Hurb deixa hotéis sem pagamento e clientes ficam impedidos de se hospedar
Hurb admite falha em repasse aos hotéis e considera problema como "resolvido", mas empresas continuam relatando impasse com operadora de turismo
Hurb admite falha em repasse aos hotéis e considera problema como "resolvido", mas empresas continuam relatando impasse com operadora de turismo
Imagine a situação: você comprou um pacote de viagem com a Hurb, mas ao chegar no hotel foi impedido de utilizar a reserva. É o que está atormentando diversos hóspedes, que não estão sendo aceitos pelos hotéis por falta de pagamento da operadora de viagem.
Diversos hotéis começaram a avisar através das redes sociais que não aceitarão as reservas da Hurb. É o caso da Pousada Porto Amazônia e Pousada Porto de Amigos Beach, de Porto de Galinhas (PE): os estabelecimentos publicaram no Instagram que todas as reservas com a agência a partir de 11 de abril de 2023 foram canceladas por falta de pagamento.
O NovoHotell, de Recife (PE), também publicou que foi afetado pela inadimplência do Hurb. Eles dizem que a operadora de turismo não retorna os contatos, ignora os e-mails e não atende ligações.
A Pousada Boulevard, de Cabo Frio (RJ), afirma que tenta contornar o imbróglio com a Hurb desde o início do ano, mas a empresa passou a ignorar os contatos e deixou de responder ligações e e-mails.
O Tecnoblog procurou a Hurb para esclarecer os problemas. A operadora confessa que “esta não é a primeira vez que a empresa enfrenta imprevistos macroeconômicos que impactam a operação dos serviços prestados”.
Questionamos o que a operadora tem feito para solucionar os problemas de comunicação alegados pelos hotéis. A Hurb afirma que “coloca em prática um plano de ação desenvolvido especificamente para esta situação, o qual será conduzido de forma individualizada com cada parceiro de rede hoteleira”.
A operadora não respondeu se há alguma previsão de pagamento aos hotéis e restabelecimento das diárias. Em relação aos viajantes impactados, a Hurb afirma manter um setor de atendimento ao cliente que opera 24 horas para “sanar todas as dúvidas ou ajudar com qualquer imprevisto”
A Hurb também enviou uma mensagem de áudio de autoria do CEO da companhia, João Ricardo Mendes. O executivo afirma que é a terceira vez em 14 anos de companhia que houve imprevistos macroeconômicos, e que o episódio recente tem a ver com a quebra do Silicon Valley Bank e o rombo da Americanas:
“Pela terceira vez, em 14 anos de companhia, a gente teve alguns imprevistos macroeconômicos que impactaram a operação, que foram basicamente a quebra do Silicon Vale Bank e o calote que a Americanas deu nos grandes bancos. Vários bancos travaram a antecipação.
A companhia teve quase R$ 1 bilhão em caixa — para ser mais exato, R$ 800 milhões em caixa. Só que a gente parcela, para seguir a nossa proposta de fazer as pessoas viajarem. (…) Então uma parte do fluxo de caixa depende de antecipação.”
O executivo admite a culpa da Hurb no episódio:
“(…) Nesse caso foi uma condição macroeconômica, mas eu considero culpa nossa. A gente poderia ter antecipado isso, e ter antecipado com uma parte em recebíveis, a gente poderia ter feito várias coisas.”
Apesar disso, Mendes afirma ser “ok” que erros irão acontecer:
“Se a gente parar de errar, é porque a gente parou de crescer. Então toda vez que você tenta algo novo para crescer, você fazendo pela primeira vez e toda vez que você faz algo pela primeira vez, você vai errar, a não ser que você seja mágico. Então a gente arbitra numa indústria para cobrar mais barato, para fazer as pessoas viajarem, e muitas vezes a gente vai errar. O que é ok, tá?
O CEO também afirma que erros como esse irão acontecer novamente:
O ponto é que vai acontecer de novo, e se não acontecer é que aí está tá o problema. (…) Enquanto a gente tenta criar uma estratégia, uma visão coesa para companhia, a gente tem que começar com quais coisas incríveis, fáceis, que a gente tem que para oferecer ao cliente além de preço, onde a gente pode levar o cliente.
O que a gente pode fazer para tornar a experiência de viagem internacional factível para 150, 180 milhões de brasileiros e não para 3 milhões? É isso que eu penso todo dia todo santo dia então, eu não quero levar 3 milhões de pessoas. A gente já levou isso. Agora eu quero levar 10 milhões.
(…) Então, eu acho que erros vão ser cometidos, algumas pessoas vão ficar chateadas, algumas pessoas não vão saber o que estão falando, mas acho que é muito melhor do que umas coisas acontecem outras companhias, que se dizem a prova de erros e se dizem one trick pony” (expressão em inglês que se remete a algo ou alguém bom em apenas uma única coisa).
Por fim, o CEO afirma que considera o problema como “resolvido” — mesmo com hotéis alertando ainda hoje sobre a falta de pagamento da Hurb:
(…) Esse problema eu considero já resolvido, e que venha o próximo. Agora falar que a gente não vai mais cometer um erro? Putz, esquece, a gente vai cometer muitos. (…)