Review Dell G3 3500 (GTX 1650 Ti): notebook gamer de entrada de cabeça quente
O Dell G3 3500 com GTX 1650 Ti entrega jogatina até em jogos pesados, mas não sabe lidar com o calor gerado pelo hardware
O Dell G3 3500 com GTX 1650 Ti entrega jogatina até em jogos pesados, mas não sabe lidar com o calor gerado pelo hardware
Por mais que seja bacana mostrar notebooks gamer potentes e caros, os modelos mais vendidos são os com placas gráficas de entrada e esse é o caso do Dell G3 3500. Ele tem tela Full HD de 15 polegadas, GPU Nvidia GeForce GTX 1650 Ti com 4 GB só para ela, 8 GB de RAM para todo o restante do PC e ele ainda oferece um SSD NVMe no lugar do HD tradicional, o que sempre é ótimo.
Ajudando no trabalho para até mesmo rodar os games mais recentes, está um Intel Core i5 de décima geração. O notebook é sim gamer, mas com visual menos agressivo quando comparado aos Alienware da própria Dell. Será que vale a pena economizar uns trocados ao levar este modelo mais de entrada? Ele roda bem os jogos? Eu sou André Fogaça e passei as últimas semanas com este notebook na minha mesa, pra te responder tudo isso.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto. Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo.
O Dell G3 3500 foi fornecido pela Dell por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
O Dell G3 3500 fechado pode ficar bem na mesa de trabalho. Ele não tem aquela cara mais agressiva de outros modelos gamer e também não abusa da iluminação, tanto que o logo da empresa não pisca e nem fica aceso. É o normal de outros computadores não gamer da mesma marca. O único detalhe diferente por aqui é uma fina linha azul, também sem luz, que passa por todo o entorno do portátil.
De um lado a Dell colocou entrada para cartões SD, saída para fones de ouvido e duas portas USB 2.0. Do outro entra a energia, HDMI 2.0, mais uma USB que agora é 3.2 superspeed, cabo de rede e um USB-C que infelizmente não é Thunderbolt 3. Esse padrão poderia permitir um upgrade de GPU com placa externa, mas não aqui.
A Dell acerta e erra nas saídas e entradas de ar para resfriar todo o sistema. Nesse G3 ela errou ao deixar tudo pra parte traseira e em menor tamanho. Notebooks gamer são potentes e entregam desempenho impressionante, justamente por isso é importante ter um fluxo de ar generoso, já que os componentes ficam espremidos em um local tão pequeno.
Além disso, o ar quente é jogado contra a base do monitor, esquentando esse local. Eu imagino que a Dell sabe que esse detalhe não atrapalha a vida da tela, mas eu prefiro soluções adotadas pela própria empresa em outros modelos da linha G. Neles o ar é expelido para trás e não com uma barreira jogando parte do fluxo para cima.
Por aqui o teclado esquenta bastante, problema que poderia ser resolvido com mais saídas de ar quente, como acontece com o G5 5590 do ano passado. O problema desse G3 com o calor é maior do que apenas esquentar a mão, mas eu conto mais na parte dos jogos mesmo.
O G3 3500 utiliza um painel de 15,6 polegadas com resolução Full HD e tecnologia WVA, com camada antirreflexo e brilho de 250 nits. São dados que corroboram com a proposta de um notebook mais de entrada, dos simples mesmo. Eu não acredito que o WVA seja um problema, mas senti que o brilho poderia ser maior.
Eu bem sei que um notebook gamer não é o tipo de PC portátil que vai ficar do lado de fora da casa, em um dia ensolarado. Mas, se você se deparar com essa situação, vai perceber que 250 nits é pouco, mesmo com o bom trabalho da camada antirreflexo. Jogar ou trabalhar em um quarto com luz solar indireta, ou então com luz artificial, é um cenário muito mais agradável.
A reprodução de cores é boa para esse tipo de modelo e o jogador certamente ficará feliz com a taxa de atualização em 120 Hz. O display não tem suporte para G-sync, então se você quer ter a certeza de nenhuma imagem sendo cortada na sua frente, é melhor plugar um monitor externo mesmo.
Fechando a parte de imagem e som, o áudio do Dell G3 3500 é emitido com ajuda de dois falantes apontados mais para baixo, em um ângulo de 45 graus. Eles cumprem o básico pra quem quer mostrar alguma coisa pra quem está por perto.
O teclado escolhido pela Dell pro G3 3500 tem iluminação em cada tecla e vem no padrão ABNT2, com “Ç”. Ele é confortável para o trabalho e para o momento de jogo, mas pode ser menos empolgante para quem busca respostas mais rápidas nos games. Já o touchpad é espaçoso o suficiente para dar conforto em diversos momentos. Mas, jogar é uma coisa para mouse mesmo.
Ah, centralizado no topo do teclado fica o botão liga e desliga, com função extra de leitor biométrico. O reconhecimento é veloz e ele ajuda na hora de logar no Windows.
O Dell G3 3500 vem com Windows 10, mas o que você quer saber mesmo é se ele roda jogos né. Bom, para isso ele tira proveito de um conjunto mais básico para os games, que inclui uma GPU Nvidia GeForce GTX 1650 Ti com 4 GB só para ela, processador Intel Core i5 10300H com quatro núcleos e 8 GB de RAM. O conjunto diz logo de cara que não encara games com resolução maior que Full HD, mas tudo bem já que essa é a quantidade de pixels da tela do portátil.
Começando os testes, eu coloquei um MOBA no estilo League of Legends, que é o Heroes of the Storm. O jogo é leve e roda fácil até mesmo em computadores mais antigos. Não foi problema no G3 3500 não, que com tudo no máximo possível dos ajustes internos para o game, conseguiu exibir taxas entre 90 e 120 fps em muitos momentos.
Ainda em um cenário de jogo competitivo, abri outro da Blizzard: Overwatch. Este é um game um pouco mais pesado e que exige mais do hardware. Configurando pros ajustes chamados de Épico, o G3 3500 conseguiu entre 60 e 80 fps. Para chegar nos 120 fps da tela, é necessário alterar algumas configurações do game.
Passando ainda para outro competitivo, só que muito mais pesado, testei Warzone de Call of Duty. O game abriu sugerindo ajustes para o médio e alguns poucos detalhes em alto. Eu consegui médias de 50 fps com essa configuração, com alguns momentos de sofrimento. O ideal aqui é baixar a escala de resolução para 90% ou 85% e assim ganhar alguns frames extras.
Saindo do cenário competitivo, testei o conhecido e amado GTA 5. O jogo abriu sugerindo tudo em normal, mas coloquei todos os ajustes quase no máximo. O resultado foi de 40 e 50 fps em média. Com alguns ajustes aqui e ali dá pra subir essa taxa, sem problemas.
Far Cry 5 rodou bem com tudo no ultra e texturas em alta definição. A média girou entre 45 e 60 fps na ferramenta de benchmark do próprio jogo.
Para fechar com chave de synthwave, eu coloquei Cyberpunk 2077. O game é bem pesado e novo, tá rodando bem nos PCs e por aqui eu me surpreendi. A sugestão inicial do jogo era de ter os ajustes pré-definidos para médio e o game rodou bem em 30 fps.
Todos os testes foram feitos em Full HD, com escala de 100% para resolução. Em todos os cenários o Dell G3 3500 esquentou bastante, principalmente no lado direito do teclado. Como os dedos ficam no esquerdo, eu não senti o aquecimento incomodar não.
Agora, voltando ao pequeno espaço para sair ar quente, em games você pode encontrar um problemão, que é a queda no desempenho causado justamente por temperaturas acima de 90 graus na placa gráfica ou no processador. Não chegou a acontecer comigo muitas vezes, já que fiquei menos de meia hora em cada game de uma só vez, mas se você resolver entrar de cabeça por horas e mais horas em um game, poderá passar por soluços do sistema de quando em quando.
Este é um dilema sem solução, já que não dá para abrir um espaço extra na carcaça e redirecionar o fluxo de ar já criado pela Dell para as duas ventoinhas. Falando em abrir o notebook, é possível fazer upgrade de RAM e do armazenamento, mas tirar todos os parafusos e abrir a parte inferior é um trabalhão. Vá com cuidado.
O Dell G3 3500 é um bom notebook gamer para quem está com pouca grana e ainda assim quer jogar algo com gráficos bacanas, indo até mesmo para títulos mais recentes. A tela com 120 Hz ainda chama para um competitivo com resposta mais rápida, encaixando bem com o cenário de jogos atual.
O hardware encaixa bem na proposta, indo desde a placa de vídeo, quantidade de RAM ou mesmo o processador, mas o problema por aqui é justamente a saída de ar quente. Ela é pequena demais para um produto que certamente não vai rodar jogos só por meia hora, mas sim por horas seguidas.
O que me chama a atenção é que a Dell tem soluções melhores em outros modelos da mesma linha G, com saídas para as laterais enquanto a parte traseira também faz esse trabalho. Isso aumenta consideravelmente o fluxo de ar e garante desempenho mais consistente por mais tempo. Não faz sentido economizar neste ponto, já que bastam dois furos extras na carcaça.
Enfim, a escolha de colocar SSD logo de cara é bem bacana, mas eu senti que a Dell poderia fazer uma mudança: diminuir o SSD de 512 GB para 256 GB e colocar um HD de 1 TB para os jogos. Eu consegui instalar apenas os games que testei, sobrando 24 GB dos 512 GB. E olha que no Warzone eu escolhi apenas o battle royale, deixei toda a campanha e outros modos multiplayer de lado.
O preço sugerido do Dell G3 3500, com a configuração testada, é de R$ 6,3 mil. Olhando para a concorrência, os preços são muito próximos. Modelos da Samsung, Lenovo e Acer entregam sistema de resfriamento mais eficiente, o que é importante, mas nenhum deles trabalha com a GTX 1650 Ti e sim com a versão sem o sufixo. Existem melhorias no modelo escolhido pela Dell, que também é o único entregando 512 GB em SSD.
Enfim, ele é importante sim e é competente contra os concorrentes, mas me incomoda muito o sistema de resfriamento. Se você puder gastar mais e conseguir encontrar, os modelos da linha G5 da Dell não sofrem do mesmo mal.