Ferramenta criada por estudante ajuda a monitorar gastos de deputados
Desenvolvida por aluno de Estatística da UFRN, página reúne pedidos de reembolso realizados desde 2009
Desenvolvida por aluno de Estatística da UFRN, página reúne pedidos de reembolso realizados desde 2009
A Lei de Acesso à Informação obriga os órgãos de governo a liberarem em seus sites dados relevantes para os cidadãos. A Câmara dos Deputados, por exemplo, exibe gastos de cada parlamentar, mas nem todas as pessoas conseguem acessá-los facilmente.
Foi pensando nisso que Rayland Magalhães, aluno de Estatística da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) criou a ferramenta disponível neste link. Ela permite visualizar de forma simples os pedidos de reembolso de cada deputado federal.
Ao Tecnoblog, o estudante afirmou que o site da Câmara peca ao exibir dados de forma isolada para o cidadão. “Uma informação só não é suficiente para ele tirar uma conclusão do que o deputado está fazendo”, opina.
Para Rayland, os órgãos públicos devem facilitar o acesso à informação. “O primeiro passo já foi dado: os dados estão abertos e qualquer um pode acessar. Precisaria desburocratizar esse acesso aos dados para que qualquer um consiga acessar de forma fácil e não precise de intermediários”.
A página conta com gráficos e destaques que indicam quanto o deputado usou de sua Cota Parlamentar durante o mandato. O valor, que cobre itens como passagens aéreas, combustível, hospedagem e alimentação, varia de acordo com o estado e chega a R$ 45.612,53 por mês para parlamentares de Roraima.
Ao digitar o nome de um deputado, a ferramenta exibe todas as suas despesas. Elas são detalhadas por ano, tipo e empresa que realizou o serviço. Há, também, um destaque que mostra como a despesa do deputado se compara com a dos demais membros da Casa.
Segundo o estudante, os pedidos de reembolso demonstram que os gastos mais comuns entre os deputados brasileiros envolvem divulgação de atividade parlamentar. Ao mesmo tempo, os gastos menos comuns são relacionados a cursos e especializações. “Isso mostra um perfil dos parlamentares que a gente está elegendo”, afirma.
O site, que conta com pedidos de reembolso realizados desde 2009, soma uma vasta quantidade de informações. “Você não consegue analisar isso numa planilha do Excel, por exemplo. São mais de 3 milhões de linhas e 50 colunas. É muita coisa, é um volume muito grande de dados e o software que o cidadão comum usa, um Excel, ainda não é capaz de analisar isso de forma fácil”, diz o estudante.
A ferramenta faz parte de um projeto de iniciação científica de Rayland na UFRN. Para coletar os dados, ele usou o pacote que seu orientador, professor Marcus Nunes, criou com a linguagem de programação R. O pacote aproveita informações coletadas pelo módulo feito em Python pela Operação Serenata de Amor, parte da iniciativa Open Knowledge Brasil.
Rayland informa que a ferramenta segue em desenvolvimento. O próximo passo envolve o uso de aprendizado de máquina para encontrar eventuais fraudes com os gastos parlamentares com pontos fora da curva.
“A ideia é criar um algoritmo de detecção de outliers que não seja supervisionado, ou seja, sem a informação de que um pedido de reembolso é fraude ou é regular, a gente quer descobrir se aquilo é uma fraude ou está dentro dos conformes”, explica.
De acordo com o estudante, a ferramenta passaria a “analisar o máximo de variáveis possíveis e ver quais são diferentes das outras, o que se destaca, o que é aberrante”. Os algoritmos de aprendizado de máquina ainda estão sendo analisados e poderão ser incluídos na ferramenta no futuro.
Com informações: UFRN.