Galaxy J3 (2016): a evolução dos básicos da Samsung
Por cerca de 650 reais, o aparelho de entrada da Samsung é uma opção a se considerar para bolsos curtos
Por cerca de 650 reais, o aparelho de entrada da Samsung é uma opção a se considerar para bolsos curtos
A linha J é a mais básica (e talvez mais abrangente) da Samsung. Ela engloba desde aparelhos como o Galaxy J1 Mini, com hardware que parece de smartphone de 2013, até celulares nem tão simples assim, como o Galaxy J7 Metal, que chega a competir com os intermediários premium e traz hardware para atender a usuários mais exigentes. No meio está o Galaxy J3.
Ele é uma opção para quem precisa de mais que um basicão, mas também não quer gastar muito. Por cerca de 650 reais no varejo, o Galaxy J3 traz resquícios de aparelhos mais simples, como o armazenamento de 8 GB e o plástico que tenta imitar couro. Em compensação, a Samsung colocou uma tela Super AMOLED de 5 polegadas e dois pontos acima da média da concorrência: RAM de 1,5 GB e processador quad-core de 1,5 GHz. Vale a pena? Eu conto neste breve review.
O Galaxy J3 é um smartphone barato da Samsung e tem cara de smartphone barato da Samsung. A traseira que tenta imitar couro (mas é só plástico rígido ao toque dos dedos) está ali, bem como as bordas de plástico pintado. É o padrão dos smartphones dessa faixa de preço, e não há muito como fugir disso. Dentro da categoria, dá para dizer que ele agrada aos olhos.
A pegada é boa, e as curvas nas laterais da traseira ajudam na ergonomia. As dimensões “reduzidas” da tela de 5 polegadas, num mercado que está tornando 5,5 polegadas um tamanho padrão (por que, fabricantes?), tornam o manuseio relativamente confortável. Diferentemente dos aparelhos mais caros da Samsung, não há retroiluminação nos botões frontais.
A tela Super AMOLED de 5 polegadas tem resolução de 1280×720 pixels e definição satisfatória. O contraste, a reprodução de cores e o ângulo de visão são bons — e sim, o preto profundo está lá. Por padrão, os tons parecem frios demais para o meu gosto, mas é possível escolher quatro modos de tela nas configurações; o Exibição adaptável tenta exibir as melhores cores de acordo com o aplicativo que está sendo utilizado.
Há dois detalhes a se considerar. Primeiro, ele não possui brilho automático, um recurso que já se popularizou há bastante tempo em aparelhos mais simples. Além disso, o brilho máximo, na verdade, não é o máximo: é possível ativar manualmente o Modo Externo, que eleva (e muito) o brilho da tela para quando você estiver sob a luz do sol, por exemplo. Talvez a Samsung não tenha liberado todo o brilho por questões de economia de energia — de qualquer forma, o máximo que não é máximo já é suficiente para quase todas as situações.
Em pleno agosto de 2016, às vésperas do lançamento do Nougat, o que eu menos espero é um smartphone com o velho Android 5.1.1 Lollipop. Não é surpresa que a Samsung demora para atualizar (ou às vezes nem atualiza) seus aparelhos mais simples, e o Galaxy J3 é mais um que entra na lista dos desatualizados. Ainda que o Android esteja mais modular e várias novidades cheguem mesmo para versões mais antigas, esse problema fere a vida útil do aparelho e o deixa mais suscetível a falhas de segurança.
A interface lembra a do Galaxy S5. É uma TouchWiz que ainda traz os ícones com cantos arredondados e o verde-azulado característico em todos os elementos da interface. Felizmente, não há muitos aplicativos pré-instalados, o que é importante num smartphone com apenas 8 GB de armazenamento. Além do pacote padrão do Google, o Galaxy J3 traz a suíte Office (com direito a 100 GB de espaço no OneDrive), três aplicativos de suporte da Samsung e o Opera Max, que ajuda a economizar dados.
Com resolução de 8 megapixels, a câmera do Galaxy J3 não é nenhum primor de qualidade. Ela é capaz de fazer boas fotos quando a iluminação estiver muito boa, mas peca bastante em qualquer situação longe da ideal. A definição se perde e as cores vão embora. O nível de ruído sobe bastante em condições de baixa iluminação, e as fotos se tornam visivelmente granuladas.
Não é uma câmera ruim para a categoria, é apenas mediana (e existem melhores). O Vibe C2, da Lenovo, que está sendo vendido na mesma faixa de preço, entrega cores mais vivas em ambientes internos e uma definição melhor, além de não sofrer tanto quanto o Galaxy J3 em fotos noturnas.
O processador do Galaxy J3 é bem peculiar. Qualcomm? Não. MediaTek? Também não. Trata-se do Spreadtrum SC9830, um processador que traz CPU quad-core (Cortex-A7) de 1,5 GHz e GPU Mali–400MP2. Os núcleos são de 32 bits (em contraste com os Cortex-A53 de 64 bits que estão vindo nos aparelhos mais recentes), mas rodam em frequência acima do que estamos acostumados. Na prática, o desempenho bruto da CPU é similar ao Snapdragon 410 (quad-core Cortex-A53 de 1,2 GHz).
E embora o hardware não seja muito conhecido, ele entrega bom desempenho. O Galaxy J3 não dá conta de jogos mais pesados, mas enfrenta bem as demandas do dia a dia, como navegação no Chrome, redes sociais e aplicativos de mensagens. A fluidez é notavelmente melhor que a do Vibe C2, provavelmente pela RAM de 1,5 GB, que dá uma ajuda extra.
É uma pena que a Samsung tenha pecado no armazenamento, de 8 GB, o que praticamente obriga o usuário a comprar um microSD e gerenciar de perto os aplicativos instalados. Ainda assim, considerando os concorrentes, eu tendo a gostar mais de um aparelho com 8 GB de espaço e 1,5 GB de RAM do que 16 GB de espaço e 1 GB de RAM — simplesmente porque o armazenamento pode ser expandido, enquanto a RAM limitada torna o desempenho ruim até o fim da vida útil do aparelho.
A bateria também dura. O Spreadtrum SC9830 se mostrou econômico, e eu consegui chegar até o final de quase todos os dias com algo entre 35% e 45% de bateria. No meu dia de testes, tirei o smartphone da tomada às 12h, ouvi streaming de música no 4G por 2 horas e naveguei na web pelo 4G por 1h20min, também pela rede móvel. A tela, que ficou ligada por exatamente 1h37min, estava com o brilho em 60%. Às 23h40, o nível alcançou os 42%.
O Galaxy J3 tem os problemas conhecidos dos smartphones mais acessíveis da Samsung: o Android é desatualizado, o acabamento não é aquelas coisas e ele não se destaca em nada. Ainda assim, os coreanos entregam um aparelho bem equilibrado: nada se destaca, mas nada decepciona. A bateria dura bastante, a câmera funciona com boa iluminação e, o que é mais importante, o desempenho é consistente para um aparelho de baixo custo.
O principal comprometimento do Galaxy J3 está no armazenamento, de apenas 8 GB — bem que a Samsung podia dar uma de Alcatel e mandar um microSD de brinde na caixa. Mas nem sempre é possível mover todos os dados para um cartão de memória, então uma memória flash limitada invariavelmente compromete a experiência de uso, especialmente antes do Android 6.0 Marshmallow.
Para orçamentos mais curtos, o Galaxy J3 é uma opção interessante em sua faixa de preço. Em relação ao concorrente Vibe C2, a experiência de uso é melhor devido ao desempenho superior. No entanto, o “ponto ideal” do custo-benefício para gastar menos e ter um aparelho bacana ainda parece estar nos 900 reais, quando surgem aparelhos como o Moto G4 Play e outros pré-intermediários, como o Quantum Go.