Google planeja mudança no Chrome que limitará bloqueadores de anúncios

Nova API do Chromium (a base do Chrome) pode limitar ação dos ad blockers; Google diz que mudança deve trazer mais segurança e desempenho

Emerson Alecrim
• Atualizado há 3 anos
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Bloqueadores de anúncios estão entre as extensões mais populares do Chrome, mas o poder de ação dessas ferramentas poderá diminuir: em nome da segurança e do desempenho, o Google está propondo um conjunto de mudanças no Chromium (a base do Chrome) capaz de alterar sensivelmente o modo de funcionamento de vários ad blockers.

As mudanças propostas estão em um documento público intitulado Manifest V3. Esse não é um texto definitivo, o que significa que os seus tópicos estão sujeitos a alterações. Mas, como as chances de aprovação da proposta não são pequenas, desenvolvedores de bloqueadores já manifestam preocupação.

Basicamente, a ideia dos engenheiros do Google é anular a WebRequest, API bastante importante aos bloqueadores de anúncios (e outras extensões). Ao mesmo tempo, eles propõem disponibilizar uma API chamada declarativeNetRequest que deixaria o controle sobre o que bloquear a cargo do navegador.

Por meio da API WebRequest, as extensões conseguem interceptar solicitações oriundas de páginas web e, quando for o caso, modificá-las para, entre outras ações, limitar a inserção de cookies, barrar requisições para determinados domínios e impedir o carregamento de arquivos de mídia. Essa abrangência de possibilidades é que permite aos bloqueadores serem tão eficazes.

Com a API declarativeNetRequest, tudo muda. As extensões terão que informar ao Chrome uma lista de padrões de bloqueio. A partir daí, o navegador comparará as solicitações com esses padrões para decidir se alguma requisição específica deve ser bloqueada, por exemplo, o carregamento de anúncios oriundos de certo domínio.

Foto por TechnologyGuide TestLab/Flickr

De acordo com o Google, essa abordagem melhorará o desempenho, pois as comparações serão realizadas pelo próprio navegador, e não por uma ferramenta externa normalmente baseada em JavaScript. A nova API também é apontada como mais segura por impedir que cookies e outras informações sensíveis sejam acessadas pelas extensões, além de evitar que códigos externos potencialmente maliciosos sejam carregados por elas.

Mas os desenvolvedores dos bloqueadores não pensam assim. A Ghostery, por exemplo, diz que a mudança deixará os usuários com recursos mais limitados para se livrar de conteúdo indesejado. A empresa cogita até abrir uma queixa antitruste contra o Google se a proposta for levada adiante.

De modo geral, a preocupação é a de que a nova API diminua a competitividade entre os bloqueadores (afinal, eles passariam a funcionar praticamente da mesma forma), reduza a eficácia dessas ferramentas e, em alguns casos, impeça o funcionamento da extensão. É o que poderia acontecer com o uBlock Origin, ad blocker fortemente dependente da API WebRequest.

O assunto segue em discussão. Ou quase: o tópico no grupo do Chromium que trata do Manifest V3 foi fechado recentemente e teve várias mensagens apagadas.

Com informações: Ars Technica, Gizmodo.

Leia | O que é AdBlock?

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.