Alemanha também quer manter os dados do Google e Facebook em servidores na Europa
A presidente Dilma Rousseff tem companhia no projeto para manter os dados dos cidadãos em servidores localizados em território nacional. A chanceler alemã Angela Merkel vai nessa semana à França discutir os detalhes de um projeto para obrigar que o Google, o Facebook e outros serviços de internet protejam a privacidade dos usuários. Ela também propõe que a guarda dos dados seja feita na Europa.
A ideia por trás do projeto é absolutamente simples: manter os dados no próprio território para evitar a espionagem praticada pelos Estados Unidos e outros países. Assim como no caso brasileiro, em que o dispositivo do armazenamento local está previsto no Marco Civil da Internet, também na Alemanha – e na Europa – há pontos pouco claros. Por exemplo, o que acontecerá se o Google mantiver as informações do Google+ em um servidor nacional, mas replicadas em território estadunidense? Ainda assim, em tese, continua fácil para a NSA vasculhar as comunicações das pessoas.
Para chegar nesse resultado, Merkel acredita que o ideal é criar redes de dados europeias para manter as informações no lado de lá do Atlântico, segundo informações do New York Times.
Algumas operadoras de telefonia como a Deutsche Telekom (claro!) já se prontificaram a auxiliar na criação das tais redes. Ainda estou em dúvida sobre como essa estrutura vai funcionar, até porque Merkel não ofereceu outros detalhes sobre o projeto. Assim como a presidente Dilma não explicou exatamente como a guarda de dados vai favorecer os cidadãos.
Em entrevista ao canal oficial do governo no YouTube, Angela Merkel foi incisiva: “Nós precisamos fazer mais pela proteção de dados na Europa. Isso não é, nem de longe, uma pergunta”.
Vale lembrar que Dilma e Angela foram às Nações Unidas reclamar da espionagem. Aos alemães, o presidente americano Barack Obama prometeu que o monitoramento dos telefones da chanceler seria desativado. À brasileira, por ora só silêncio. A presidente Dilma cancelou a viagem que faria aos Estados Unidos no segundo semestre de 2013 como forma de protesto e de cobrança. O Planalto ainda não marcou a nova data da viagem.
Como se vê, a espionagem promete ser o assunto de 2014. Hoje mesmo nós noticiamos aqui no Tecnoblog que a Coreia do Sul decidiu banir o uso de equipamentos da Huawei em comunicações militares, a pedido dos Estados Unidos. O motivo? A chinesa Huawei poderia facilitar o acesso dos espiões do regime de Pequim aos dados americanos e sul-coreanos.