Cyanogen promete versão do Android independente do Google e com loja própria
O CyanogenMod muitas vezes é a primeira escolha de quem quer se livrar de bloatwares ou do desempenho sofrível do Android instalado em seu aparelho. Mas, dentro de alguns anos, a ROM poderá ser também a opção para aqueles que desejam uma versão do sistema mais independente do ecossistema do Google.
Parece improvável que tamanha dissociação possa ser feita, mas é exatamente este o plano de Kirt McMaster, CEO da Cyanogen. O executivo vem criticando há meses a forma como o Google conduz o universo do Android, já tendo inclusive chamado a empresa de “tirânica” em relação ao assunto.
No evento “Next Phase of Android”, promovido na última semana pelo The Information, o executivo reforçou seu posicionamento explicando que a plataforma não é tão aberta quanto poderia. Somente o Google tem acesso às “profundezas” do sistema e, por esta razão, desenvolvedores externos não conseguem criar aplicativos que se integram totalmente ao Android.
McMaster deu como exemplo o Google Now. O assistente se conecta ao núcleo do sistema, razão pela qual realiza tarefas tão abrangentes. Mas aplicativos de terceiros não têm o mesmo privilégio. Se tivessem, o Yahoo Aviate, por exemplo, poderia ser muito mais que um launcher, na visão do executivo.
Para a Cyanogen, a solução para o problema está na criação de uma versão do Android totalmente aberta e, consequentemente, livre das “garras” do Google, tanto quanto possível.
A Cyanogen vem trabalhando nisso. “Hoje, temos alguma dependência do Google. Amanhã, não mais”, promete McMaster. Mas há um preço: o Google não impede a criação de forks do Android, por outro lado, proíbe a integração de seus serviços nestes projetos.
O CyanogenMod “independente” não poderá contar nativamente com serviços como Gmail, Google Now ou Google Play, como consequência. É uma limitação e tanta, dado o alcance das ferramentas do Google.
Para contornar esta limitação, a Cyanogen fala em trabalhar com parcerias e em criar sua própria loja de aplicativos, ideia esta que inclusive adicionaria à empresa uma nova fonte de receita. Kirt McMaster espera anunciar o serviço dentro dos próximos 18 meses.
Só não está claro se a loja será aberta a dispositivos Android sem CyanogenMod. É provável que sim, mesmo porque a versão “independente” da ROM deve levar de três a cinco anos para aparecer.
De modo geral, a ideia é vista com desconfiança. A maioria esmagadora dos usuários do CyanogenMod busca um sistema mais limpo ou com melhor desempenho, mas não necessariamente livre da estrutura do Google. A tal independência pode ser tida por potenciais usuários como uma desvantagem, no final das contas.
Se a ideia for levada adiante, deverá ser conduzida com bastante cuidado, portanto. A Amazon obteve relativo sucesso com a sua derivação do Android (Fire OS), mas tem enorme capital e seus serviços como base. Já a Cyanogen é bem mais limitada em recursos.
Com informações: Android Authority, The Information