Huawei processa governo Trump por banir seus produtos nos EUA

Processo tenta derrubar lei que proíbe órgãos do governo dos EUA de usar equipamentos da Huawei

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Huawei

A Huawei contra-ataca. Depois de sofrer acusações de espionagem e ter seus produtos banidos pela administração de Donald Trump, a companhia chinesa abriu um processo contra o governo dos Estados Unidos. O anúncio foi feito pelo chairman em exercício da companhia, Guo Ping, durante conferência realizada no início desta quinta-feira (7).

Embora os atritos dos Estados Unidos com relação à companhia existam pelo menos desde 2012, o anúncio em questão remete a agosto de 2018, quando o presidente Donald Trump assinou uma lei que proíbe a administração pública e organizações contratadas pelo governo de utilizar equipamentos fabricados pela Huawei, ZTE (também chinesa) e subsidiárias destas.

O banimento teve como base uma lei de defesa nacional. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos entendem que as tecnologias da Huawei e ZTE podem representar uma ameaça por supostamente permitirem que a China colete dados confidenciais do governo americano e outros países ocidentais.

Para Guo Ping, porém, “o Congresso dos Estados Unidos nunca conseguiu apresentar nenhuma prova que justifique as suas restrições aos produtos da Huawei”. O executivo continua: “essa proibição não só é ilegal como impede a Huawei de competir em condições de igualdade, o que também acaba prejudicando os consumidores americanos”.

Por conta disso, a Huawei abriu um processo em um tribunal federal no Texas, onde fica a sua sede nos Estados Unidos, para anular pelo menos parte da lei que restringe os seus produtos no país. Guo Ping reafirmou que a companhia não instala “portas traseiras” em seus equipamentos que permitam coleta indevida de dados.

Song Liuping, líder da área jurídica da Huawei, disse na mesma conferência que as acusações são falsas e que a empresa não é controlada ou influenciada de nenhuma forma pelo governo chinês.

Como contrapartida, a Huawei afirma que, na verdade, ela é que foi vítima de ataques cibernéticos, interceptação de e-mails e roubo de código-fonte por parte de organizações americanas.

Huawei - conferência

Guo Ping finalizou dizendo que, se a lei for derrubada, “a Huawei poderá levar tecnologias mais avançadas aos Estados Unidos e ajudar a construir as melhores redes 5G”, e que a companhia está “disposta a conversar sobre as preocupações de segurança do governo americano”.

Mas essa é uma briga longe do fim. Além do banimento que entrou em vigor em agosto de 2018, a Huawei foi acusada formalmente de fraude em janeiro de 2019.

Outro assunto pendente é a prisão de Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei e filha de Ren Zhengfei, fundador da companhia. Ela foi detida no Canadá no fim de 2018 e liberada dias depois após pagar fiança de US$ 7,5 milhões, mas ainda pode ser extraditada aos Estados Unidos e condenada por fraude.

Para piorar, o governo americano vem tentando convencer países aliados a evitar tecnologias da Huawei alegando, novamente, risco de que os equipamentos da companhia possam servir de meio de espionagem para a China.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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