TV OLED Sony A1E: um quadro com som impressionante

TV de 65 polegadas da Sony custa R$ 23 mil, roda Android TV e chama atenção pelo design

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

A Sony também resolveu investir na tecnologia OLED em seus televisores mais caros. Com preço sugerido de R$ 23 mil no tamanho de 65 polegadas, a A1E traz o que os japoneses podem oferecer de melhor no Brasil: painel com preto real, áudio que sai da própria tela e design diferenciado, que parece um quadro gigante repousando na estante da sala de estar.

Mas será que a primeira grande investida da Sony em TVs OLED deu certo? O Acoustic Surface é tudo isso mesmo? E o Android TV, funciona bem? Depois de horas vendo e ouvindo diversos tipos de conteúdo na XBR–65A1E, eu conto todas as minhas impressões nos próximos minutos.

Em vídeo

Design e conectividade

A XBR–65A1E tem um design bem diferente do que estamos acostumados: em vez de uma tela flutuando sobre uma base, como na maioria das TVs, temos um painel gigante e fino que se apoia em uma espécie de cavalete, posicionado na traseira. Esse cavalete é protegido com uma tampa revestida por tecido e, além de servir como um bonito detalhe estético, abriga um subwoofer e as conexões do televisor.

Elegâncias à parte, um ponto negativo do design da TV é que, justamente por estar apoiada em um cavalete na traseira, a tela fica obrigatoriamente inclinada para trás em vez de permanecer em ângulo reto. Isso não causa nenhuma distorção na imagem, mas exige um cuidado adicional com lâmpadas no ambiente, por exemplo, já que elas podem ser refletidas mais facilmente na tela. Felizmente, se você se incomodar com esse detalhe, existe a possibilidade de instalar a A1E na parede.

Visualmente, o resultado é muito bom. A moldura ao redor da tela é muito fina, e a borda inferior fica grudada na estante, contribuindo para a sensação de que a TV é maior do que realmente é. Funcionalmente, acessar as portas HDMI é um pouco chato, já que você precisa tirar a tampa gigante do cavalete, mas a Sony teve o cuidado de ao menos deixar uma entrada USB em uma portinha lateral, de fácil acesso.

Falando em conexões, não falta nada na XBR–65A1E: são quatro HDMI (todas com HDMI-CEC e HDCP 2.2), duas USB inferiores, uma USB lateral, um vídeo composto, saídas de áudio analógica e digital, uma porta Ethernet e uma entrada coaxial para TV aberta, com suporte ao padrão brasileiro de TV digital. Ela se conecta a redes Wi-Fi 802.11ac e acessórios com Bluetooth 4.1.

Imagem

As 65 polegadas de imagem são espetaculares. O painel OLED é fabricado pela LG no esquema de cores WRGB, com os pixels brancos que a outra coreana tanto cutuca, mas isso não prejudicou a qualidade do display. A A1E tem excelente uniformidade de cinza e preto, ângulo de visão quase impecável e ampla gama de cores, tornando possível ver perfeitamente pequenas variações de tons em céus, oceanos e outros degradês.

A finalização brilhante da tela até consegue lidar bem com reflexos, mas a TV só se sobressai em ambientes com iluminação controlada. Ou melhor, sem iluminação alguma. É nesses casos que o preto real do OLED impressiona, especialmente em filmes com cenas mais escuras, quando é possível diferenciar o preto do quase preto dos painéis LCD (incluindo LED e QLED).

Um ponto negativo recorrente em painéis OLED também está presente na A1E, que é o brilho mais fraco em comparação com o LCD. Ela tem força suficiente para um ambiente em condições normais, mas pode decepcionar se você instalar a TV em uma sala com bastante incidência de luz solar. O branco não aparece com tanta vitalidade em um teste controlado, mas fica muito bom em cenas reais.

O ideal é reproduzir conteúdo em 4K para aproveitar toda a capacidade do painel, mas mesmo vídeos de baixa resolução, até 720p, têm qualidade decente na A1E. O upscaling da Sony não deixa muitos artefatos visíveis na imagem e os detalhes são preservados, então nenhuma pessoa fica parecendo um boneco de Olinda. A Sony diz que a TV tem “processamento de banco de dados duplo por meio do processador 4K HDR X1 Extreme”. Seja lá qual for o nome pomposo da tecnologia, ela funciona bem.

Não consegui notar nenhum indício de burn-in ou mesmo retenção de imagem, mas eu precisaria de alguns meses de teste (que não tenho) para tirar uma conclusão baseada em um cenário real de uso.

Som

O áudio é certamente a característica mais curiosa da A1E. A tecnologia Acoustic Surface funciona com “dois atuadores atrás da TV que vibram a tela para criar som envolvente de verdade”, nas palavras da Sony. Na prática, eu noto que o som é bastante imersivo, dando a impressão de ser emitido por toda a tela antes de se espalhar pelo ambiente.

Não é possível identificar claramente de onde o som está saindo (laterais, inferior ou traseira), como em TVs que utilizam uma tecnologia mais tradicional de alto-falantes. A Sony A1E entrega boa definição de som, com qualidade acima da média de outros televisores, inclusive do segmento premium. Um subwoofer na traseira, que se encarrega dos graves, garante uma diversão ao ouvir rock pesado ou assistir a um filme de ação.

O volume também é acima da média. Se você decidir tocar uma música no Spotify, dependendo do gênero, dificilmente vai conseguir passar do volume 40/100 sem incomodar o vizinho. Os speakers integrados têm qualidade suficiente para eliminar a necessidade de uma soundbar mesmo para quem é exigente, e dão conta de festas: eles só distorcem quando o som está realmente alto.

Software

Rodando Android TV, a Sony A1E se beneficia de uma enorme gama de aplicativos; é difícil que você sinta falta de alguma coisa. Os maiores provedores de conteúdo estão lá, incluindo Netflix, YouTube, Globo, Globosat, Spotify, Amazon Prime Video, Facebook e HBO. Você pode instalar o Plex e o Kodi na Play Store, bem como alguns jogos, incluindo Modern Combat 5, Real Racing 3 e Asphalt 8, desde que tenha um gamepad.

A TV possui 16 GB de memória flash, sendo que pouco mais de 8 GB estão disponíveis para instalar aplicativos e até armazenar alguma mídia, se você quiser. Na prática, eu só consumi conteúdo por streaming, o que foi facilitado pelo fato de que o Android TV é, por si só, um Chromecast, permitindo espelhar a tela do smartphone, do computador e de qualquer aplicativo compatível com o protocolo Google Cast.

A interface se baseia em uma tela inicial que mostra uma grade de aplicativos e jogos, as entradas de vídeo e o menu de configurações, que tem ajustes para todos os gostos. Você pode controlar desde as características de imagem e som (o que inclui um brilho automático que se ajusta à iluminação do ambiente) até a intensidade do brilho do LED que fica na parte inferior da TV (bem bonito, por sinal).

O controle é feito tanto por meio do controle remoto virtual do aplicativo do Android TV quanto por meio do controle remoto físico, grande e cheio de botões. Ele tem atalhos para o Google Play Filmes e a Netflix, bem como um botão para acionar o comando por voz, que permite abrir um aplicativo ou encontrar um determinado conteúdo.

Infelizmente, a fluidez do Android TV deixa a desejar, especialmente considerando que estamos falando de uma TV de R$ 23 mil. Quem já teve experiência com televisores que rodam Tizen (Samsung) e principalmente webOS (LG) com certeza vai sentir uma grande diferença ao mexer nos recursos de Smart TV da Sony.

Há alguns engasgos nas animações da interface e, por vezes, aplicativos como YouTube e Netflix demoram dez segundos para carregar, como se não houvesse RAM suficiente. Usar a busca por voz nem sempre é a coisa mais agradável e rápida do mundo. As lentidões são intermitentes, não constantes, mas quando acontecem me fazem pensar que estou utilizando um smartphone de 400 reais.

Conclusão

A XBR–65A1E é uma TV quase perfeita. Ela tem seus defeitos, claro: o Android TV não é um sistema operacional fluido e o brilho da tela não é o mais forte do mercado. Mas o painel OLED é nada menos que impressionante se você tiver um ambiente minimamente controlado — não precisa ter uma sala escura de cinema em casa, basta tomar cuidado com a iluminação.

Além da qualidade de imagem espetacular, a XBR–65A1E tem o melhor som que eu já ouvi em uma TV; é até difícil acreditar que se trata de um áudio integrado, não um sistema dedicado. Ninguém que tenha tido contato com a TV aqui em casa deixou de comentar positivamente sobre o som.

Só que a Sony cobra pelo que entrega (e muito bem). Lançada com preço sugerido de R$ 22.999, a XBR–65A1E pode ser encontrada em promoções do varejo por valores entre R$ 18 e 19 mil, o que ainda é bem salgado. No mesmo tamanho de 65 polegadas com painel OLED, a LG oferece uma opção (E7P) por cerca de R$ 15 mil no varejo, com interface mais fluida e um som não tão impressionante, mas imagem tão boa quanto.

Se dinheiro não for um problema e você não ficar irritado com uma travadinha aqui e outra ali no Android TV, dificilmente a A1E vai causar um arrependimento. A qualidade de imagem e de som ofuscam os poucos defeitos da TV premium da Sony.

Especificações técnicas

  • Modelo: XBR-65A1E
  • Tamanho do painel: 65 polegadas (164 cm)
  • Resolução: 3840×2160 pixels
  • Taxa de atualização: 120 Hz
  • Tipo de painel: OLED (WRGB)
  • Tecnologias de imagem suportadas: HDR (Dolby Vision)
  • Potência dos alto-falantes: 5×10 watts
  • Tecnologias de áudio suportadas: Dolby Digital, Dolby Digital Plus, Dolby Pulse, DTS
  • Sistema operacional: Android TV 7.0
  • Consumo de energia: 477 watts (em funcionamento) e 0,5 watt (standby)
  • Entradas de vídeo: 4 HDMI (HDMI-CEC e HDCP 2.2), 2 RF, 1 vídeo composto
  • Saídas de áudio: 1 saída de áudio analógica, 1 saída de áudio digital
  • Outras conexões: 2 USB 2.0, 1 USB 3.0, Wi-Fi 802.11ac, Bluetooth 4.1, Ethernet
  • Dimensões (altura x largura x profundidade): 145x83x8,6 cm (sem a base) e 145x83x34 cm (com a base)
  • Peso: 29,8 kg (sem a base) e 36,2 kg (com a base)

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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