Carros modernos são um desastre em proteger dados, diz Mozilla

Empresa publicou artigo em que revisou o gerenciamento de dados privados das grandes montadoras; seu carro pode vender ou compartilhar seus dados

Felipe Freitas
Por
Mozilla Firefox
Mozilla Foudation publicou relatório sobre como as montadoras capturam e gerenciam dados dos seus clientes(Imagem: Divulgação/Mozilla)

A Mozilla Foundation, empresa conhecida pelo navegador Firefox, divulgou nesta semana um relatório sobre como as fabricantes de carros gerenciam dados pessoais. O resultado mostra que as montadoras falham em proteger as informações de clientes. Ao todo, a Mozilla avaliou as políticas de privacidade de 25 fabricantes.

No estudo publicado em seu site oficial, a Mozilla Foundation destaca quatro pontos de falhas das montadoras em proteger os dados dos seus clientes. Esses dados são adquiridos, por exemplo, através de sensores e uso de apps na central de controle. As marcas com as “melhores avaliações” (está mais para “menos pior”) foram Renault e Dacia — as duas integram o mesmo grupo.

A Mozilla aponta que esse melhor gerenciamento de dados do Grupo Renault deve ser motivado pelos veículos testados serem vendidos apenas na Europa. Por isso, os carros devem seguir o rigoroso Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR, sigla em inglês), legislação da União Europeia sobre privacidade dos consumidores.

Mas nem tudo são fleurs na Renault — muito menos nas outras montadoras.

Mozilla afirma que todas as marcas acessam dados demais

Waze ganha integração com carros da Renault (Imagem: Divulgação/Google)
A fabricante do seu carro sabe onde você esteve no verão passado — e usou seu GPS para isso (Imagem: Divulgação/Google)

O primeiro ponto levantado pela Mozilla é que todas as montadoras exageram na captura de dados. E o uso do “exageram” não é isca para prender a sua atenção: a Nissan e a Kia coletam informações sobre a sua vida sexual.

Calma, o seu Kicks não vê o que faz no banco de trás. Ao baixar o aplicativo da fabricante ou parear o seu smartphone com a central de controle, existe a possibilidade do programa da fabricante espionar os dados dos outros apps ou de comprar de terceiros. Nada diferente de uma Amazon da vida jogando propaganda de presentes para bebês porque você pesquisou algo sobre isso.

Mas por que a Nissan quer saber sobre sua compra de camisinhas? Pelo mesmo motivo que as outras fabricantes (e outras empresas) querem dados: traçar o seu perfil e lucrar sobre isso. No caso do Grupo Renault, o usuário tem a opção de deletar suas informações — por isso as suas marcas foram “melhores avaliadas” pela Mozilla Foudation. Porém, são duas de 25 marcas estudadas.

Tesla investe US$ 1,5 bilhões em bitcoin (Imagem: Chris Yarzab/Flickr)
Tesla ficou em último lugar, atrás da Nissan e seu interesse sobre vida sexual, porque Mozilla usou direção autônoma perigosa como critério de desempate (Imagem: Chris Yarzab/Flickr)

84% das montadoras podem vender ou compartilhar os dados dos clientes com empresas provedoras de serviços, bancos de dados ou outros negócios. 76% afirmam que podem vender as informações de clientes. 56% podem ainda compartilhar os dados com o governo ou órgãos de segurança pública sem a necessidade de uma decisão judicial.

A pesquisa da Mozilla revela que não é possível confirmar se as montadoras estão de acordo com os padrões mínimos de segurança da sua avaliação. A empresa de tecnologia não foi capaz de identificar se esses dados possuem algum tipo de criptografia.

A Mozilla Foundation entrou em contato com as companhias, mas somente a Ford, Honda e Mercedes-Benz responderam, mas sem explicar direito como protegem as informações sensíveis dos clientes.

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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