Google queria que seu app viesse pré-instalado nos iPhones

Apple reclamou por sua parte da divisão de lucros estar crescendo em ritmo mais lento, mas não aceitou sugestão de Sundar Pichai, CEO do Google

Giovanni Santa Rosa
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Ilustração com vários iPhone 15 lado a lado (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
(Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O processo dos EUA contra o Google continua revelando informações dos bastidores do mercado de tecnologia. Nesta segunda-feira (30), documentos apresentados mostraram que Sundar Pichai, CEO da empresa, deu uma ideia à Apple: colocar o app do Google pré-instalado em todos os iPhones e iPads.

A informação consta em anotações de uma reunião realizada no fim de 2018, que contou com a presença de Pichai e Tim Cook, CEO da Apple. Cook disse que queria que as duas empresas fossem parceiras próximas. Pichai respondeu com a proposta. A ideia não foi para frente, e não se sabe como isso seria: o mesmo aplicativo que está na App Store, um widget ou uma integração com o Spotlight?

Safari no iOS (Imagem: Brett Jordan/Flickr)
Safari no iOS (Imagem: Brett Jordan/Flickr)

A sugestão de Pichai, por outro lado, tinha uma lógica bem clara. No Android, o app e o widget do Google fazem as pessoas usar mais o buscador. Se ele conseguisse o mesmo nos iPhones, seria mais dinheiro para as duas empresas. A divisão das receitas da busca não estava agradando à Apple.

“Nós dissemos que uma coisa que funcionava bem no Android, que aumenta o uso, é um app da Pesquisa do Google. Então eu propus fazer um aplicativo de busca para o iOS… e nós nos comprometeríamos a dar suporte ao produto por muitos anos”, disse Pichai, em depoimento realizado nesta segunda.

Um e-mail de 2018 escrito por Don Harrison, executivo de parcerias do Google, reforça isso. Pichai teria dito para a Apple considerar a possibilidade de sua empresa criar um app ou outro tipo de experiência que as pessoas associassem ao Google, uma marca em que elas confiavam.

Apple estava insatisfeita com acordo com Google

Nesta mesma reunião de 2018, a marca da maçã reclamou que sua parte no acordo de divisão de receitas da busca estava crescendo em um ritmo mais lento que o Google.

A empresa de buscas apontou alguns possíveis culpados, como as Sugestões da Siri, recurso que autocompleta o que o usuário digita no Spotlight com links para sites, itens da App Store e outros resultados. Isso estaria atrapalhando o uso do Google.

O Google tem um acordo com a Apple, em que paga de US$ 18 bilhões a US$ 20 bilhões para ser a ferramenta de pesquisa padrão do Safari, navegador nativo de iPhones, iPads e Macs.

Ao todo, a gigante das buscas desembolsa US$ 26,3 bilhões para estar configurada como primeira opção em várias ferramentas, como o Mozilla Firefox, o Samsung Internet e outras.

O processo contra o Google tem como principal argumento que estes contratos impedem o crescimento de outros buscadores, prejudicando o mercado, os consumidores e a inovação.

Com informações: The Verge, The Wall Street Journal

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Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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