Motorola One Fusion: bateria que manda bem

Com bateria de 5.000 mAh e quatro câmeras na traseira, Motorola One Fusion oferece boa experiência, mas merecia tela melhor

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 10 meses
Motorola One Fusion

O Motorola One Fusion é um dos celulares intermediários que chegaram ao mercado brasileiro no meio de 2020. Com preço oficial de R$ 1.799, mas já podendo ser encontrado com desconto, o modelo chama atenção logo de cara pela generosidade de sua bateria: o componente tem 5.000 mAh.

Depender menos de tomadas é bom, mas não é só isso o que importa. O One Fusion também traz tela IPS LCD de 6,5 polegadas, processador Snapdragon 710, 4 GB de RAM e um conjunto de quatro câmeras na traseira, a principal com sensor de 48 megapixels.

É uma ficha técnica interessante para um aparelho intermediário. Mas como ele se comporta na rotina diária? O desempenho geral é bom? As câmeras convencem? E essa tela aí? Eu testei o smartphone por duas semanas e conto os detalhes a partir de agora.

Análise do Motorola One Fusion em vídeo

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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O One Fusion foi fornecido pela Motorola por empréstimo. O produto será devolvido à empresa após os testes.

Design, acabamento e áudio

A Motorola lançou o One Fusion em duas cores: azul safira e verde esmeralda. Esta última é a versão que aparece aqui. Já adianto: ela é lindona! Trata-se de uma ótima opção para quem gosta de tons sóbrios, mas quer fugir da tradição do preto.

Motorola One Fusion - lateral inferior

O acabamento é todo de plástico, mas o material é firme e não escorrega facilmente das mãos. De qualquer forma, o One Fusion vem de fábrica com uma capinha de silicone que, convenhamos, é de uso obrigatório: riscar a traseira não me parece nada difícil.

Para incrementar o aparelho, a Motorola incluiu no topo da lateral direita um botão físico para o Google Assistente. O problema é que ele fica muito próximo dos demais botões. Acaba sendo fácil confundi-lo com o botão liga / desliga, pelo menos nos primeiros dias de uso.

Piora: não dá para reprogramar o botão para outras funções. Seria ótimo usá-lo para ativar a câmera rapidamente, por exemplo.

O One Fusion não é dos mais finos: a espessura é de 9,4 mm
O One Fusion não é dos mais finos: a espessura é de 9,4 mm

Com relação às demais laterais, a esquerda abriga a gaveta híbrida de chips (dois SIM cards ou um SIM card mais um microSD), a parte superior conta com a conexão para fones de ouvido e a inferior traz a porta USB-C.

Motorola One Fusion - lateral superior

Alto-falante? A Motorola colocou esse componente na traseira. Não gostei disso. Se você deixar o One Fusion sobre a mesa, por exemplo, o som vai ficar um pouco abafado. O volume máximo consegue ser alto, mas fica estridente com relativa facilidade. Use fones de ouvido para ser feliz.

O alto-falante é esse "risco" aí na traseira
O alto-falante é essa abertura aí na traseira

Tela

6,5 polegadas. Esse é um tamanho bem generoso e, por isso, acho que essa tela merecia ser full HD+. Mas não é. O visor do Motorola One Fusion tem 1600×720 pixels e 269 ppi. Isso significa que, se você olhar bem para os ícones, por exemplo, conseguirá distinguir pixels em alguns pontos.

No quesito aproveitamento do espaço frontal, o aparelho ganha pontos por ter um notch em forma de gota. Por outro lado, o modelo deixa bastante espaço sobrando naquele queixo ali embaixo.

Motorola One Fusion - tela

Mais um detalhe: o brilho máximo não é dos mais fortes. Dá para usar o One Fusion na rua em um dia ensolarado, mas, nessa condição, talvez você tenha que fazer algum esforço para enxergar o conteúdo da tela.

Apesar disso, a experiência de uso da tela não chega a ser ruim. Este é um painel IPS LCD que exibe cores vívidas, portanto, dá para assistir a vídeos numa boa, por exemplo. Além disso, a visualização sob ângulos variados até que é decente para um display do tipo.

Software

O Motorola One Fusion vem de fábrica com o Android 10 e uma interface pouco modificada. No quesito software, o destaque vai para o já tradicional conjunto de personalizações trazido pelo aplicativo Moto. Por meio dele, você pode escolher rapidamente o layout dos ícones na tela inicial ou mudar o plano de fundo, por exemplo.

Motorola One Fusion - software

Por ali também encontramos o bom e velho Moto Ações, que usa gestos com o aparelho para ativar determinados recursos. Eu gosto muito da opção que aciona a lanterna quando o celular é agitado duas vezes seguidas.

Também merece menção, mesmo também não sendo novidade, a barra inferior que substitui os botões do Android. É necessário arrastá-la para cima para conferir os aplicativos que estão abertos, por exemplo. Você pode se atrapalhar no começo, mas logo pega o jeito e percebe que esse recurso é bem prático.

Hello You
Hello You

Mas admito que algumas coisas irritam, a exemplo do Hello You, da própria Motorola. O aplicativo funciona como um central de conteúdo com notícias sobre política, negócios, tecnologia e outros assuntos, além de indicar jogos e podcasts. É um recurso legalzinho até. O problema é que o Hello You exibe notificações com muita frequência.

Câmeras

Em um “ponto de exclamação invertido” a Motorola colocou quatro câmeras. De cima para baixo, elas têm 8 megapixels (grande angular), 48 megapixels (principal), 5 megapixels (macro) e 2 megapixels (profundidade).

Motorola One Fusion - câmeras

Esse é um bom conjunto, pelo menos se nos lembrarmos da categoria intermediária do modelo. Em boas condições de iluminação, as fotos feitas com o One Fusion têm definição decente e bom controle de ruído.

Porém, eu sinto que falta um pouco mais de vivacidade nas cores, principalmente na grande angular, embora esta tenha a tendência de exibir tons ligeiramente mais quentes na comparação com a principal.

Foto feita com o Motorola One Fusion
Principal
Foto feita com o Motorola One Fusion
Grande angular
Foto feita com o Motorola One Fusion
Principal
Foto feita com o Motorola One Fusion
Grande angular
Foto feita com o Motorola One Fusion
Principal
Foto feita com o Motorola One Fusion
Grande angular

O bônus aqui é a câmera macro. Até que ela faz um bom trabalho. Os objetos focados são exibidos com um nível interessante de nitidez. O problema é que o focagem testa a sua paciência. O foco falha facilmente até em ambientes claros, o que te obriga a respirar fundo e a tentar várias vezes para a foto ficar legal.

Foto feita com o Motorola One Fusion
Macro

Por fim, temos a simplória câmera de profundidade. Achei curioso que, mesmo com ela, o objeto em primeiro plano pode ter erros de desfoque. Diante disso, fiquei me perguntando se ela não poderia ter sido simplesmente substituída por um modo equivalente em software.

Foto feita com o Motorola One Fusion
Fundo desfocado (e um pouco da árvore também)

A Motorola faz questão de destacar o Night Vision, modo que promete destacar cores e detalhes em cenas noturnas. Funciona. Às vezes, o resultado fica um tanto forçado, mas, dependendo das circunstâncias, dá mesmo para deixar a imagem mais interessante.

Foto feita com o Motorola One Fusion
Sem Night Vision
Foto feita com o Motorola One Fusion
Com Night Vision

Ali na frente, o One Fusion traz uma câmera de 8 megapixels que cumpre bem a sua missão. Também senti falta de cores um pouco mais intensas aqui, mas, de modo geral, as selfies feitas com esse sensor exibem níveis muito bons de detalhamento no primeiro plano, inclusive em condições de luz reduzida.

Selfie feita com o Motorola One Fusion
Selfie feita com o Motorola One Fusion
Caiu o pagamento

Desempenho e bateria

O hardware básico do Motorola One Fusion é composto por um chip octa-core Snapdragon 710, 4 GB de RAM e 64 GB para armazenamento de dados (mas também existe uma versão com 128 GB). Não que já não estivesse claro, mas é neste ponto que a gente percebe que, de fato, este é um celular intermediário.

Tudo o que eu rodei aqui foi executado sem travamentos ou fechamentos inesperados. Nenhum aplicativo demorou para abrir, mesmo os mais pesados. Porém, eu notei discretos engasgos ao alternar entre apps quando há muitos deles abertos.

Além disso, jogos como Asphalt 9: Legends e Breakneck rodaram bem, mas, no primeiro, notei queda na taxa de frames com os gráficos configurados para o nível máximo. Se você deixar os jogos com configuração automática ou optar por aqueles que não exigem muitos recursos, não terá problemas com isso.

Motorola One Fusion - traseira

Como você já sabe, a bateria tem 5.000 mAh. Com essa capacidade, seria estranho se ela não fizesse o One Fusion ter bastante autonomia. E ele tem. O aparelho pode ficar até dois dias longe da tomada com alguma facilidade.

Fiz os testes de bateria no decorrer de uma dia, começando com carga em 100%. Foram duas horas de Netflix com brilho máximo na tela, mais meia hora de YouTube, cerca de 40 minutos de Asphalt 9: Legends e Breakneck somados, uma hora de Spotify via alto-falante, quase uma hora e meia de navegação e redes sociais (também somados), além de uma chamada de 10 minutos.

No final do dia, por volta das 22:00, o One Fusion ainda tinha em torno de 55% de carga. Só é uma pena a recarga não ser tão rápida: com o carregador de 10 W que acompanha o smartphone, tive que esperar cerca de 2h30min para fazer a carga ir de 10% para 100%.

O Motorola One Fusion vale a pena?

A resposta curta é: sim, mas com algumas considerações. Começa pela tela. É verdade que a Motorola reservou um display mais caprichado para o One Fusion+ (full HD+ com HDR10), mas bem que o One Fusion merecia uma resolução maior.

Além disso, aquela saída de som na traseira não é muito legal. E, cá entre nós, eu trocaria fácil aquele botão físico do Google Assistente por NFC, por exemplo (pois é, esse recurso não está presente).

Motorola One Fusion - gaveta de chips

Em compensação, o desempenho geral é consistente para um intermediário, o celular tem visual bonito e sóbrio ao mesmo tempo, e as câmeras não impressionam, mas fazem seu trabalho com dignidade. Levemos em conta também que o software é estável e até que bem personalizável.

O ponto forte é mesmo a bateria. Ok, 5.000 mAh não são novidade para a Motorola. Essa mesma capacidade está presente em modelos como Moto G8 Power e Motorola Edge+. De todo modo, é bom ver a autonomia sendo tratada com cada vez mais prioridade.

Mas eu recomendo fechar negócio apenas se o One Fusion estiver com preço perto de R$ 1.500 (ou menos). Se for para pagar R$ 1.799, como a Motorola sugere, é melhor partir para opções que entregam um conjunto de hardware mais equilibrado, como o Samsung Galaxy A51, que tem tela melhor, NFC e TV digital, por exemplo, e já pode ser encontrado por valores entre R$ 1.600 e R$ 1.700.

Motorola One Fusion - capa de silicione

Especificações técnicas

  • Tela: 6,5 polegadas, HD+ (1600×720 pixels), 269 ppi, proporção 20:9
  • Processador: Qualcomm Snapdragon 710 (octa-core de 2,2 GHz) com GPU Adreno 616
  • RAM: 4 GB
  • Armazenamento: 64 GB (modelo testado) ou 128 GB expansíveis com microSD de até 512 GB
  • Câmeras traseiras:
    • Principal: 48 megapixels, abertura f/1,7
    • Grande angular: 8 megapixels, abertura f/2,2, 118 graus
    • Macro: 5 megapixels, abertura f/2,4
    • Profundidade: 2 megapixels, abertura f/2,4
  • Câmera frontal: 8 megapixels, abertura f/2,2)
  • Bateria: 5.000 mAh com carregador TurboPower de 10 W
  • Sistema operacional: Android 10
  • Conectividade: USB-C, conexão para fones de ouvido, Bluetooth 5.0, Wi-Fi 802.11n, GPS, AGPS, Glonass, Galileo
  • Sensores: impressão digital na traseira, proximidade, giroscópio, acelerômetro, luminosidade
  • Dimensões e peso: 165 x 75,9 x 9,4 mm, 205 g
  • Outros: alto-falante na traseira, botão físico para o Google Assistente, cores verde esmeralda ou azul safira

Motorola One Fusion

Prós

  • Bateria com bastante autonomia
  • Visual sóbrio e bonito
  • Software com boas opções de personalização
  • Conjunto decente de câmeras

Contras

  • A tela merecia ser full HD+
  • Alto-falante na traseira não é legal
  • Faltou um carregador rápido
Nota Final 8.4
Bateria
10
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
9
Design
9
Software
8
Tela
7

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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