Um sistema global de rastreamento de aviões está mais perto de virar realidade
O desaparecimento do voo MH370, da Malaysia Airlines, completou oito meses em novembro. Intrigante que é, a tragédia motivou especialistas do mundo todo a se reunirem para propor uma solução capaz de evitar outros “sumiços”. O resultado é um sistema de rastreamento que, se adotado, fará cada aeronave em voo reportar a sua localização a cada 15 minutos.
Sistemas de rastreamento existem e são utilizados há tempos em várias partes do mundo. No entanto, não há um padrão eficiente de interligação entre eles que facilite a localização de um avião em tempo real e de modo independente ao local sobrevoado. Para piorar, até hoje há locais – especialmente regiões marítimas – cuja cobertura por radar ou qualquer outro mecanismo de rastreamento é precária, para não dizer inexistente.
O sistema em questão será apresentado nas próximas semanas pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) em parceria com outras entidades, incluindo a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), braço das Nações Unidas.
Na verdade, a proposta não diz respeito a uma tecnologia nova, mas sim a um conjunto de recomendações que, se adotadas, formarão um padrão internacional. A sua implementação depende de ajustes e aprovações de autoridades de todo o mundo, portanto, não se sabe quando e se a iniciativa vigorará.
Como já informado, a ideia é fazer com que todos os aviões em voo reportem a sua localização a cada 15 minutos. Mas, em caso de desvio de rota ou qualquer outra adversidade, as aeronaves deverão reportar o seu posicionamento ao menos uma vez por minuto.
Faz sentido: informações em tempo real podem ajudar autoridades a identificarem a existência de um problema em um avião e interferirem de alguma forma para evitar um acidente. Quando isso não for possível, ao menos ficará mais fácil localizar a aeronave e enviar equipes de resgaste.
Para diminuir custos ou complexidades operacionais, este sistema poderia ser flexível em regiões cuja cobertura por radares e satélites é satisfatória, mas obrigatória nas rotas sobre zonas remotas.
Há poucos detalhes técnicos sobre o assunto, até porque a proposta ainda não foi apresentada oficialmente. Mas já se sabe que a segurança é um dos pontos mais questionados. A própria IATA pretende iniciar um estudo mais profundo para descobrir como garantir a inviolabilidade do sistema.
Os custos também podem ser uma barreira, mas depois do desaparecimento do voo MH370, o setor aéreo se tornou mais receptivo a uma proposta como esta. Não por menos, algumas companhias tomaram a iniciativa de investir em sistemas de rastreamentos próprios para os seus aviões.
A Air France é um exemplo e sem causar estranheza: no início de junho de 2009, o voo AF447, ligando Rio de Janeiro a Paris, caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Os destroços, no entanto, só foram localizados quase dois anos depois.
Com informações: WSJ.com