Leilão do 5G enfim ocorreu: veja o que vai para Claro, TIM, Vivo e mais
Após muitos atrasos, Anatel realiza leilão do 5G e vendeu novas frequências para Claro, TIM, Vivo e operadoras regionais
Após muitos atrasos, Anatel realiza leilão do 5G e vendeu novas frequências para Claro, TIM, Vivo e operadoras regionais
O leilão do 5G finalmente aconteceu. Após longas seções nos dias 4 e 5 de novembro de 2021, Claro, TIM, Vivo, Brisanet e diversos provedores regionais puderam arrematar espectro para utilizar com 4G e 5G.
Ao todo, a Anatel vendeu 45 lotes nas frequências de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. O leilão irá movimentar R$ 47,2 bilhões, mas muito desse valor será destinado aos compromissos de cobertura impostos pela Anatel.
Para o 5G, a frequência mais importante do leilão é a de 3,5 GHz. A Anatel abriu licitação para quatro lotes de atuação nacional, e Claro, TIM e Vivo arremataram o direito de uso do espectro por 20 anos.
Cada licença tem 80 MHz de capacidade. O quarto lote poderia ser arrematado por outra empresa, mas não houveram interessados. Sendo assim, a Anatel dividiu em quatro partes de 20 MHz para uma nova licitação, e Claro, TIM e Vivo deram seus lances e garantiram o espectro adicional.
Sendo assim, Claro, TIM e Vivo têm 100 MHz na frequência de 3,5 GHz em todos os estados brasileiros. É uma capacidade que permite operar na tecnologia com melhor qualidade por suportar mais dispositivos simultâneos e entregar maiores velocidades.
Além disso, o trio também garantiu capacidade para operar com o 5G de ondas milimétricas, que permitem velocidades muito rápidas. A Vivo foi a operadora mais agressiva com a frequência de 26 GHz e arrematou três blocos nacionais com 200 MHz cada, seguida por Claro (três blocos nacionais) e TIM (um bloco nacional).
A Anatel aproveitou o leilão do 5G para licitar as sobras de 700 MHz. Era apenas um bloco de 10 MHz + 10 MHz de espectro com direito de uso por 20 anos em todo o Brasil, exceto nas áreas de atuação da Algar (Triângulo Mineiro e algumas localidades de SP, GO e MS).
Esse foi o primeiro lote do certame, que teve três proponentes: Highline, VDF Tecnologia da Informação e Winity II. A última companhia, de propriedade do Fundo Pátria Investimentos, ganhou o direito de uso após o lance inicial de R$ 1,42 bilhão, com um impressionante ágio de 805,84%.
Pois bem, a Winity será a nossa nova tele móvel a nível nacional. Só que ela terá um modelo de negócios diferente do que estamos acostumados, e criará uma operadora de celular para venda de serviços no atacado.
O público-alvo da Winity II deve ser o atendimento de outras operadoras, sobretudo as que compraram licenças de 5G no leilão que precisarão de uma rede com tecnologia 4G (ainda não é possível fazer chamadas de voz apenas com a quinta geração) e cobertura de celular fora da área de origem.
E aqui vale ressaltar que a Winity II não comprou nenhuma outra licença, ficando apenas com os 10 MHz + 10 MHz em nível nacional. Em comparação com Claro, TIM e Vivo, fica impossível de competir: trata-se de pouquíssimo espectro numa frequência muito baixa, o que impede de ter altas velocidades de acesso.
Com ampla oferta de lotes regionais, operadoras menores também deram as caras no leilão do 5G. São elas:
A Algar já atua com serviços de telefonia móvel, mas sua atuação é restrita a poucas cidades de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Com blocos específicos para sua região, a tele arrematou praticamente todas as frequências que queria:
Uma das maiores surpresas do leilão foi a Brisanet, que oferece banda larga fixa por fibra óptica em seis estados do Nordeste. A gente já esperava a atuação dela no certame, mas não de forma tão forte.
Ela comprou um lote de 80 MHz na região pelo preço de R$ 1,25 bilhão, o que equivale a um ágio de 13.741,71% do preço original (você não leu errado, o ágio foi de mais de treze mil porcento).
Além disso, a Brisanet comprou direito de uso do maior bloco da frequência de 2,3 GHz na região Nordeste, que também permitirá a atuação da companhia com tecnologia 4G.
O que eu não esperava era que a Brisanet saísse da sua área de atuação original. A tele também comprou 3,5 GHz na região Centro-Oeste (exceto nas áreas de atuação da Algar). Todas as licenças arrematadas pela companhia garantem direito de uso durante 20 anos.
A Cloud2U é uma empresa que praticamente ninguém conhece: ela faz parte do grupo Greatek, que fabrica equipamentos de rede e atende diversos pequenos provedores de fibra óptica. Ela comprou um bloco de 3,5 GHz com 80 MHz de espectro para atuação nos estados do RJ, ES e MG (exceto na área da Algar).
A compra da licença para o 5G também envolve o atendimento de pequenas operadoras. A companhia enxerga oportunidade para agregar valor aos provedores regionais. No entanto, ela esclarece que não tem um plano de negócio desenhado e acredita que “grande parte da rede que sustenta a conectividade está pronta e apta para receber o 5G a partir de 2024”.
O leilão teve a presença do Consórcio 5G Sul, formado pela operadora regional Unifique e pela Copel Telecom (essa última foi comprada pelo fundo Bordeaux, do empresário Nelson Tanure). O grupo levou um bloco de 80 MHz na frequência de 3,5 GHz, para prestação exclusiva na região Sul.
Além disso, a operadora Sercomtel, que atua em Londrina (PR), também levou um bloco de 80 MHz na frequência de 3,5 GHz, mas para atuação em… São Paulo e na região Norte.
E por que essas duas operadoras estão juntas na mesma seção? Porque Sercomtel é de propriedade do fundo Bordeaux, que também controla a Copel Telecom. Pois é.
Outras regionais também arremataram frequências para atuar com serviços de quinta geração:
🔄 Atualização em 9 de novembro: a Fly Link desistiu do leilão e não irá mais atuar com 5G no Brasil. Confira mais detalhes aqui.
A frequência de 2,3 GHz leiloada pela Anatel é interessante: além de funcionar com o 5G, ela também pode ser aproveitada para o 4G e os blocos trazem uma quantidade significativa de espectro. Esses lotes foram muito disputados durante o certame, e quase todos foram arrematados.
Veja quem comprou cada bloco nas respectivas regiões:
Frequência de 2,3 GHz | Bloco de 50 MHz | Bloco de 40 MHz |
---|---|---|
Norte | Claro | Vivo |
São Paulo (exceto áreas da Algar) | Claro | Vivo |
Nordeste | Brisanet | (ninguém comprou) |
Centro-Oeste (exceto áreas da Algar) | Claro | Vivo |
Sul | Claro | TIM |
RJ, ES e MG (exceto áreas da Algar) | Vivo | TIM |
Áreas da Algar | Claro | Algar |
Em comparação com Claro e Vivo, a TIM foi uma operadora menos agressiva no leilão do 5G. Enquanto as concorrentes compraram pelo menos dois blocos de 26 GHz com outorga de 20 anos, a tele italiana arrematou apenas um nacional, com prazo reduzido para 10 anos.
Para ter mais capacidade em 26 GHz, a TIM comprou lotes específicos na região Sul, Sudeste e São Paulo, deixando de fora o Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nessas áreas, a licença vale por 20 anos.
Além disso, a TIM não comprou nenhuma licença de 2,3 GHz com 50 MHz de espectro e terminou o certame com apenas dois blocos dessa frequência – a Claro arrematou cinco, enquanto a Vivo adquiriu quatro.
Apesar de menos outorgas, é importante ressaltar que TIM, Claro e Vivo ficaram exatamente com a mesma quantidade de espectro na frequência de 3,5 GHz, a mais importante para o 5G.
A Oi ficou de fora desse leilão de frequências e a companhia sequer se credenciou para o certame. Em partes, isso já era esperado: ela vendeu o braço de telefonia móvel para Claro, TIM e Vivo, e o negócio ainda precisa ser aprovado pela Anatel e Cade.
O que poderia fazer sentido seria a tele arrematar algum bloco de 26 GHz e adotar o 5G para expandir a banda larga fixa em paralelo com a fibra óptica. Isso chegou a ser considerado pela empresa, mas não foi adiante.