Roaming internacional entre Brasil e Chile será grátis até 2023

Fim das tarifas de uso internacional no celular no Chile era previsto desde 2018; Claro e Vivo possuem operações no país

Lucas Braga
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• Atualizado há 1 ano e meio

O Diário Oficial da União da última quinta-feira (27) trouxe a publicação do Acordo de Livre Comércio entre Brasil e Chile. O documento traz um impacto para o setor de telecomunicações: brasileiros e chilenos poderão viajar entre os países e usar o plano de celular sem pagar tarifas adicionais de roaming internacional.

Michel Temer assinou acordo para fim das tarifas de roaming com Chile em 2018.
Michel Temer assinou acordo para fim das tarifas de roaming com Chile em 2018. (Imagem: Cesar Itiberê / PR)

A novela desse acordo acontece desde novembro de 2018, quando o então presidente Michel Temer assinou o acordo com o chefe do executivo do Chile. A previsão era de que os termos entrassem em vigor em até um ano, mas a Câmara dos Deputados só aprovou a pauta em julho de 2021.

Se você pensa que agora vai, é melhor alinhar as espectativas: o fim do roaming internacional entre Brasil e Chile deve ser implementado em 12 meses.

Operadoras brasileiras não gostaram muito disso

Em julho do ano passado, o Conexis, sindicato que representa operadoras como Claro, Oi, TIM e Vivo, se manifestou contrário ao acordo que liberaria as tarifas de roaming.

A entidade afirma que a mudança de regra pode gerar custos adicionais para todos os consumidores de telecomunicações, afetando principalmente aqueles que não viajam para o exterior.

Além de apontarem a possibilidade de aumento de custos, o Conexis afirmou que a alteração gera insegurança jurídica no mercado num momento em que as empresas se preparavam para o leilão do 5G. Mas aqui de 2022 a gente pode falar que deu tudo certo com a licitação, tivemos novas operadoras e esse foi um assunto que não prejudicou os trâmites para a nova tecnologia.

Cadê o roaming no grátis no resto das Américas?

A América é um continente que ainda está atrasado no quesito roaming internacional. A União Europeia derrubou as cobranças desde 2017, e quem viaja de um país para outro que pertence ao bloco econômico pode acessar a internet, fazer ligações ou enviar SMS pagando as mesmas tarifas de uso local.

iPhone e chips de celular
Comprar chip no exterior costuma ser opção interessante para quem viaja (Imagem: Lucas Braga / Tecnoblog)

O acordo com o Chile é um passo à frente, mas existe a expectativa do fim das tarifas avançarem outras nações. Em 2018, 19 países incluindo Brasil, Argentina, Paraguai, Estados Unidos, Canadá e México assinaram a Carta de Buenos Aires, com objetivo de derrubar o roaming até 2022.

O documento foi firmado pela Comissão Interamericana de Telecomunicações (Citel), cujo objetivo era reduzir a desigualdade digital nos países das Américas. Pois bem: já chegamos em 2022 e não vimos grandes movimentações nesse sentido.

A questão é que roaming internacional é caro, especialmente se você utiliza um plano pré-pago ou controle. Nessas situações, quase sempre compensa comprar um chip de uma operadora local para usar internet móvel no exterior – mas isso requer que o turista se dirija até um ponto de venda, contrate um plano, lide com burocracias de documentação e interaja em idioma diferente.

Vivo e Claro têm operações no Chile

O Brasil tem duas operadoras que são subsidiárias de controladoras que também atuam no Chile com serviço de telefonia celular.

A Vivo é uma operadora do grupo espanhol Telefónica, que também atua no Chile com a marca Movistar. De acordo com dados de 2020, a subsidiária chilena era a vice-líder de mercado com 25% de participação.

Já a Claro está sob o guarda-chuva da América Móvil, com subsidiárias em dezenas de países incluindo o Chile. Em 2020, ela ocupava o terceiro lugar no mercado de telefonia móvel com 22%.

Por outro lado, TIM e Oi não possuem operadoras-irmãs no Chile. Da mesma forma, existem duas operadoras móveis chilenas que não existem no Brasil: a líder de mercado Entel e a WOM.

Operadoras dão roaming grátis no Chile no pós-pago

Algumas operadoras já incluem roaming internacional nos planos, mas apenas na categoria pós-paga. Quem usa controle ou pré-pago precisa pagar por minuto ou megabyte, o que acaba não valendo a pena.

Todos os planos Claro Pós vendidos atualmente incluem o Passaporte Américas, que permite utilizar o plano brasileiro no Chile e outros 17 países do continente. Também é possível estender a cobertura para mais locais com o Passaporte Europa ou Passaporte Mundo, vendidos separadamente.

Da mesma forma, todos os planos pós-pagos atuais da Vivo incluem diárias de roaming ilimitadas nos países das Américas. É possível utilizar até 1 GB de internet por dia, dependendo do destino, bem como 50 minutos de ligações locais ou para o Brasil.

Alguns planos do pós-pago TIM Black também incluem roaming internacional nas Américas. A mecânica é um pouco diferente, porque inclui apenas uma franquia diária de internet. Quem quiser fazer ligações precisa pagar R$ 2,49 por minuto.

Com informações: Teletime

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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