Embraer investiga se 5G causa interferência em aviões e pede apoio da Anatel

Nos EUA, operadoras atrasam lançamento de 5G na frequência de 3,5 GHz por risco de interferência em aviões; Embraer solicita definição dos testes para Anatel

Lucas Braga
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• Atualizado há 4 meses
Embraer 175-E2 (imagem: divulgação/Embraer)
Embraer 175-E2 (imagem: Divulgação / Embraer)

O leilão do 5G finalmente aconteceu, as operadoras já estão preparando o lançamento das novas redes e… opa, peraí! A Embraer, fabricante brasileira de aviões, irá conduzir estudos para apurar se a frequência de 3,5 GHz (banda C) interfere com equipamentos utilizados para auxílio de pousos e decolagens. A companhia solicitou apoio da Anatel para definição dos testes

De acordo com O Globo, trata-se de uma cooperação entre Anatel e Embraer para verificar se as novas frequências usadas pelo 5G causam interferências nos altímetros que operam por rádio. Por outro lado, o Estadão informou que fabricante enviou um ofício para a agência informando sobre a realização dos estudos, com a solicitação de apoio do órgão para definição dos testes.

A Embraer ainda informou que o problema de interferência em questão se aplica unicamente às suas operações nos Estados Unidos, mas que tem colaborado continuamente com autoridades aeronáuticas para garantir segurança nas operações de suas aeronaves.

Ainda de acordo com o Estadão, a Anatel não prevê que o estudo traga qualquer alteração nos prazos de implementação do 5G no Brasil. Claro, TIM, Vivo e operadoras regionais que compraram licenças na frequência de 3,5 GHz deverão instalar pelo menos uma antena para cada 100 mil habitantes em todas as capitais brasileiras até julho de 2022.

5G pode causar interferência em aviões?

A possível interferência do 5G na aviação tem protagonizado diversos noticiários estrangeiros. Nos Estados Unidos, operadoras como AT&T e Verizon concordaram em adiar a utilização da frequência de 3,5 GHz após grande pressão por parte do governo e empresas do setor de aviação.

A preocupação é que o 5G na frequência de 3,5 GHz interfira nos altímetros. Esse equipamento, que na aviação opera por ondas de rádio, é utilizado para medição de altitude e auxilia pousos e decolagens.

A FAA, agência federal de aviação dos Estados Unidos, argumenta que o 5G pode causar interferências pela operação em frequências muito próximas. Os altímetros operam na faixa de 4,2 GHz a 4,4 GHz, enquanto o espectro liberado para uso comercial no país vai até 3,9 GHz.

No Brasil, essa não parece ser uma preocupação muito grande. A Anatel leiloou o espectro para uso comercial entre 3,3 GHz a 3,7 GHz, o que deixa uma banda de guarda de 500 MHz até a frequência utilizada pelos altímetros.

Por enquanto, nenhuma operadora brasileira utiliza a frequência 3,5 GHz de forma comercial, uma vez que é necessário aguardar a liberação por parte da Anatel. O espectro está atualmente ocupado pela TV aberta via satélite (TVRO), e um cronograma de limpeza de faixa será executado com a migração das parabólicas existentes para a banda Ku.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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