Chip Snapdragon

O Snapdragon 850 está vindo aí. Mas não pense que o chip é um sucessor direto do Snapdragon 845: se o plano der certo, a novidade vai marcar a entrada definitiva da Qualcomm no mercado de computadores portáteis, mais precisamente, no nicho que segue as propostas Always On ou Always Connected PC (ACPC), ou seja, equipamentos que estão sempre ligados e conectados.

Esse não é exatamente um território inexplorado pela Qualcomm. No final de 2016, a Microsoft confirmou o suporte do Windows 10 e a emulação de softwares x86 em plataformas ARM. Parte desses esforços veio da Qualcomm, que ajudou a compatibilizar o sistema com chips como Snapdragon 820, 821 e, principalmente, 835.

Como previsto, os primeiros portáteis com processador Snapdragon e Windows 10 surgiram no ano passado pelas mãos de companhias como Asus, HP e Lenovo. Mas essa foi, de certa forma, uma fase experimental, pois não dá para dizer que os equipamentos fizeram sucesso: eles são baseados no Snapdragon 835 que, apesar de ser um excelente chip, foi desenvolvido originalmente para smartphones ou, quando muito, tablets.

Com o Snapdragon 850, a Qualcomm prepara o terreno para uma estreia de verdade no segmento de laptops conversíveis e afins. O processador é um Snapdragon 845 melhorado para suportar esses equipamentos mais adequadamente. Faz sentido que o atual chip high-end da Qualcomm seja usado como base: em relação ao Snapdragon 835, ele é até 20% mais econômico no consumo de energia e até 30% mais rápido em determinadas tarefas.

Asus NovaGo com Snapdragon 835

Asus NovaGo com Snapdragon 835

Na comparação com o Snapdragon 845, o novo chip traz os mesmos oito núcleos Kryo 385, mas com frequência de 2,95 GHz em vez de 2,8 GHz. Outras características incluem ajustes no firmware e mais aproveitamento de recursos de inteligência artificial. O restante das especificações praticamente não muda: a GPU Adreno 630 está lá, bem como o modem LTE Snapdragon X20, que pode receber dados à taxa de 1,2 Gb/s (gigabits por segundo).

Se esse é um “agora vai”, ninguém sabe ainda. Apesar do progresso, a preocupação com o desempenho dos chips ARM com o Windows 10 ainda causa desconfiança; os equipamentos anunciados no ano passado receberam muitas críticas a respeito de incompatibilidades.

De todo modo, a Qualcomm vê potencial nesse nicho: equipamentos ACPC seguem mais ou menos o padrão de funcionamento dos smartphones, isto é, são projetados para ficar permanentemente ligados e conectados a redes móveis, razão pela qual devem oferecer bastante autonomia.

Os trabalhos junto à Microsoft continuam, de acordo com a Qualcomm. Ambas as companhias têm acertado problemas identificados no ano passado. De fato, a Microsoft liberou, em abril, uma atualização para Windows 10 que melhora a compatibilidade de diversas aplicações com o ARM.

Além disso, a Qualcomm disponibilizou um SDK para que desenvolvedores possam otimizar seus aplicativos — aqui pesa a premissa de que é melhor ter código nativo do que emular.

A Samsung deve ser a primeira companhia a lançar equipamentos baseados no Snapdragon 850. Faz sentido se levarmos em conta que há uma discussão sobre fabricantes de dispositivos móveis terem mais chances de sucesso nesse segmento por estarem habituados com a plataforma ARM.

Não por acaso, há relatos de que os portáteis da Asus lançados no ano passado apresentam conexões mais estáveis porque, com base em sua experiência com smartphones, a companhia soube posicionar a antena nos dispositivos de modo mais eficiente.

Com informações: AnandTech.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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