Acionista da Meta não aguenta mais o Zuckerberg falando de “metaverso”

Em carta, CEO de empresa de investimento pede que Zuckerberg redirecione o foco da empresa para inteligência artificial

Felipe Freitas
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• Atualizado há 7 meses
Mark Zuckerberg (imagem: Reprodução/Facebook)
Mark Zuckerberg (imagem: Reprodução/Facebook)

Se você está de saco cheio das empresas — principalmente a Meta — forçando o metaverso para os usuários, imagine quem é acionista de uma big tech. Na verdade, não precisa imaginar mais. Brad Gerstner, CEO da Altimeter Capital, fundo de investimento com algumas centenas de milhões de ações da Meta, divulgou uma carta pedindo que a empresa diminua o foco em metaverso e demita 20% de seus funcionários

A carta publicada no Medium (plataforma criada por um dos fundadores do Twitter) aponta que a Meta “bateu na parede” do seu core business, seu principal produto, e migrou todos os esforços para o metaversocausando confusão nos consumidores e deixando os investidores desconfiados com as decisões da empresa.

Mais IA, menos metaverso — e menos funcionários

Seguindo as recomendações de um bom feedback, Gerstner abre a carta falando que a Altimeter Capital sempre apoiou a Meta e, pessoalmente, sempre foi um forte apoiador de empresas lideradas pelos fundadores. Porém, ele enxerga que Zuckerberg levou a empresa para uma “terra de excessos”.

“A Meta entrou em uma terra de excessos — gente demais, ideias demais e urgência de menos”, diz Gerstner em uma de suas “pedradas” para Mark. O CEO da Altimeter Capital opina que a Meta jogou o seu foco rapidamente para o metaverso, chegando até a mudar de nome, quando viu que o seu maior produto, as redes sociais, estagnaram — “bateram na parede”, como disse Gerstner.

O investidor aponta que esse é um dos motivos que levou os acionistas a perderem a confiança na Meta. “Pior, esse ceticismo parece ser confirmado com uma quase imediata e considerável queda nos resultados financeiros e desempenho abaixo da média em 2022”.

Ao mostrar mais fatos da estagnação e perda de foco, Brad Gerstner compara as ações da Meta com outras big techs. Nos últimos 18 meses, as ações da Meta tiveram uma queda de 55%, enquanto as concorrentes caíram 19%. “Essa queda reflete a perda de confiança na companhia, não é apenas o humor do mercado”, afirma Gerstner.

(Imagem: Divulgação / Meta)
(Imagem: Divulgação / Meta)

Apesar do desempenho das ações, o CEO da Altimeter Capital aponta o lado positivo do core business da Meta: só no ano passado, o segmento gerou US$ 45 bilhões de lucro operacional. “Além disso, a Meta possui capacidade de ponta para liderar tecnologias fundamentais do futuro, como inteligência artificial e 3D imersivo que ajudará no desenvolvimento de novos produtos e no crescimento [da empresa]”.

Gestner defende que a Meta possui recursos financeiros o suficiente para investir nessas tecnologias-chave. Ele ainda faz um “plano de três passos” para “guiar” Zuckerberg em como recuperar a confiança do mercado.

  1. Demitir 20% dos funcionários;
  2. Reduzir as despesas de capital (Capex) anuais para até US$ 5 bilhões de dólares — saindo de US$ 30 bilhões e US$ 25 bilhões.
  3. Limitar o investimento em metaverso/Reality Labs em não mais que US$ 5 bilhões por ano

Sobre as demissões, Gestner defende que a medida levaria o quadro de funcionários para o mesmo de 2021 — afirmando que a Meta estava operando bem com o quadro da época. Além disso, ele acredita que os demitidos serão contratados rapidamente por outras empresas de tecnologia porque “há uma escassez de talentos no Vale do Silício”. O investidor vê que a Meta e outras big techs dificultaram a contratação das startups. 

Horizon Worlds (Imagem: Reprodução/Meta)
Horizon Worlds (Imagem: Reprodução/Meta)

Meta investe US$ 10 bilhões por ano no metaverso

De acordo com Gestner, excluindo a divisão de metaverso, o capex da Meta (US$ 30 bilhões) é maior do que Apple, Snap, Tesla, Twitter e Uber somadas

Se botarmos o metaverso na conta, o valor sobe para quase US$ 45 bilhões — a empresa anunciou investimentos entre US$ 10 bi e US$ 15 bi na tecnologia. O problema é que o retorno pode surgir em 10 anos. Até lá, a Meta terá gasto pelo menos US$ 100 bilhões em seus projetos de metaverso — que o público nem entendeu direito para que serve.

Brad Gestner defende que a empresa precisa investir entre US$ 1 bi e US$ 2 bi no projeto. Para ele, com esses valores, a Meta poderia desenvolver o metaverso sem grande alarde enquanto o foco se manteria no core business e inovações em inteligência artificial.

Falando pela Altimeter Capital, Gestner acredita que IA será a principal tecnologia do futuro, capaz de trazer melhores resultados econômicos e de gerar um produto para bilhões de consumidores em todo o mundo. Além disso, o acionista destaca que a Meta possui projetos avançados em IA, como o tradutor de voz universal — pouco falado na mídia, porém menos confuso do que o metaverso.

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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