Apple, Amazon, Google e Microsoft usaram ouro ilegal do Brasil, diz reportagem
Chimet e Marsam, investigadas por compra de ouro extraído ilegalmente de terras indígenas, estão em listas de fornecedores de gigantes da tecnologia
Chimet e Marsam, investigadas por compra de ouro extraído ilegalmente de terras indígenas, estão em listas de fornecedores de gigantes da tecnologia
Apple, Amazon, Google e Microsoft podem ter usado ouro extraído ilegalmente de terras indígenas. Em documentos exigidos nos EUA, as quatro empresas listaram como fornecedoras as refinadoras Chimet e Marsam. Ambas são alvos de investigações por autoridades brasileiras. As informações são do site Repórter Brasil.
A Chimet é italiana, e é investigada pela Polícia Federal por receber ouro extraído de garimpos clandestinos da Terra Indígena Kayapó. A Marsam é brasileira, e sua fornecedora é acusada de provocar danos ambientais ao comprar ouro ilegal.
Apple, Amazon, Google e Microsoft são obrigados a enviar à SEC (autoridade responsável por regular o mercado financeiro dos EUA) a lista de fornecedores de ouro, estanho, tungstênio e tântalo.
Esta é uma exigência de uma lei aprovada em 2010. A regra foi criada em resposta à guerra civil na República Democrática do Congo. A exploração mineral financia grupos armados no país.
Chimet e Marsam constam nos documentos enviados por Apple, Amazon, Google e Microsoft, entre centenas de companhias. A Repórter Brasil teve acesso aos documentos de 2020 e 2021, mas relatórios anteriores também incluíam as duas entre as fontes de ouro das big techs.
As duas refinadoras são certificadas por organizações internacionais. A inglesa LBMA, que certificou a Chimet, disse estar ciente das investigações da Polícia Federal, mas acrescentou que seus auditores não encontraram falhas no fornecimento ou nas respostas às acusações.
A RMI, que certifica a Marsam, disse ter entrado em contato com a refinadora brasileira e pedido correções. Caso ela não apresente um plano de ação dentro do prazo estipulado, será removida da lista de conformidade, promete a associação.
Tanto LBMA quanto RMI não consideram o Brasil uma área de risco. Apesar disso, a extração ilegal de ouro na Amazônia está ligada ao desmatamento, à contaminação dos rios por mercúrio, ao crime organizado e a ataques contra indígenas.
Das quatro big techs mencionadas na reportagem, só a Apple respondeu aos pedidos da Repórter Brasil para comentar o assunto. A companhia diz que seus padrões de fornecimento “proíbem estritamente o uso de minerais extraídos ilegalmente”. Ela removeu a Marsam da lista de fornecedores, mas manteve a Chimet.
Com informações: Repórter Brasil.