Huawei Ascend P6, um smartphone bem bonito

É difícil destacar outra qualidade do Huawei Ascend P6 além do belo design

Giovana Penatti
Por
• Atualizado há 11 meses
huawei ascend p6 01

A Huawei levou alguns jornalistas para o Rio de Janeiro na Futurecom, em outubro, para apresentar pessoalmente o Ascend P6, seu aparelho topo de linha que estava chegando ao Brasil. Ele foi lançado em Londres em junho deste ano.

Na época, nosso editor Paulo Higa foi conhecer o aparelho e elogiou sua construção, que é realmente elegante. A Huawei não havia revelado o valor do quad-core ainda, então era difícil saber dizer, mesmo por cima, se ele valeria a compra. Agora, sabemos que ele custa R$ 1.499 e passei alguns dias explorando-o para responder a essa pergunta; minhas impressões estão logo a seguir.

Design e pegada

Na campanha de marketing do Ascend P6, a Huawei o chama de “impossivelmente bonito”. De fato, ele tem o design muito bonito; o modelo preto, principalmente. Ele passou pelo Tecnocenter rapidamente, mas o review foi feito com o branco.

Enquanto o preto tem a traseira com aparência de aço escovado, o branco é fosco e liso. Na lateral, um friso prateado lembra bastante o iPhone 5 e, arrisco dizer, as posições da câmera e do logo da Huawei na traseira, também. A característica mais marcante do P6 é a lateral inferior arredondada, mas é só um detalhe do design, mesmo, sem nenhuma utilidade prática.

Na borda direita, há a sensação de um excesso de informações: ela concentra o botão para ligar/desligar, volume, slot para microSD e para micro-SIM. Para abrir essas gavetinhas, a Huawei acoplou o pino na saída P2. Uma solução interessante, mas não muito perspicaz; ficar colocando e removendo-o toda vez que for conectar o fone de ouvido é estranho. Melhor removê-lo de uma vez e deixar guardado na caixa com o resto dos acessórios, mas ele é bem pequeno e pode ser perdido com facilidade.

Quanto à pegada, ela é confortável, talvez devido ao peso e à espessura do aparelho: ele tem 120 g e 62 mm, que lhe garantiram o posto de smartphone mais fino do mundo por algum tempo. Ao mesmo tempo que essas medidas contribuem para o visual premium e o conforto ao segurá-lo, também dão uma sensação de que, para manuseá-lo, é preciso ter bastante delicadeza. O visual, no entanto, não passa essa impressão de fragilidade, daí a confusão.

Tela e interface

huawei ascend p6 08

O P6 tem um LCD de 4,7 polegadas com resolução IPS+ e resolução de 720 x 1280 pixels. Sua qualidade é muito boa: os pixels não são visíveis e, com o brilho no máximo, as imagens ficam muito bonitas. Não há a saturação tão exagerada que costumamos ver nos displays AMOLED, mas as cores são bem fortes e vivas e a resolução, mesmo não sendo Full HD, não deixa a desejar.

O brilho não é totalmente ajustável. Há os “níveis” que podem ser configurados, mas nada além disso – uma pena, já que o brilho médio me parece escuro demais e o brilho máximo nem sempre é a melhor opção. Acabei deixando sempre no Automático, que altera de acordo com a luminosidade do ambiente, e é bem satisfatório nesse aparelho.

A interface adotada pela Huawei é a Emotion UI. Ela é tão personalizada que, se não fosse pelos botões de Home, Voltar e Aplicativos Abertos, poderia acreditar que o smartphone roda um sistema próprio da Huawei. É possível escolher temas diferentes, que alteram todo o template dos ícones e do plano de fundo padrão. O “menos pior”, na minha opinião, é o Breeze, que é coloridão e lembra um TouchWiz da vida.

p6 temas

A Emotion UI não tem um menu; o ícones de aplicativos ficam espalhados nas diversas telas iniciais. Dá para reuni-los por temas em pastas. Por padrão, há três delas: Gerenciamento, Ferramentas e Aplicativos do Google. A primeira tela fica com widgets, a segunda com os aplicativos de fábrica e a última, com os que forem instalados pelo usuário. Estes, inclusive, são diferenciados dos outros com seus ícones diminuídos dentro de um tile cinza.

Uma dica que teria me poupado bastante raiva se eu tivesse lido antes é a de trocar o teclado padrão da Huawei pelo padrão do Android nas configurações. O da empresa é muito ruim, tem precisão baixa, repete letras e a auto-correção não serve para nada, já que não corrige nada. Não passe nervoso, já troque logo de cara.

Enquanto a Emotion UI não é, definitivamente, a interface mais agradável de se olhar, há um louvor nela que nem todas têm: nenhum aplicativo inútil é enfiado goela abaixo pela empresa. O único que talvez se encaixe nessa categoria, dependendo do seu perfil, é o jogo Riptide GP.

Multimídia

p6 player

O player de música é provavelmente o mais legal que já vi num smartphone. Ele tem a interface bem agradável de mexer, dividida em quadradinhos, como se fosse um painel, e muitos recursos que dificilmente serão vistos em outras fabricantes. Dentre eles, destaco dois que estão escondidos em Configurações: o filtro por duração, que permite deixar de fora da reprodução as músicas com duração menor que o escolhido, e o modo hibernação, que coloca o player para dormir depois de um tempo – e o Escanear Música, que, na teoria, identifica a música no ambiente.

Quanto ao reconhecimento de mídia, ele rodou arquivos em MP3 e FLAC.

Já o player de vídeo não tem nada de mais: reproduz o vídeo selecionado e ponto. Ele rodou MKV, AVI e MP4 sem nenhum problema.

Tanto o player de vídeo quanto o de música contam com o reforço (opcional; ele pode ser desativado) da Dolby Digital para fazer a equalização. No primeiro, ele cuida tem 17 opções pré-definidas. No segundo, são 13 diferentes. Uma equalização personalizada é impossível nos dois apps.

O Ascend P6 também tem rádio FM, uma função que andava sumida dos smartphones mas tem aparecido de volta em alguns modelos. Nesse aplicativo, nenhuma novidade, também: quatro slots para salvar as estações preferidas, opção de ouvir em alto-falante (mas, de qualquer forma, com o fone de ouvido conectado), dois botões para passear entre as rádios e outro para ligar ou desligar. Um outro modo de visualização lista todas as rádios escaneadas e fica mais fácil de passar entre elas.

radio p6

Câmeras

A câmera frontal do Ascend P6 é a melhor que já vimos, pelo menos em contagem de megapixels: ela tem 5 MP (e há rumores de que o P7, seu sucessor, terá ainda mais: 8 MP). A qualidade é boa, mas as cores parecem escuras demais vistas no computador depois (meu cabelo é ruivo escuro e ficou castanho em todas as fotos). É curioso que tenha sido dispensada tanta atenção para um recurso com tão pouca utilidade mas, em todo caso, suas videoconferências e selfies devem ficar mais bonitas com o P6.

Essa câmera também tem uma lista de efeitos que se repetem na câmera traseira (P&B, antigo, negativo, tempo frio, tempo quente, em relevo, sépia e esboço cinza), e o modo Gracioso, que dá uma melhorada automática e bastante artificial na pele.

A câmera traseira tem 8 MP e faz fotos de boa qualidade. Achei que as cores ficaram um pouco mais escuras do que realmente são, mas as imagens têm definição boa, apesar da granulação visível em tamanho original.

Nas fotos de amostra, destaco as de por do sol, que tiveram uma fidelidade incrível sem nenhum ajuste adicional, e a que mostra um monitor. Ela foi tirada durante uma conferência, para guardar as informações mostradas – uma prática comum entre jornalistas e que o P6 impossibilitou. Outra, da Mulher Gato, destaca a foto no modo macro: o celular faz fotos nítidas a partir de4 cm de distância; menos que isso, o foco fica no segundo plano.

Os efeitos são os mesmos que na câmera frontal. Além do modo Gracioso, temos também Panorama, Inteligente e HDR.

Nas filmagens, é possível gravar em até 1080p pela câmera traseira e 720p pela frontal. A qualidade do vídeo é boa, mas o áudio deixa a desejar: parece que a pessoa está falando dentro de um aquário. O vídeo também fica meio travado, como se tivesse uma taxa de frames baixa.

Conectividade e acessórios

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Na parte de conexões, o topo de linha da Huawei fica devendo em relação a outros da mesma categoria: ele não tem compatibilidade com 4G ou NFC e seu Bluetooth é 3.0, ou seja, parece meio desatualizado também nesse ponto.

A caixinha é na qual o P6 vem é bem bonita e combina com a aparência premium dele. Ao contrário das pequenininhas apertadas que vemos com smartphones em geral, essa tem uma preocupação com a “experiência” que é notável.Ela é organizada em módulos, com manuais em uma caixa, fone de ouvido em outra e carregador em uma terceira. As três são cobertas por uma “tampa” que acomoda o aparelho.

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O fone de ouvido que o acompanha é terrível. Muito desconfortável e com qualidade de som ruim, ele é completamente dispensável; melhor reaproveitar o do seu smartphone antigo ou algum comprado separadamente.
Um ponto bacana é a inclusão de uma capinha transparente para proteger o aparelho contra quedas; nunca vi outro aparelho com isso, mas acho que todas as fabricantes deveriam começar a fazê-lo.

Hardware

O SoC presente no P6 é criado pela própria Huawei, um K3V2 quad-core de 1,5 GHz. O aparelho também tem 2 GB de RAM e 8 GB de armazenamento interno, sendo 4,7 GB disponíveis.

Enquanto as especificações podem encher os olhos, o uso não faz o mesmo efeito. Nem tanto por engasgadas ou travamentos; só fui reparar em algo assim ao tentar rodar jogos que exigiam mais da GPU, como Dead Trigger – o que não é algo exatamente “ok” em se tratando de um aparelho que se vende como topo de linha e um jogo que foi lançado em junho de 2012 e já tem uma continuação.

O problema na usabilidade do P6 fica na temperatura. Ele esquenta muito, incomoda a ponto de impossibilitar o uso, tanto na parte traseira como na tela, e nem precisa de esforço para isso: abrir o app do Facebook e passar alguns minutos navegando é suficiente.

Nos testes de benchmark, os resultados atingidos pelo Ascend P6 e seu SoC quad-core foram surpreendentemente baixos.

Bateria

A duração da bateria do Ascend P6 é medíocre. Parece que olhar para ele drena sua energia. Houve momentos realmente surpreendentes, como ela abaixar aproximadamente 10% durante o jantar, subindo uma foto no Instagram. Cerca de uma hora após acordar e desconectá-lo do carregador, checando redes sociais durante o café da manhã, fui surpreendida por 85% da carga remanescente.

Nos testes de bateria padrões do TB, por outro lado, o desempenho não foi tão surpreendentemente negativo: no teste de uso moderado, foi gasto 31% da bateria, restando 69% da carga. No uso intenso, 28%.

Pontos negativos

  • Esquenta muito com o uso
  • Duração da bateria medíocre
  • Interface personalizada muito feia
  • Sem 4G

Pontos positivos

  • Design bonito e boa ergonomia
  • Poucos apps de fábrica
  • Ótima tela
  • Slot para microSD

Conclusão

Apesar de ser anunciado como um high-end, acho difícil levar essa classificação do Ascend P6 a sério atualmente, especialmente se comparado a outros aparelhos que também levam essa denominação. Mesmo tendo desempenho relativamente bom, ele fica muito atrás de smartphones lançados também neste ano, como o Xperia Z1 da Sony e o G2 da LG.

O design premium e a lista de especificações até disfarçam, mas na prática, há falhas que o freiam. Os pontos positivos dele são facilmente vistos e um dos motivos para isso é que são mais cosméticos mesmo, como a construção e a tela. Isso não compensa outros pontos críticos, como o fato de esquentar muito e ter bateria pouco confiável. Se a etiqueta de preço fosse mais baixa, até daria para relevar, mas, por R$ 1.499, é difícil justificar o investimento, ainda mais com opções mais completas nessa faixa, como o Moto X.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.000 mAh.
  • Câmera: 8 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal).
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi 802.11 b/g/n, GPS, Bluetooth 3.0 e USB 2.0.
  • Dimensões: 13,27 x 6,55 x 0,62 cm.
  • Memória externa: compatibilidade com microSD de até 32 GB.
  • Memória interna: 8 GB (4,7 GB disponível para o usuário).
  • Memória RAM: 2 GB.
  • Peso: 120 gramas.
  • Plataforma: Android 4.2.2.
  • Chipset: quad-core Huawei K3V2 de 1,5 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, bússola, giroscópio, proximidade e temperatura.
  • Tela: IPS+ LCD de 4,7 polegadas com resolução de 720 x 1280 pixels e proteção Gorilla Glass.

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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