Meta Quest 3: um headset completo para novos usuários
Novo dispositivo de Mark Zuckerberg é um headset confortável para realidade mista e virtual; jogos ainda são o chamariz para o dispositivo
Novo dispositivo de Mark Zuckerberg é um headset confortável para realidade mista e virtual; jogos ainda são o chamariz para o dispositivo
Direto de Menlo Park, EUA — O Meta Quest 3 foi devidamente apresentado ao público durante o Meta Connect. Eu tive a oportunidade de experimentar o headset de realidade mista/virtual por alguns minutos e trago algumas impressões sobre esse dispositivo que tenta abraçar o maior número de usos possíveis por US$ 499.
Para começar, preciso fazer uma observação: eu nunca tinha tido uma experiência com headsets de realidade virtual ou realidade mista. O Meta Quest 3 foi meu primeiro contato com a tecnologia e as demonstrações do dispositivo só incluíam jogos; não tive acesso a recursos de produtividade ou mídia.
O Meta Quest 3 teve algumas melhorias em relação ao Meta Quest 2, como a adição da realidade mista. Segundo Mark Rabkin, vice-presidente de VR da Meta, o Meta Quest 3 é de longe o headset mais confortável construído pela empresa.
Após ajustar devidamente o Meta Quest 3 na minha cabeça, quase esqueci que estava vestindo o dispositivo. Não posso afirmar que é mais confortável que o Apple Vision Pro, por exemplo, mas me agrada não ter uma bateria externa pendurada ao headset por um fio.
A propósito, a Meta estima que o Meta Quest 3 dure de 1,5 a 2,9 horas com uma carga, dependendo do uso — sendo a menor duração para produtividade e a maior para consumo de mídia. Os controles, infelizmente, são alimentados por pilhas AA.
É pouca bateria, mas para estender a duração os consumidores podem comprar o “Elite Strap”, uma alça que custa US$ 129,99 e promete estender a atividade em até 2 horas. Parece-me um mal necessário, especialmente para o consumo de mídia, considerando que hoje é comum os filmes chegarem às 3 horas de duração.
Os controles também são leves e agradáveis. Minha única queixa é em relação às pilhas. Os controles do Meta Quest Pro já trazem bateria com carga para até 10 horas de atividade. No caso do Meta Quest 3, o usuário precisará comprar mais pilhas conforme o uso ou adquirir um conjunto de baterias recarregáveis para evitar o descarte do componente.
Com essa ressalva, os controles me pareceram um padrão, sem querer inventar a roda em relação ao que já existe no mercado. Eles acompanham as alças para evitar que escapem das mãos durante a atividade, como os Joy-Cons do Nintendo Switch.
As experimentações disponíveis no Meta Connect foram restritas a jogos. Infelizmente não consegui testar algumas novidades de realidade mista que foram mostradas na keynote, como ver fotos ou vídeos em molduras na parede, um feed do Instagram em uma janela flutuante ou experimentar um piano virtual, o que particularmente me interessa muito.
Contudo, testei alguns jogos em realidade mista. Se eu tivesse um Meta Quest 3, meu primeiro título seria o Lego Bricktakes. Fiquei impressionado com a qualidade da imagem e o quão responsivo o hardware foi para movimentar os blocos e encaixar as peças de Lego. Eu não podia sentir o plástico, mas eles pareciam bem reais. A experiência foi semelhante à de quando Tony Stark manipula as projeções no ar para planejar a armadura do Homem de Ferro.
Outro jogo testado em realidade mista foi o First Encounters, de tiro em primeira pessoa, é claro. E o que chamou atenção nesse título foi o escaneamento do ambiente para adaptar ao jogo.
O Meta Quest 3 tem seis câmeras que fazem o mapeamento do cômodo em que o usuário está. Isso é usado para a mesclagem do mundo real e virtual. Em First Encounters, por exemplo, as paredes da cabine em que eu estava eram as brechas por onde os bichinhos entravam para se agarrarem na minha perna.
Em realidade virtual, o Meta Quest 3 conseguiu me isolar completamente no ambiente dos games, me transportando para outro cenário. No entanto, não chegou a ser tão impressionante quando a realidade mista. Imagino que porque eu sabia que aquilo era videogame e não tinha meu mundo real mesclado ao cenário.
Nesse caso, testei alguns jogos como Red Matter 3 e Assassin’s Creed Nexus VR. Apesar da imersão, os controles me parecem mais burocráticos, talvez porque nos obriguem a realmente fazer movimentos com o corpo para simular o mundo real, como o de estender o braço para alcançar um objeto (em vez de apertar um botão no controle para interagir com o item).
Para uma primeira viagem, eu gostei do VR, mas senti a realidade mista mais impactante.
Durante uma mesa redonda com Mark Rupkin, perguntei se havia pessoas que não se acostumavam com os headsets por conta das experiências em realidade virtual e mista. Ele respondeu:
Cada cérebro é um pouco diferente (…) Para experiências imersivas, fizemos o headset mais confortável para realidade mista para a grande maioria das pessoas. Eles [usuários] acham a entrada [em realidade mista] muito mais confortável, muito mais fácil, e muitas pessoas que acham a RV desafiadora, absolutamente amam a realidade mista. Estamos super focados em melhorar e acho que temos muitas coisas incríveis que faremos neste dispositivo.
Faz sentido. Em realidade mista, você está na sua própria casa ou em um ambiente que seu cérebro já conhece e considera familiar. É mais fácil se adaptar. É diferente da realidade virtual, em que você não consegue enxergar onde está uma parede ou mesmo o próprio pé.
Fiz a pergunta porque me senti tonto e enjoado quando tive meu primeiro contato com o Meta Quest 3 e a demo de Red Matter 3, ainda no primeiro dia do evento Meta Connect. No segundo dia, meu cérebro já tinha absorvido a experiência e não me puniu por fugir do mundo real.
Apesar de não ter experimentado nada relacionado a produtividade ou mídia, eu acredito que o Meta Quest 3 deve mostrar seu valor quando cair na graça do público. O vice-presidente de VR da Meta não me passou um número exato de vendas do Meta Quest 2 além da estimativa de “vários milhões”. Agora, com a experiência aprimorada, o produto deve estimular ainda mais esse mercado.
O Meta Quest 3 tenta abraçar todos os mundos e agradar o maior numero de pessoas possível por 499 dólares, de acordo com Rupkin. Apesar de querer fazer de tudo um pouco, eu prefiro continuar vendo o produto como meu próximo console de videogame.
Estou ansioso para saber como seria um The Sims ou GTA RP em um desses dispositivos. Não sei se isso pode acontecer no Meta Quest 4, 5 ou Pro Ultra Max. Mas o caminho está sendo construído e, no futuro, quem sabe jogos deixem de ser o principal chamariz para headsets de realidade virtual e mista.
Lucas Lima viajou aos Estados Unidos a convite da Meta.
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