Lançadas há sete meses, Steam Machines ainda não convencem

Valve revelou “sem querer” que as vendas dessas máquinas podem estar aquém do esperado

Emerson Alecrim
• Atualizado há 1 ano e 7 meses
Alienware Steam Machine
Alienware Steam Machine

As Steam Machines surgiram com uma proposta tentadora: melhorar a experiência dos jogos para PC com computadores desenvolvidos especificamente para a jogatina. As primeiras unidades foram lançadas em novembro de 2015 com bastante barulho. Mas a Valve, companhia responsável pela plataforma, soltou um anúncio no início do mês que levantou a suspeita de que as Steam Machines estão vendendo bem menos do que o esperado.

O que é Steam Machine

Uma plataforma de PC gaming com a conveniência dos consoles de jogos. É assim que dá para resumir as Steam Machines. Jogar em um desktop convencional exige que você vá para o local em que a máquina está — a mesa no seu quarto, por exemplo. Já uma Steam Machine pode ser instalada na TV da sua sala, por exemplo, e não exige que você carregue teclado ou mouse: a Valve desenvolveu um joystick específico para a plataforma, o Steam Controller.

Os primeiros rumores sobre as Steam Machines surgiram em 2013 e foram confirmados em 2014. Além da praticidade, a ideia chamou atenção logo de cara por não dizer respeito apenas à Valve: vários fabricantes de PCs foram convidados ou autorizados a fabricar Steam Machines mediante o cumprimento de alguns requisitos.

Zotac Nen Steam Machine
Zotac Nen Steam Machine

Essencialmente, as máquinas precisam ter um conjunto mínimo de hardware para não prejudicar à jogabilidade e rodar o SteamOS, sistema operacional da plataforma (note, porém, que as máquinas também podem ser dual OS, ou seja, oferecer o Windows junto).

Cada fabricante — há cerca de 15 deles, como Alienware (Dell), Asus e Zotac — pode oferecer Steam Machines com diferentes configurações de hardware. Ainda que não seja fácil, o usuário tem a possibilidade de incrementar o hardware da máquina por si só, pois as peças usadas são praticamente as mesmas disponíveis para PCs “normais”.

Não tem como dar errado. Ou tem?

Com todas essas características, não tem como dar errado, concorda? No início do mês, a Valve chegou até a anunciar uma atualização que adiciona recursos e melhora a experiência de uso do Steam Controller. Pois saiba que é justamente aqui que aparecem as primeiras evidências de que alguma coisa pode estar dando errado, sim.

No anúncio, a Valve revelou que mais de 500 mil unidades do Steam Controller foram vendidas até agora. Como não há detalhes, fica mais fácil presumir que esse número diz respeito a unidades avulsas do joystick. Porém, o Ars Technica entrou em contato com a empresa pouco tempo depois para saber se o total inclui as unidades que acompanham as Steam Machines. E inclui.

Steam Controller
Steam Controller

Dá até para imaginar o representante da Valve afrouxando a gravata ao responder. Por quê? Bom, essa informação sugere que, passados sete meses da chegada das primeiras Steam Machines, menos de 500 mil unidades dessas máquinas foram vendidas.

Meio milhão de unidades pode parecer um número muito expressivo, mas não é se levarmos em conta que tanto o Xbox One quanto o PlayStation 4 venderam mais de 1 milhão de unidades só no primeiro dia. Se considerarmos os sete primeiros meses de cada um, esses consoles venderam, respectivamente, 5,5 e 10,2 milhões de unidades.

Leia também: Guia definitivo para gamers: PC ou consoles?

Ok, pode não ser uma comparação justa. Estamos falando de plataformas com ecossistemas diferentes. Porém, se levarmos em conta a quantidade de fabricantes envolvidos e a força do Steam como comunidade, 500 mil é pouco para sete meses. E olha que a conta não exclui do total as unidades avulsas do Steam Controller — a Valve não dá números, mas alguns burburinhos falam em cerca de 200 mil joysticks adquiridos separadamente.

SteamOS

Se o sinal de alerta soou na Valve, a empresa conseguiu disfarçar bem. Até agora, ninguém de lá falou em crise, mudanças na Steam Machines, novas estratégias de marketing ou qualquer coisa do tipo. Contudo, a Valve tampouco rebateu a bola levantada pelo Ars Technica.

Diante disso, não dá para saber se os números estão dentro do que a Valve espera ou se a ordem por lá, hoje, é a de continuar sorrindo e acenando. Tudo aponta para esta última alternativa, começando pelos preços: a Steam Machine mais barata custa a partir de US$ 449. Além disso, poucos mercados além dos Estados Unidos têm acesso às máquinas.

Para piorar, há problemas no acervo. A quantidade de títulos disponíveis para o SteamOS não é inexpressiva e tem crescimento contínuo, mas o Windows continua levando a melhor nesse quesito.

Game over?

Apesar da situação desconfortável, é cedo para falarmos em fracasso. Mas a Valve precisará se mexer se não quiser que as Steam Machines encontrem um fim precoce.

Um bom começo seria uma negociação com fabricantes e fornecedores (como Intel e Nvidia) para ajudar a baixa os preços. Melhorar o SteamOS é outro ponto crucial: o sistema vem recebendo correção de bugs e ajustes, mas queixas referentes ao desempenho continuam aparecendo aos montes.

Steam Machine Maingear Drift
Steam Machine Maingear Drift

Também há o desafio de convencer os desenvolvedores. Se eles derem mais atenção à plataforma, podem acabar atraindo mais adeptos para as Steam Machines. O contrassenso aqui é que o que convence os desenvolvedores é justamente a expectativa de boas vendas. Até agora, eles estão mergulhados em desconfiança.

Mas a maior barreira a ser vencida talvez seja a falta de apelo. Muita gente não vê razão para abandonar o tradicional PC com Windows, ainda mais agora que está claro que a Microsoft não é o inimigo: boatos de que a companhia exigiria que jogos fossem vendidos apenas na Loja do Windows ajudaram a promover o SteamOS, mas, como você bem sabe, nada disso não aconteceu.

Leia | Como usar o Steam Link App? [Android, iOS, Apple TV, etc.]

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.