Hacker teve acesso a mensagens internas sobre tecnologias da OpenAI

Empresa comunicou funcionários sobre acesso não autorizado, mas não revelou incidente a clientes, parceiros ou autoridades

Giovanni Santa Rosa

Um hacker acessou sistemas internos de comunicação da OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, e teve acesso a discussões sobre detalhes das tecnologias da empresa. Apesar disso, ele não conseguiu obter acesso a outros sistemas, nem a códigos dos produtos da companhia.

As informações são de duas pessoas com conhecimento do assunto, que foram ouvidas pelo jornal The New York Times. De acordo com elas, o incidente foi revelado pelos executivos da OpenAI em uma reunião geral, realizada nos escritórios de San Francisco (Estados Unidos) em abril de 2023.

Segundo as fontes, a OpenAI decidiu não compartilhar informações sobre o ataque por diversos motivos. Os executivos não trouxeram o assunto a público porque nenhuma informação de consumidores ou parceiros foi roubada. Eles acreditam que o hacker agiu sozinho, sem envolvimento com nenhum governo, o que também os levou a não comunicar o ocorrido ao FBI ou outras autoridades.

Funcionários da OpenAI temem ataques estrangeiros

Este último ponto, porém, parece ter causado alguma discórdia dentro da OpenAI. Funcionários passaram a temer que adversários dos EUA, como a China, poderiam roubar tecnologias de inteligência artificial, colocando em risco a segurança do país.

Inteligência artificial
Inteligência artificial pode representar riscos de segurança no futuro (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Leopold Aschenbrenner, então gerente técnico da OpenAI, enviou um memorando para o conselho de diretores da empresa. Ele acreditava que a companhia precisava melhorar a segurança para evitar riscos deste tipo.

Aschenbrenner foi demitido recentemente e diz acreditar que sua saída teve motivações políticas. A OpenAI nega. “Embora compartilhemos do seu compromisso em construir uma IA geral segura, discordamos de muitas acusações que ele fez desde então sobre nosso trabalho”, declarou Liz Bourgeois, porta-voz da empresa, ao NYT.

Apesar das preocupações, estudos feitos por OpenAI, Anthropic e outras empresas apontam que a IA, em seu estado atual, não representa um grande risco de segurança. Mesmo assim, existe a possibilidade de que a própria China supere os EUA no desenvolvimento da tecnologia — e ela parece cada vez mais concreta, já que o país asiático forma quase metade dos principais cientistas de IA do mundo.

Além disso, alguns especialistas acham melhor não descartar os perigos da tecnologia. “Mesmo se os piores cenários forem pouco prováveis, se eles tiverem um impacto muito grande, é nossa responsabilidade levá-los a sério”, diz Susan Rice, que foi conselheira de política interna de Barack Obama.

Com informações: The New York Times

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.