Substituto do Google para cookies pode não funcionar no Edge e Firefox

Em um primeiro momento, apenas o Chrome irá implementar o FLoC, sistema que pretende acabar com cookies de terceiros

Ana Marques
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Navegadores Firefox, Chrome e Edge no Android (Imagem: Ana Marques/Tecnoblog)

Navegadores Firefox, Chrome e Edge no Android (Imagem: Ana Marques/Tecnoblog)

Enquanto o Google avança em sua solução para substituir os cookies de terceiros no Chrome, outros navegadores baseados no Chromium estão se recusando a usá-lo. É o caso de browsers como o Microsoft Edge, Brave e Opera, que não pensam em adotar o sistema FLoC (Federated Learning of Cohorts) em um primeiro momento.

Apresentado pelo Google no início deste ano, o FLoC reúne informações de usuários com interesses em comum e os agrupa em grandes segmentos. Isso acontece por meio de um algoritmo que examina o histórico do seu navegador e identifica outros usuários com perfis de navegação semelhantes. Os grupos formados, por sua vez, são ofertados às empresas para o direcionamento de anúncios.

Navegadores baseados em Chromium não vão usar o FLoC, por enquanto

Apesar de ser um método menos invasivo do que os cookies, o FLoC também vem levantando preocupações relacionadas à privacidade dos usuários. Um dos indícios de que as coisas não são tão simples é a hesitação que outros browsers estão apresentando em relação ao sistema.

O FLoC, em tese, está disponível para qualquer navegador baseado no Chromium. Entretanto, parece que nenhum deles está interessado nesta solução no momento.

O Brave afirmou ao The Verge que “o FLoC prejudica consideravelmente a privacidade do usuário sob o pretexto de ser favorável à privacidade”. Já o Vivaldi disse que o sistema “não protege a privacidade e certamente não é benéfico para os usuários, involuntariamente, doar a sua privacidade para lucro do Google”.

O Opera explicou ainda que apoia o fim dos cookies de terceiros e está, junto a outros navegadores, discutindo novas alternativas, mas que “não tem planos atuais para habilitar recursos como este em sua forma atual”.

Em uma resposta longa e nada objetiva, a Microsoft afirmou ao The Verge que “acredita em um futuro em que a web possa fornecer às pessoas privacidade, transparência e controle, ao mesmo tempo que apóia modelos de negócios responsáveis para criar um ecossistema vibrante, aberto e diversificado”. Ok, mas e o FLoC?

Aparentemente o Edge ainda não deve adotar o sistema. A Microsoft parece estar explorando outras propostas baseadas em tecnologias que não precisem de IDs individuais de usuários, e que sejam baseadas em consentimento.

Até mesmo o buscador DuckDuckGo afirma já ter criado uma extensão de navegador para bloquear o FLoC. O serviço é altamente crítico ao Google quando o assunto é privacidade – recentemente, se posicionou contra a quantidade de dados que o Chrome coleta no iOS.

Firefox também não pretende adotar a solução do Google

Saindo do ecossistema Chromium, temos a informação de que o Firefox também anda avaliando propostas relacionadas a publicidade, incluindo o FLoC, mas que não planeja adotar nenhuma delas no momento. Para a Mozilla, “publicidade e privacidade podem coexistir” – ainda que, aparentemente, ninguém tenha encontrado a melhor solução para isso. É tudo sobre uma “jornada”, como resumiu a Microsoft.

E os anunciantes?

É claro que ainda há muita água para passar por baixo dessa ponte, especialmente porque os anunciantes não estão nada satisfeitos com o fim dos cookies – ainda mais sem um futuro claro de como será quando (e se) a proposta do Google (ou da Apple, ou da Microsoft) for amplamente aceita. Vale lembrar que muitos navegadores já estão bloqueando os cookies de terceiros – para o Chrome, isso deve acontecer por completo até 2022.

Recentemente, um grupo de empresas de publicidade propôs um sistema alternativo ao FLoC, chamado SWAN. Ele funciona de forma diferente e mais simples: quando o usuário visita um site coberto pela ferramenta, recebe uma solicitação para autorizar (ou não) a exibição de anúncios pelas empresas que fazem parte da rede. O principal obstáculo é depender da proatividade do usuário na autorização de anúncios.

Diante de todo esse cenário, uma coisa é quase certa: o FLoC parece ter mais chances, porque mesmo sozinho, o Google é… Bem, o Google. Mas ainda há muito o que ser visto e revisto pelos principais atores do setor. Podemos esperar bons embates nos próximos meses (e anos) em busca de uma web mais segura e livre.

Com informações: The Verge

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Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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