Apple e Google reagem a medidas contra abuso de monopólio nos EUA

Em relatório, Subcomitê Antitruste da Câmara dos EUA comparou empresas com antigos monopólios do petróleo e de ferrovias

Victor Hugo Silva
• Atualizado há 4 meses
Apple Logo (Imagem: Divulgação/Apple)

O Subcomitê Antitruste da Câmara dos Estados Unidos concluiu a investigação em torno de possíveis práticas anticompetitivas das gigantes de tecnologia. O relatório, que apresenta recomendações para garantir uma competição mais justa em mercados digitais, foi publicado na terça-feira (6) e recebeu críticas de Apple e Google, duas das investigadas.

Em documento de mais de 400 páginas (disponível neste link), o subcomitê apresentou suas sugestões para garantir a concorrência em mercados digitais. Na avaliação dos parlamentares, Apple, Google, Facebook e Amazon “se tornaram os tipos de monopólios que vimos pela última vez na era dos barões do petróleo e magnatas das ferrovias”.

A Apple afirmou “discordar veementemente” das conclusões que lhe dizem respeito no relatório. A empresa alegou que não tem uma participação de mercado dominante nos setores em que atua e que as taxas cobradas na App Store estão de acordo com outras lojas de aplicativos.

“A App Store possibilitou novos mercados, novos serviços e novos produtos que eram inimagináveis doze anos atrás, e os desenvolvedores foram os principais beneficiários desse ecossistema. No ano passado, apenas nos EUA, a App Store possibilitou US$ 138 bilhões em comércio com mais de 85% do valor destinado somente a desenvolvedores”, afirmou a empresa, em nota ao MacRumors.

O Google também discorda do relatório e afirmou que o documento “apresenta acusações desatualizadas e imprecisas de rivais comerciais sobre a busca e outros serviços”. A empresa defendeu que já mantém uma competição justa com seus concorrentes e que as propostas podem prejudicar os consumidores.

“Os americanos simplesmente não querem que o Congresso divida os produtos do Google ou prejudique os serviços gratuitos que eles usam todos os dias. O objetivo da lei antitruste é proteger os consumidores, não ajudar os rivais comerciais”, indicou a companhia, que diz apoiar o Congresso iniciativas que ajudariam os consumidores.

Foto por Zeyi Fan/Flickr

O que diz o relatório da Câmara dos EUA

O Subcomitê Antitruste da Câmara dos EUA afirma que a investigação mostrou problemas em comum entre Apple, Google, Facebook e Amazon, ainda que elas operem de maneiras diferentes. O relatório aponta que um desses problemas está no fato das empresas atuarem como gatekeepers, isto é, uma espécie de porteiro, que decide o que passa ou não sobre os canais de distribuição, permitindo “escolher vencedores e perdedores em toda a economia”.

O documento indica que as companhias abusam de seu poder de mercado “cobrando taxas exorbitantes, impondo termos contratuais opressores e extraindo dados valiosos de pessoas e empresas que dependem delas”. Além disso, os parlamentares concluíram que as gigantes da tecnologia “supervisionaram outras empresas para identificar rivais em potencial e acabaram comprando, copiando ou eliminando suas ameaças competitivas”.

Para garantir uma competição mais justa, o subcomitê propôs fortalecer leis relacionadas a fusões e monopólio, além de retomar uma aplicação mais vigorosa da lei antitruste. Entre as várias sugestões do relatório, o grupo também defende:

  • proibir plataformas dominantes de operarem em linhas de negócios adjacentes;
  • proibir plataformas de priorizarem seus serviços e exigir condições iguais para serviços concorrentes;
  • proibir preventivamente futuras fusões e aquisições de plataformas dominantes.

Relacionados

Escrito por

Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.