Empresa de blockchain quer comprar bolsa de valores de Gibraltar
Gibraltar quer se livrar da fama de paraíso fiscal e reforçar pioneirismo na regulamentação de criptomoedas e blockchain com venda de bolsa de valores
Gibraltar quer se livrar da fama de paraíso fiscal e reforçar pioneirismo na regulamentação de criptomoedas e blockchain com venda de bolsa de valores
Gibraltar é um pequeno território ultramarino britânico na costa sul da Espanha. Com população de pouco mais de 33 mil pessoas, a região deve ganhar mais atenção nos próximos meses, principalmente no mercado de criptomoedas. A Bolsa de Gibraltar pode ser comprada pela Valereum, empresa especializada em blockchain.
A proposta está sendo avaliada pelas autoridades regulatórias do território. Se o negócio for aprovado, a bolsa se tornará um hub para compra e venda de criptomoedas.
Gibraltar tem um PIB de 2,4 bilhões de libras, e o setor financeiro corresponde a cerca de um terço deste montante. Apenas 82 funcionários são responsáveis por supervisionar este mercado. Mesmo assim, o território regulamentou as criptomoedas em 2014 e já emitiu licenças para 14 companhias de criptomoedas e blockchain.
O pioneirismo chamou a atenção de Richard Poulden, que escolheu o local como sede da Valereum. O projeto quer fazer o meio de campo entre as criptomoedas e as moedas tradicionais. Por enquanto, a companhia tem apenas três funcionários, mas Poulden diz que o uso da tecnologia pode afastar pessoas mal-intencionadas.
Gibraltar pode ser um território minúsculo, mas ele teve seus minutos de fama no mercado financeiro. A área tem fama de paraíso fiscal — e quer se livrar disso.
Ao jornal The Guardian, Albert Isola, ministro de entidades e serviços digitais e financeiros de Gibraltar, diz que o território reformou suas políticas de compartilhamento de informações e seu sistema tributário ao longo dos últimos 20 anos.
Para Isola, a regulamentação do mercado de cripto deve garantir segurança para os investidores e afastar contraventores. Ele ressalta que Gibraltar é um dos poucos governos a tomar essa atitude.
Tudo isso é muito bonito na teoria, mas a prática pode ser bem diferente — e aí as coisas podem ficar bem feias para o lado de Gibraltar.
De acordo com especialistas ouvidos pelo Guardian, se alguma das empresas de criptomoedas licenciadas estiver envolvida com lavagem de dinheiro, mercado negro de criminosos ou cleptocratas, o país pode enfrentar sanções econômicas ou financeiras.
Foi o que aconteceu com Malta. Por ter práticas muito brandas contra lavagem de dinheiro, o pequeno país insular no Mar Mediterrâneo está na lista do Grupo de Ação Financeira Internacional (ou FATF, na sigla em inglês). O FATF é um conjunto informal que combate a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo. Estar na lista do órgão pode ter impactos na economia do país.
Isola, porém, diz que não é o caso. Ele questiona a falta de regulação de criptomoedas em outros países europeus e ressalta que, em três anos, só 14 companhias foram aprovadas, o que demonstraria o rigor do processo.
Com informações: The Guardian