 com sensor APS-C (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Câmera DSLR Canon Rebel T6 com sensor APS-C (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Exemplos práticos

A abertura de lente, o comprimento focal e a distância em relação ao assunto são parâmetros que podem ser ajustados de acordo com a intenção da foto. A seguir, algumas recomendações para três circunstâncias comuns.

Fotografia de paisagem e arquitetura

Lentes ultrawide são mais indicadas para fotografar paisagens, bem como ambientes internos para fins de arquitetura ou design de interiores. Por oferecer um ângulo de visão mais aberto, esse tipo de lente permite o enquadramento de áreas grandes da cena.

Também é recomendável fechar o diafragma da câmera até a profundidade de campo atingir a nitidez desejada. Para isso, a dica é usar a distância hiperfocal, técnica que maximiza a profundidade de campo a partir do ponto de foco.

Foto de paisagem, com profundidade de campo ampla (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Foto de paisagem, com profundidade de campo ampla (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Retratos

Para retrato de pessoas, animais ou objetos, é recomendável que a lente tenha um número f-stop baixo (maior abertura), de modo a se obter menor profundidade de campo. Com isso, o plano de fundo será desfocado para destacar o assunto.

Esse tipo de ajuste pode ser aplicado facilmente em uma câmera DSLR ou mirrorless. Em smartphones, a dica é usar o modo retrato, que aciona o sensor de profundidade do celular para gerar o desfoque. Nos aparelhos sem esse componente, o ajuste é feito por software.

Foto em modo retrato tirada com smartphone (Imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Retrato, com profundidade de campo rasa (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Fotografia esportiva

A lente teleobjetiva é muito usada para fotos de disputas esportivas ou atletas em ação. Um dos motivos para isso é a grande distância que normalmente existe entre a câmera e o atleta. Outro é o comprimento focal maior desse tipo lente, que permite destacar o atleta ao deixar a maior parte da cena sem foco.

Foto esportiva; note que o fundo está desfocado, deixando o atleta em evidência (imagem: PxHere)
Foto esportiva; note que o fundo está desfocado, deixando o atleta em evidência (imagem: PxHere)

Também é importante que a velocidade do obturador seja rápida para evitar que movimentos rápidos do atleta apareçam na imagem como borrões.

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Emerson Alecrim

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Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.