Meta quer cobrar US$ 14 para navegação sem anúncios no Instagram e Facebook

Empresa estuda proposta para se adequar a legislação da União Europeia; no entanto, ação da Meta gera polêmica por responsabilizar os usuários

Felipe Freitas
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Meta (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Meta pode fornecer versão sem anúncios das suas redes sociais — e isso não é legal (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A Meta está estudando a criação de um plano de assinatura para remover anúncios das suas redes sociais. De acordo com o Wall Street Journal, o serviço da companhia de Mark Zuckerberg pode custar entre US$ 14 e US$ 17 por mês para acabar com as propagandas na plataforma. A ideia é bem parecida com a proposta do YouTube Premium.

Apesar de ser uma opção muito bem-vinda, a ação da Meta é polêmica por jogar para os usuários a obrigação de se adequar às obrigações da GDPR, a legislação da União Europeia sobre proteção de dados em plataformas digitais. A estratégia da Meta é tentar achar uma brecha na GDPR para continuar entregando anúncios personalizados.

Tática da Meta já tem nome (e adversários): “pay or okay”

montagem com mockups do Instagram
Instagram sem anúncios entre stories pode se tornar uma realidade (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Com esse plano sem anúncios, a Meta quer se adequar às exigências da GDPR usando o argumento de que ela dá a opção dos usuários negarem o rastreio de dados para anúncios personalizados. No entanto, essa interpretação da GDPR — que é utilizada por alguns veículos de notícia — é contestada por grupos de defesa do direito de privacidade.

O mais provável é que, caso a Meta realmente apresente essa ideia, a interpretação sobre a GDPR vá para o Tribunal de Justiça Europeia. Agora, o improvável é a Meta transformar o Facebook e Instagram em um serviço pago.

Afinal, você pagaria para ver uma publicação do Luva de Pedreiro ou um story do seu amigo na balada com o som estourado? Cobrar para ver conteúdo (produzido por terceiros, sem nenhum investimento da Meta) em suas redes sociais seria a melhor campanha de detox digital da Meta.

Um dos principais grupos que protesta contra essas práticas, o noyb, contrasta o “pay or okay” (pague ou tudo bem) da Meta com a usada por veículos de notícia. Para estas empresas, o método funciona como um meio para compensar as perdas de receitas de anúncios que foram para, veja só, as redes sociais — e a assinatura paga a criação de conteúdo, enquanto nas redes sociais da Meta os influencers publicam sem ser pagos pela companhia.

A Meta resiste a entregar aos usuários a opção de desativar o rastreio por um motivo simples: sem eles, os efetivos anúncios personalizados não podem ser usados. Se a empresa realmente ofertar o “pay or okay”, veremos uma disputa judicial interessante — o direito fundamental de privacidade, como considera a UE, tem preço?

Com informações: The Wall Street Journal, The Verge e TechCrunch

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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