Talvez o iPhone 7 tenha um processador mais potente que o do seu notebook

Os números do Apple A10 Fusion são bizarros

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 11 meses

Todo ano a Apple desenvolve um novo processador para os iPhones, e todo ano precisamos esperar alguns dias para descobrir do que eles realmente são capazes. Os primeiros benchmarks confiáveis do iPhone 7, equipado com o processador Apple A10 Fusion, saíram nesta terça-feira (13). E os números são bem impressionantes.

O A10 Fusion é o primeiro chip com CPU quad-core a equipar um iPhone; até então, todos eram dual-core. Ele segue o esquema big.LITTLE que estamos acostumados nos processadores da Qualcomm e Samsung: são dois grupos de núcleos, sendo dois núcleos de alto desempenho (que chegam a 2,34 GHz) e outros dois de economia de energia, que deverão ficar ativos na maior parte do tempo.

Os números divulgados pelo Ars Technica me chamaram a atenção: o iPhone 7 atingiu 3.506 pontos em single-core e 6.073 pontos em multi-core no Geekbench 3. É um grande avanço em relação ao processador dual-core Apple A9, do iPhone 6s. Na prática, o desempenho bruto melhorou em cerca de 40% em relação à geração anterior, que chegava a 2.537 e 4.410 pontos, respectivamente.

O legal é que o Geekbench 3 é multiplataforma e mede o desempenho bruto da CPU, independente do sistema operacional — não há “otimizações” de software influenciando os números, como acontece nos benchmarks dependentes de plataforma. E isso nos permite fazer umas comparações bem interessantes.

Por exemplo, ele é 15% mais rápido em multi-core que o Snapdragon 820, um dos mais potentes disponíveis no Android. E se a gente for comparar com o mundo x86, o Apple A10 Fusion tem mais poder que um Core i5 de 6ª geração de notebook (!). A lista do desempenho de CPU, portanto, fica assim (números do Ars Technica e do Geekbench, ordenados por pontuação multi-core):

  • Core i7–6500U: 3.174 single-core e 6.679 multi-core;
  • A10 Fusion: 3.506 single-core e 6.073 multi-core;
  • Core i5–6200U: 2.829 single-core e 5.905 multi-core;
  • A9X: 3.179 single-core e 5.367 multi-core;
  • Snapdragon 820: 2.312 single-core e 5.269 multi-core;
  • Core i5-5200U: 2.457 single-core e 4.795 multi-core;
  • Snapdragon 810: 1.347 single-core e 4.576 multi-core;
  • A9: 2.537 single-core e 4.410 multi-core.

Repare que a superioridade do x86 em desempenho bruto deixa de existir quando estamos falando de processadores voltados para máquinas portáteis — nos desktops e servidores, claro, as CPUs são bem mais poderosas (um deca-core Core i7-6950X, um dos mais potentes que temos hoje, alcança 4.500 em single-core e 30.000 em multi-core). A pontuação do Geekbench é diretamente proporcional; o dobro de pontos significa o dobro de desempenho.

A parte gráfica do A10 Fusion também não fez feio. No teste offscreen do GFXBench GL, que desconsidera a resolução da tela e leva em conta o desempenho bruto da GPU, o iPhone 7 Plus ficou um pouco acima dos Androids mais caros, como Galaxy Note 7 (versão norte-americana, com Snapdragon 820, não Exynos) e HTC 10, com o Nexus 6P bem atrás:

gfxbench-gl-offscreen

Já quando se considera a resolução, no teste Manhattan, o iPhone 7 (1334×750 pixels) leva vantagem significativa. Enquanto o iPhone 7 mantém uma taxa de 58,8 frames por segundo, o Galaxy Note 7 (2560×1440 pixels) atinge apenas 28 fps — menos da metade. O Nexus 6P, que traz um processador mais antigo, o Snapdragon 810, mas também possui uma tela de altíssima definição, sofre mais ainda, com 18 fps.

gxbench-gl-onscreen

Os processadores para iPads costumam ser mais rápidos que os dos iPhones, então é provável que vejamos uma CPU ainda mais potente da Apple nos próximos meses. Se a Apple não trocar os processadores da Intel nos Macs por chips próprios, certamente não será por falta de desempenho.

Receba mais sobre iPhone 7 na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Relacionados