Motorola RAZR chegou para disputar o posto de melhor Android

Rafael Silva
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• Atualizado há 11 meses

O primeiro RAZR da Motorola (também conhecido como V3) foi um dos grandes sucessos da companhia vendendo mais de 50 milhões de unidades até 2006, quando ele foi finalmente descontinuado. Vários outros modelos com o nome RAZR também foram lançados depois dele, fazendo igual sucesso. Então não é de se espantar que a fabricante queira continuar a fazer aparelhos da linha considerada o iPod dos celulares.

Avance para 2011 e vemos uma nova tentativa com o mais novo Motorola RAZR, rodando Android 2.3.5 Gingerbread. Ele segue o design fino do V3 original mas com um formato diferente e um número de melhorias sobre ele. E as similaridades param por aí, já que o seu interior é completamente diferente. Ele tem, então, potencial para carregar a linha RAZR para um novo sucesso ou vai apenas ser mais um Android? Veja o que achei do aparelho no review completo logo abaixo.

Design

Logo na cara você percebe que o RAZR sofre do gigantismo de tela que está se tornando cada vez mais padrão para as fabricantes de smartphones. Entro em detalhes sobre como essa tela é aproveitada logo no próximo item, mas já é possível dizer aqui que ela é grande demais. São 4,3 polegadas com Gorilla Glass e que deixam o aparelho com uma empunhadura ruim em mãos relativamente pequenas, que é o meu caso.

A tela é tão grande que no início eu não conseguia segurá-lo sem que tivesse medo do aparelho escorregar nas mãos. As laterais ajudam nisso por terem uma superfície que atrai bastante a oleosidade natural da pele.

Fora isso, existe a vantagem dele ser extremamente fino. Se você conta isso como vantagem, é claro. São 7,1 milímetros de espessura no seu ponto mais fino, o que quer dizer que a parte com a câmera não conta. E por ser fino, ele é leve. São 127 gramas que podem te fazer esquecer que o aparelho está no bolso.

Na parte superior do aparelho estão o conector de 3,5 mm para fone de ouvido e as saídas HDMI e USB. Na lateral direita estão o controle de volume e o botão de ligar/desligar a tela, uma escolha de design que pode confundir inicialmente aqueles que vão sempre procurar um botão na parte superior. Na lateral esquerda ficam a saída para microSIM e para um cartão microSD que, aliás, não está incluído.

Tela e Interface

As gigantes 4,3 polegadas de tela SuperAMOLED com 960 x 540 pixels do RAZR são bem aproveitadas. As cinco telas iniciais esbanjam widgets de todos os tipos, cores, formatos e tamanhos. E também estão lá os atalhos para desativar as antenas de GPS, WiFi e Bluetooth, o que é bom para preguiçosos como eu. Para a alegria geral da nação, o MotoBLUR não está mais presente, embora ainda exista um certo apêndice dele nas widgets que controlam contas em redes sociais.

Para entrada de texto a Motorola adotou nesse modelo o já conhecido teclado Swype, o que numa tela desse tamanho, não foi nada menos do que o ideal. É preciso ativar a opção de autocorreção e de feedback táctil ao digitar letras individuais para inserir palavras novas, mas esses pequenos detalhes chatos são compensados pelo fato do teclado colocar nomes dos seus amigos no dicionário e oferecer a opção de adicionar novas ao digitar palavras que não estão lá ainda.

Outra coisa que mostra a atenção da Motorola para os detalhes no RAZR foi o fato de que a tela de desbloqueio vem com a opção de ativar o modo silencioso ou a câmera. O que é bem útil em um aparelho sem um botão dedicado à essa função específica. Ademais, a tela tem um brilho já esperado para a qualidade do material e contra o sol ela não demonstrou ter muito problema com reflexos. Mas ele está presente.

A navegação no RAZR é bem suave. Não há nenhum lag perceptível entre tocar um aplicativo ou botão e a ação ser realizada, diferente de alguns Androids aí afora. Obviamente essa realidade mudou quando eu tentei abrir uma página em flash no navegador. Mas nesse caso vou dar o benefício da dúvida à Motorola e acreditar que a Adobe e a página em questão é que poderiam ser mais otimizadas.

Multimídia e qualidade de chamada

Quando uma fabricante une um celular com um player de mídia você meio que espera que ambas as funções sejam executadas de forma razoável. Mas os aparelhos Android, ao menos para mim, sempre deixaram a desejar no que dizem respeito ao player de música padrão por não oferecerem suporte a certas versões de tags ID3 e não lerem certos arquivos. A Motorola ataca esses problemas de frente com o RAZR.

O player de músicas do RAZR é, sem sombra de dúvidas, o que deveria ser padrão em todos os Androids. A interface simples acompanha o que as demais fabricantes têm feito com o Android e conta com todas as opções de playback dos outros aparelhos. Mas também conta com o suporte a podcasts e servidores DLNA, o que é uma boa vantagem. O que faz com que se player se destaque do resto, no entanto, é o fato de mostrar letras das músicas ao mesmo passo que elas são tocadas.

Já em termos de vídeo, o RAZR suporta os mais variados formatos e alguns outros que a Motorola incluiu com codecs. Os vídeos em alta definição tocaram sem engasgos por causa disso. Isso é, se você tiver tido o trabalho de colocá-los manualmente no celular, já que o programa de sincronização do PC não te deixa fazer isso (falo sobre ele mais tarde).

Mas já o áudio desses clipes, diferente do vídeo, não tocou tão suavemente no player padrão do Android. De fato, o áudio estava tão nítido quanto uma pessoa muda. Tive que baixar um aplicativo com suporte a vídeos em .mkv da loja de aplicativos para que ele funcionasse. Ao que parece a Motorola esqueceu algum codec de áudio usado nos vídeos em alta definição na hora de desenvolver o RAZR.

Embora o speaker do telefone fosse excelente, o alto-falante (que fica ao lado da câmera, atrás do aparelho) tem uma qualidade que achei menor do que ideal. Tanto em chamadas quanto na hora de ouvir músicas ou ver vídeos, ele deixou a desejar por soltar um som bastante abafado. Vou chutar que a proteção contra respingos de líquidos que a Motorola incluiu no aparelho tem alguma coisa a ver com isso.

Câmera

As fotos tiradas com o RAZR são boas, apesar de terem alguma granulação perceptível. Em fotos noturnas a câmera surpreendeu um pouco, mas somente no modo de captura noturna. Quando a foto é tirada com flash, a granulação causada pelo sensor só aumenta por causa da falta de luz o suficiente. Em compensação, a Motorola incluiu na câmera a opção de tirar fotos panorâmicas e que muito bem. Confira abaixo algumas das fotos.

A opção de gravação em altíssima definição (1080p) está desmarcada por padrão. Talvez uma ideia da Motorola de impedir que os 8 GB de armazenamento interno do RAZR sejam consumidos rapidamente, já que nesse formato ele só aguenta 33 minutos de vídeo. Com essa resolução ligada, percebi que o vídeo ficou com uma qualidade excelente para um sensor de celular. E olha que a Motorola não é exatamente conhecida por ter os melhores sensores. Digamos que ele grave vídeos melhor do que tire fotos.

Já a câmera frontal não faz milagres, mas para uma ligação no Skype ou videoconferência em outros aplicativos ela foi boa o bastante.

Aplicativos

Algumas das Smart Actions | Clique para ampliar

Para entretenimento dos compradores do RAZR, a Motorola embutiu também o jogo do Homem-aranha, que vai servir para que os donos do aparelho percebam que ter uma tela gigante nem sempre é ruim. Para mostrar que o aparelho também tem algum pé no ambiente corporativo, também estão incluídos o QuickOffice e o Citrix Receiver, programa que permite conectar em aplicativos seguros no ambiente de empresas.

Nas configurações a Motorola incluiu um item chamado detector de bolso. Ele serve para apagar a tela automaticamente quando o sensor de luz ambiente detecta uma mudança brusca de luminosidade. Soa bastante útil para economizar bateria, mas ao que parece ele está um pouco descalibrado. Ao usar o aparelho em um ambiente escuro, você pode ver a tela se apagar mais do que deveria se essa opção estiver ligada.

Também há um aplicativo chamado Smart Actions e ele segue bem à risca o sentido de Smart. Esse programa realiza uma série de ações preestabelecidas de acordo com o gatilho que você determina, que pode ser o local onde você se encontra, um intervalo de tempo ou sabe-se lá o quê. Se estiver em um local que é marcado como “trabalho”, por exemplo, você pode fazer com que ele automaticamente mude o toque para o mais alto ou execute um aplicativo específico.

Sincronização

Um diferencial que a Apple oferece com o iPhone é a presença de um software relativamente bem fácil de usar na sincronia com computadores. E fabricantes de celulares Android tentam copiar essa experiência, sendo que poucas conseguem. A Samsung chegou perto com o seu Samsung Kies e a Motorola chega ainda mais perto com o Motocast USB.

Apesar de ter uma lista considerável de requisições de outros programas e frameworks, o Motocast USB tem uma interface simples e fácil de usar. Ele imita bastante o iTunes nos gráficos e vai até além, ao trazer qualquer conteúdo que o usuário por ventura tenha no programa, detectando as pastas que contém arquivos multimídia e oferecendo a opção de sincronizar para o celular. A sincronização ocorreu de forma rápida, mas tive problemas ao tentar sincronizar fotos e vídeos para fora do aparelho. Tive que recorrer à opção de armazenamento em massa para isso.

Uma coisa que não gostei no programa, no entanto, foi o fato de que ele converte vídeos em alta definição antes de copiá-los para o aparelho. Se eu estou enviando um vídeo com resolução alta, na teoria não vou querer vê-lo em uma resolução menor do que essa, certo Motorola? Para casos como esse foi necessário novamente recorrer à opção de inserir arquivos manualmente.

Bateria

A bateria do RAZR é de 1780 mAh e a estimativa da Motorola é de que ela dure 750 minutos de conversação ou 205 horas de standby. Mas sabemos que ambos os cenários são impossíveis de acontecer, por isso sempre faço ao menos dois testes de bateria: um com uso moderado das funções e outro com uso intenso. Creio que esses dois representam o que a maioria dos usuários farão com o aparelho, por isso achei que serviriam bem para demonstrar o potencial dela.

Uso moderado | Clique para ampliar

Com uso moderado, que consiste em usar poucas conexões à internet via WiFi ou 3G, desativar as notificações, fazer poucas ligações e envio de mensagens, a bateria durou 1 dia e 4 horas antes de pedir arrego. É um tempo até razoável já que ele estava praticamente em modo standby.

Já em modo de uso intenso, com vídeo tocando, WiFi ligado e com sincronização de dados ativada consegui fazer com que 70% da bateria se esvaziasse em 5 horas e 24 minutos, o que segundo meus cálculos estimados faria com que ela durasse até 7 horas e 42 minutos nesse teste antes de chegar ao fim. É um tempo bom para quem quer usá-lo para assistir filmes durante uma longa viagem, por exemplo.

O que a Motorola incluiu para tentar auxiliar nesse aspecto foi o Smart Actions, que citei anteriormente. Segundo a empresa, é possível fazer uma economia de até 30% na bateria ativando esse aplicativo. Nele existem opções de desligar a sincronização de dados ao fundo depois que a bateria atinge uma certa porcentagem ou ainda desativar todas as conexões durante o período da noite, em que você estaria dormindo. E esses são apenas alguns dos critérios, existem vários outros.

Pontos Negativos

  • Tamanho exagerado de tela pode ser ruim para mãos pequenas;
  • Preço alto.

Pontos positivos

  • Câmera excelente para vídeos;
  • Ótimo brilho de tela por ser SuperAMOLED;
  • Economia de bateria com o Smart Actions;

Conclusão

O Motorola RAZR sem dúvida chegou para disputar o posto de melhor Android disponível atualmente no mercado Brasileiro com o Galaxy S II. Mas por R$ 2 mil no seu preço cheio, o RAZR ainda precisa oferecer mais do que somente um corpinho bonito e especificações similares ao do seu principal concorrente para valer isso tudo.

Compre o Motorola RAZR, então, se você já tiver pensando em usos específicos para ele e que não são oferecidos por nenhum outro Android high-end, até da Motorola mesmo. Se você estiver atrás de um aparelho para usar como um notebook por meio do Lapdock, por exemplo, um Atrix é um pouco mais modesto mas talvez se encaixe melhor por ser mais barato.

E é nisso que se resume a possível compra: o seu uso dele. Se você precisa ter o Android mais fino, mais moderno e não se importa de pagar caro, o RAZR é perfeito. Se você busca exatamente o que ele oferece mas quer algo mais em conta, vá de Galaxy S II.

Atualização | Originalmente o texto citava que o RAZR tinha apenas 8 GB de armazenamento, mas segundo a Motorola esse é o espaço que está disponível: ele tem mesmo 16 GB. Com isso, ele se equipara ao Galaxy S II e fica perdendo apenas no preço.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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