CEO do Telegram acusa Apple de prejudicar versão web do app para lucrar
Segundo Pavel Durov, a Apple limita o Safari de propósito para forçar usuários a baixarem aplicativos pela App Store, garantindo a comissão de 30%
Pavel Durov, CEO do Telegram, criticou abertamente a Apple em seu canal oficial no mensageiro, nesta segunda-feira (13). Segundo o executivo, a Maçã prejudica de maneira proposital a versão web do Telegram no iOS, impedindo que certas funções sejam executadas corretamente. Além disso, Durov afirmou que “desenvolvedores tem reclamado que o Safari está matando a internet”.
A versão web do Telegram foi criada para rodar em navegadores de desktops. Contudo, Durov garante que o software também funciona muito bem em dispositivos móveis, como celulares e tablets. Em iPhones e iPads, no entanto, há limitações em certas funções do mensageiro, de acordo com o CEO.
Na mensagem, Durov destacou que o time responsável pelo desenvolvimento do Telegram Web listou, em abril deste ano, pelo menos 10 falhas que a Apple conhece há anos, mas que se recusa a consertar de propósito. Entre as limitações citadas pelo CEO estão:
- Ausência de notificações por push;
- Bugs na interface;
- Problemas no menu de contexto;
- Recarregamentos aleatórios;
- Falta de suporte a figurinhas em vídeos;
- Falta de suporte a arquivos Opus;
- Falta de suporte a reações em mensagens;
- entre outras.
Durov cita taxa da App Store como problema
Durov acredita que a Apple prejudica as versões para web de softwares para forçar usuários a baixarem os aplicativos nativos para iOS pela App Store. Assim, a Maçã consegue cobrar a comissão de 30% sobre qualquer microtransação realizada nos apps.
Essa questão da taxa da App Store, inclusive, levou a Epic Games a processar a Apple e o Google, em 2020. Tanto a criadora de Fortnite quando o CEO do Telegram consideram a prática abusiva e prejudicial para a indústria. Durov ainda comentou que órgãos reguladores estão começando a olhar a situação com mais atenção.
Em seu canal no Telegram, o CEO compartilhou um comunicado emitido pela Competition and Markets Authority (CMA) — Autoridade de Mercado e Competição, em português — do Reino Unido. A mensagem diz o seguinte:
“A Apple proíbe alternativas ao seu próprio navegador em seus dispositivos móveis; uma restrição exclusiva da Apple. A CMA está preocupada que isso limite severamente não só opotencial de navegadores rivais se diferenciarem do Safari (por exemplo, em recursos como velocidade e funcionalidades), como também os incentivos da Apple para investir no motor do programa.
Essa restrição também inibe seriamente a capacidade de aplicativos para a web — aplicativos executados em um navegador em vez de serem baixados individualmente —, privando consumidores e empresas de todos os benefícios dessa tecnologia inovadora”.
Competition and Markets Authority do Reino Unido.
Durov concluiu sua mensagem dizendo: “É triste que, após mais de dez anos da morte de Steve Jobs, a empresa que revolucionou a web móvel se tornou seu maior obstáculo”.