De primeiro de janeiro a 31 de maio, você e todos os brasileiros trabalharam exclusivamente para pagar as taxas, impostos e tributos determinados pelo governo. A conta do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributos (IBPT) leva em consideração o que foi cobrado nas esferas municipal, estadual e federal.
Dizem que uma das certezas da vida são os impostos. De acordo com o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, esta certeza só faz aumentar: lá em 2006, os brasileiros trabalharam 145 dias no ano para arcar com as cobranças impostas pelo poder público. Desde então, este número subiu para 151 dias. Quase uma semana a mais.
A arrecadação saltou de R$ 1,87 trilhão em 2013 para R$ 1,95 trilhão no ano passado. É inegável que o Brasil se tornou o país do trilhão. A carga tributária passou de 33,19% para 35,42%.
Os geeks e nerds de plantão estão entre os que mais sofrem com a mordida do governo em cima do consumo. Segundo Olenike, os produtos eletrônicos são considerados supérfluos (como ousam?!). “O legislador entende que eles não são tão necessários à população. No caso específico de informática e telefonia, existem alguns incentivos que o governo dá para que a carga não fique ainda mais alta”, completou.
O seu último notebook, por exemplo: se ele custou mais do que R$ 3 mil, isso quer dizer que o governo abocanhou 33,62% do valor que aparece na nota fiscal. Seu monitor novinho em folha deu à União ainda mais grana: 39,92% de impostos.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação fez uma listagem da facada que a gente recebe cada vez que compra um gadget. Confira na lista abaixo:
- Notebook ou desktop de até R$ 3 mil – 24,30%
- Notebook ou desktop acima de R$ 3 mil – 33,62%
- Celular comum – 33,08%
- Smartphone – 33,08%
- Tablet – 39,12%
- Impressora – 33,67%
- Monitor – 39,92%
- Videogame (aparelho e jogos) – 72,18%
Isso sem falar, claro, nos impostos sobre a produção e sobre a renda. Ainda de acordo com Olenike, outros países adotam a prática de taxar mais no Imposto de Renda e menos no consumo. Nas palavras dele, nenhum caixa de supermercado pergunta o quanto você ganha antes de te vender um produto. Deveria ser o contrário: tributar mais em cima dos ganhos – obtidos de um ano para o outro – e menos na hora da compra. “Aí você realmente cobra de quem teve um acréscimo de riqueza. No consumo, infelizmente você prejudica quem ganha menos.”
Ele se posicionou contra o imposto sobre grandes fortunas, que de acordo com a Folha de São Paulo, era uma proposta do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega barrada posteriormente pelo atual chefe da pasta, Joaquim Levy. “Não deveria nem sair do papel. É mais um imposto que vai pegar um número tão pequeno de pessoas que não refrescará nada para o governo”, comentou Olenike. Mesmo assim, os supostos R$ 6 bilhões que o projeto poderia garantir neste ano encheram os olhos do governo federal, numa época de ajuste fiscal.
Achou muito? Pois fique preparado: novos aumentos estão previstos até o fim do ano.