Institutos do Brasil e Europa assinam acordo para desenvolver RISC-V

Instituto Eldorado e Barcelona Supercomputing Center vão trabalhar juntos em projeto. RISC-V é padrão aberto e atrai interesse da indústria de tecnologia.

Giovanni Santa Rosa

O Instituto Eldorado, com sede em Campinas (SP), e o Barcelona Supercomputing Center (BSC), da Espanha, serão parceiros em um projeto para desenvolver uma unidade de aceleração para multiplicação de matrizes integrada a um processador RISC-V.

O desenvolvimento do componente visa impulsionar os limites da computação de alto desempenho (HPC, na sigla em inglês) e inteligência artificial. A multiplicação de matrizes é essencial nestes campos.

Placa com os dizeres "O futuro com RISC-V não tem limite" no RISC-V Summit 2021 (imagem: Twitter/RISC-V)
Arquitetura é aposta de empresas para competir com Arm (imagem: Twitter / RISC-V)

O documento firmado entre o Eldorado e o BSC conta com apoio de pesquisadores da Unicamp e está alinhado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A iniciativa faz parte do Programa Prioritário de Interesse Nacional PPI-Softex.

Em fevereiro, o Brasil se tornou membro premier da aliança RISC-V International, que tem Google, IBM e Qualcomm como membros fundadores e também conta com a participação de Intel, AMD, Samsung, Nvidia, Meta, Microsoft e muitas outras empresas. Sediada na Suíça, a organização sem fins lucrativos é responsável pela neutralidade do desenvolvimento da arquitetura.

RISC-V pode ser saída para depender menos da Arm

A RISC-V é uma arquitetura de processador do tipo RISC, que usa conjunto de instruções simples nas tarefas, o que resulta em maior eficiência energética. A arquitetura RISC mais importante é atualmente a Arm, de propriedade da Arm Ltd. Ela é usada por muitos dos chips de smartphone, além de estar presente em vestíveis, sistemas embarcados e grandes servidores.

Qualcomm Snapdragon 8 Gen 2, um chip Arm de 64 bits (Imagem: Giovanni Santa Rosa/Tecnoblog)
Qualcomm usa arquitetura Arm na linha de chips Snapdragon (Imagem: Giovanni Santa Rosa / Tecnoblog)

A RISC-V (pronuncia-se “risk five”) não é uma arquitetura proprietária, mas sim de código aberto, iniciada em 2010, na Universidade da Califórnia, Berkley (Estados Unidos). Assim como a Arm, ela é versátil, e pode ser usada de microcontroladores até supercomputadores. No entanto, por ser de código aberto, não depende de licenciamento.

Por isso, a RISC-V atrai tanto interesse de empresas. Em 2022, a Intel anunciou a criação de um fundo de US$ 1 bilhão para incentivar o desenvolvimento de tecnologias para semicondutores, incluindo RISC-V. Outra companhia que está de olho na arquitetura é o Google. Em 2023, a empresa prometeu aumentar a compatibilidade do Android com CPUs baseadas em RISC-V. Em ambos os casos, a intenção é depender menos da Arm e evitar os custos de licenciamento.

Com informações: TeleSíntese, Instituto Eldorado

Leia | Qual é a diferença entre as arquiteturas RISC e CISC? Saiba o que elas mudam no processador

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.