EUA fazem pressão para banir TV Box pirata, mas China prefere “deixar baixo”
Figuras públicas, como políticos e empresários, já foram flagradas usando os serviços piratas; autoridades chinesas não têm interesse nas denúncias americanas
Figuras públicas, como políticos e empresários, já foram flagradas usando os serviços piratas; autoridades chinesas não têm interesse nas denúncias americanas
Os Estados Unidos têm pressionado a China para acabar com a pirataria que parte da Ásia. Isso porque uma TV Box considerada ilegal ganhou tanto espaço em Taiwan que até grandes figuras de lá foram vistas usando. Apesar das reclamações, as autoridades chinesas preferem deixar o assunto de lado.
Há alguns anos, o Representante Comercial dos Estados Unidos (United States Trade Representative ou USTR), agência que trata do comércio externo norte-americano, descreveu a situação da pirataria em Taiwan como “desenfreada”.
O órgão, no entanto, chegou a aplaudir as emendas à lei local de direitos autorais que criminalizavam os serviços de transmissão ilegais, bem como a importação e fabricação de dispositivos que contribuíssem para o crescimento da pirataria.
Mesmo assim, tal como apontou o TorrentFreak, cerca de 30% da população taiwanesa passou a ter uma TV Box desde 2020. Dentre esse grande mercado, os dispositivos Ubox foram os grandes protagonistas.
Apresentado como um dispositivo fácil de comprar e usar, até figuras públicas, como políticos e empresários taiwaneses, foram flagradas aproveitando-o para assistir aos Jogos Olímpicos de 2021.
Fabricados pela Unblocktech na China, os aparelhos contam com uma variação do Android TV, oferecendo acesso a uma grande quantidade de filmes, séries e canais ao vivo sem cobrar uma taxa por isso.
A empresa, claro, ganhou tamanha visibilidade diante da publicidade gratuita e colocou em cheque a aplicabilidade da lei que criminalizava esse tipo de negócio.
Quem não gostou dessa crescente foram os Estados Unidos, que anualmente destaca os países violadores de seus padrões de proteção de direitos autorais — dentre eles, a China.
Em um extenso documento, um grupo de Hollywood escreveu diretamente ao USTR:
A China é a principal fonte na fabricação e exportação de dispositivos que permitem a instalação de aplicativos infratores de terceiros […]. Essa prática comercial ilegal permite que consumidores acessem conteúdo pirata.
Muitos dos serviços ilegais de IPTV enviados para o mundo inteiro estão pré-instalados em dispositivos que vêm da China. Por causa do entendimento de alguns juízes ao “princípio do servidor” […], os detentores de direitos ficaram sem um remédio [uma solução] ou, na melhor das hipóteses, com um remédio incerto.
O “princípio do servidor” descrito pelo grupo diz que a infração só existe quando o conteúdo pirata está hospedado em um servidor físico sob controle do operador do aplicativo.
Em outras palavras, as autoridades chinesas só estão preocupadas quando um crime dessa natureza ocorrer dentro de seu território.
Por ora, o fabricante da Ubox tem vendido o produto em seu estado “puro”, isto é, sem os filmes, séries ou canais ao vivo pré-instalados.
Isso, claro, mostra uma tentativa de adequação às leis taiwanesas, afinal se eles estiverem sem conteúdos piratas, estão aptos ao comércio em Taiwan — embora o dispositivo completo esteja disponível mundo afora.
Com informações: TorrentFreak