Review Motorola Moto G60: potência e equilíbrio
Moto G60 é um intermediário avançado com Snapdragon 732G e tela de 120 Hz, mas não traz AMOLED e só vai receber o Android 12
Moto G60 é um intermediário avançado com Snapdragon 732G e tela de 120 Hz, mas não traz AMOLED e só vai receber o Android 12
O Motorola Moto G60 é aquele intermediário que te faz pensar como a linha Moto G evoluiu. Com processador Snapdragon 732G, tela de 6,8 polegadas com taxa de atualização de 120 Hz e RAM de 6 GB, o Moto G60 está posicionado abaixo do Moto G100 e tem a missão de concorrer com o Galaxy A52. Outros destaques do aparelho são a câmera tripla, sendo a principal de 108 megapixels, e a bateria enorme de 6.000 mAh.
Ele desembarcou no Brasil com o preço sugerido de R$ 2.699, mas já aparece no varejo por bem menos. Será que faz sentido? As câmeras são boas? E o desempenho? Nas últimas semanas, o Moto G60 foi o meu celular principal e compartilho a minha experiência de uso neste review.
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O Moto G60 foi fornecido pela Motorola por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica
As minhas primeiras impressões com o Moto G60 foram positivas. O celular é tão bonito que, hoje, eu vejo a geração passada com outros olhos. O design e a tela grande logo me chamaram a atenção: a Motorola trabalhou bastante nesses dois pontos, mas isso não significa que ela entregou upgrades que muitos esperavam. O Moto G60 surge com plástico brilhante em toda a traseira, apesar do aspecto metálico passar uma sensação de produto premium, o material empregado é muito simples.
Agora, o que mais impressiona, depois do acabamento, é o peso. O Moto G60 consegue ser mais pesado que o Galaxy M51, com sua bateria de 7.000 mAh. Para efeito de comparação, o smartphone da Samsung pesa 213 gramas, enquanto o da Motorola tem 220 gramas. É possível sentir um certo desconforto após algumas horas jogando no aparelho.
As laterais curvadas do dispositivo abrigam os botões de liga/desliga, de volume e um dedicado do Google Assistente. Ele ainda traz conexão USB-C, entrada padrão para fone de ouvido e o tradicional leitor de impressões digitais na traseira, que tem uma resposta rápida. A gaveta de chip e cartão de memória, infelizmente, só aceita um nano-SIM e um microSD de até 1 TB.
Existe uma tendência de intermediários avançados chegarem com certificação contra água, uma proteção mais do que bem-vinda. Observe que o Redmi Note 10S entrega IP53 e o Galaxy A52 tem IP67. No entanto, a Motorola não deu importância para esse tipo de segurança e o G60, assim como o G100, não oferece nenhuma classificação IP.
A tela do Moto G60 gera uma sensação de amor e ódio. Para quem gosta, a tela grande é excelente para assistir a um filme e jogar um PUBG ou Asphalt 9. O ponto negativo é a ausência de um painel AMOLED, que já aparece em concorrentes até mesmo mais baratos. O modelo aposta num IPS LCD de 6,8 polegadas com resolução Full HD+ (2460 x 1080 pixels) e taxa de atualização de 120 Hz, para navegações mais suaves.
Traduzindo, não espere uma fidelidade de cores tão precisa nem um preto profundo como na concorrência. Mesmo inferior, você terá acesso a um bom LCD: o brilho é forte, a definição agrada e os ângulos de visão são bons. O furo no topo abriga uma câmera frontal e, consequentemente, favoreceu a imersão, já que o notch foi removido. E sobre as bordas, o aparelho só tem um queixo mais avantajado que não estraga tanto a usabilidade.
O alto-falante mono, localizado na parte inferior, me faz torcer o nariz. Primeiro, porque ele não é tão alto, então deixa de entregar uma experiência mais imersiva em jogos. Segundo, na minha opinião, ele deveria ser estéreo, considerando a categoria do celular, e a Motorola, infelizmente, perdeu a oportunidade de aproveitar o componente de ligações para enriquecer o sistema sonoro.
No software, o Moto G60 sai da caixa rodando o Android 11. O telefone não chega recheado de bloatwares e, além das ferramentas do Google, há aqueles apps exclusivos da Motorola: App Box, Hello You e o Moto, famoso por permitir que o usuário personalize o sistema. Você consegue ligar e desligar a lanterna com um golpe rápido (mas segure bem o celular para ele não cair); ao girar o aparelho, o app de câmera passa a abrir e ainda existem outros recursos legais.
Com mudanças significativas, o Google oficializou o Android 12, com foco na privacidade, na personalização através do Material You e nos widgets mais responsivos. Ao Tecnoblog, a Motorola confirmou que o Moto G60 vai receber essa versão em algum momento. O grande problema é: o intermediário só terá essa atualização. Enquanto isso, o Galaxy A52 e o A72 receberão o Android 12, 13 e o 14. Não dá para ignorar a decisão da Motorola, concorda?
Na traseira do telefone nos deparamos com um belo e chamativo módulo esverdeado que reúne lentes e flash. O Moto G60 conta com três câmeras que já são suficientes para este modelo, você vai entender mais a frente. Vamos a elas: a principal tem 108 MP com abertura f/1,9 (note que este é o primeiro Moto G com essa resolução alta); a secundária de 8 megapixels f/2,2 é híbrida, usada como ultrawide e macro; e encerramos com um sensor de profundidade de 2 megapixels.
A lente principal trabalha com a tecnologia Ultra pixel, prometendo nove vezes mais sensibilidade à luz, com registros mais “nítidos e brilhantes”, como resultado. Eu pude analisar que o pós-processamento do Moto G60 amplia a saturação, as cores ficam vibrantes, o que me agrada, e as sombras saem mais realçadas. A exposição, na maioria das vezes, fica controlada, porém o aparelho pode apresentar dificuldades para lidar com as aberrações cromáticas.
O sensor de profundidade possibilita ao usuário fazer o famoso modo retrato. Eu tive um problema com essa lente durante a captura de um tronco de árvore. A exposição foi completamente prejudicada e o sensor não conseguiu realizar o recorte. Em outro teste, a situação melhorou: a árvore está um pouco escurecida, mas o desfoque ficou ótimo.
A Motorola acertou muito ao adicionar uma lente híbrida neste aparelho, assim não temos a macro de míseros 2 MP para as empresas conseguirem enfatizar apenas números. No caso deste intermediário, uma lente pode trabalhar como ultrawide e macro: a primeira sofre um pouco com a nitidez e as aberrações cromáticas novamente aparecem, porém dá para notar um ganho no brilho, com destaque para o verde, azul e o branco. Já a macro não decepciona e dá para extrair bons resultados. A definição não é 100% prejudicada, o detalhamento é ainda maior em ambientes abertos e a coloração permanece intensa.
Eu também gostei do Modo Noite por me entregar registros noturnos “mais naturais”. O recurso tenta minimizar os fantasmas de iluminação artificial, se esforça para eliminar os ruídos e, por fim, o contraste é mais visível nesse tipo de cenário.
Enfim, chegamos à câmera frontal de 32 megapixels, que não impressiona, mas tem boa qualidade. Embora as sombras fiquem escurecidas demais, a definição é satisfatória e o tom da pele fica natural. Já com o modo retrato, pode acontecer de a foto estourar e o software se atrapalhar na hora de recortar o sujeito.
Caminhando para o hardware, pode-se notar números grandes nas especificações. O Moto G60 está equipado com o Snapdragon 732G, é o mesmo processador que equipa o Redmi Note 10 Pro e o Poco X3, outros bons intermediários. O chip da Qualcomm no G60 trabalha aliado a 6 GB de RAM e 128 GB de espaço interno, configuração bem semelhante ao do Galaxy A72. Esse Snapdragon não chega a ser super potente quanto outros modelos da série 800, mas também não vai gerar dores de cabeça para o usuário.
Asphalt 9, PUBG e Call of Duty rodam no smartphone da Motorola com tranquilidade. Outros títulos leves disponíveis na Play Store, pelo mesmo caminho, foram executados com desenvoltura. E mesmo com vários aplicativos abertos, eu não cheguei a notar engasgos e a multitarefa permaneceu boa.
O Galaxy M31 fez os meus olhos brilharem com a sua bateria de 6.000 mAh e como é bom observar outras marcas apostando nesses números exorbitantes. Sendo bem direto, o Motorola Moto G60 tem uma autonomia excelente e traz um carregador que também é excelente. Com o brilho da tela no máximo, modo de 120 Hz ativado e conectado ao Wi-Fi de 5 GHz, eu consumi 2 horas de Netflix, 1h de YouTube, mais 1h navegando pelas redes sociais e encerrei com 15 minutos de Asphalt 9. A bateria de 100% para 56% — uma autonomia que me fez abrir um sorriso. Imagine se o brilho da tela estivesse reduzido?
O carregador enviado na caixa é de 20 watts de potência. Não é um número surpreendente, tendo em vista que há marcas apostando em 30 e 33 watts — é outra tendência entre os intermediários avançados. Ainda assim, na prática, o acessório não faz feio: com apenas 1% de carga, eu coloquei o aparelho na tomada e os 100% apareceram após 2h12min, nada mal.
O Moto G60 foi lançado por R$ 2.699 e já aparece nas lojas por R$ 2.400. Com a chegada de outros intermediários avançados nos últimos meses, como a linha Redmi Note 10 e os Galaxy A52 e A72, o setor ficou ainda mais agitado e competitivo. Eu vejo que o Moto G60 vai conseguir brigar com eles, ainda mais se os preços baixarem. Mas, convenhamos, dava para a Motorola entregar mais, não é?
O Moto G60 é um celular de muitos prós e contras. Eu acho que o grande ponto negativo é a ausência de um painel AMOLED. Aparelhos como o Realme 7 Pro, Redmi Note 10S e o Galaxy A72 já trazem a tecnologia e, aliada a taxa de 120 Hz, o modelo tinha tudo para tirar nota 10 nesse quesito. O material mais simples do design não me desagrada, porém a certificação IP, outra tendência entre os smartphones dessa categoria, faz falta.
Dito tudo isso, você me pergunta: quem deve comprar este Motorola? O Moto G60 é para quem gosta do ecossistema da marca e procura potência a um preço mais amigável. Basicamente, ele é uma alternativa ao Moto G100, que custa quase R$ 4 mil. Caso você não seja mais resistente, vale a pena olhar os concorrentes citados neste review, que podem oferecer uma tela superior, câmeras mais interessantes e Android 12, 13 e 14.